Au plus fort de l’orage, il y a toujours un oiseau pour nous
rassurer. Cést l’oiseau inconnu. Il chante avant de s’envoler.
rassurer. Cést l’oiseau inconnu. Il chante avant de s’envoler.
RENÉ CHAR
(Rougeur des matinaux)
(Rougeur des matinaux)
Pois é: René Char. Duvido que haja traduções nacionais mas também não faz mal. Lê-lo no original é um prazer e sempre se aprende algum francês. Acreditem ou não foi assim que comecei o meu italiano (ah Salvatore Quasímodo...) e o espanhol: briosamente a ler e tentar perceber, teimar, teimar, irritar-me e finalmente, num relâmpago, aperceber-me do milagre da palavra. No italiano, confesso que também serviram os filmes e as belíssimas mulheres que os povoavam. Partilhei com o doutor Orlando de Carvalho uma infinita e desesperada paixão pela Eleanora Rossi Drago. Ele ficou-se por aí, era mais fiel. Eu perdi-me por mais um belo quarteirão de actrizes a que nem sequer escapou a Ana Magnani. De todo o modo, o que importa é que o italiano já cá canta: ora aqui está uma coisa em que os fins justificam os meios.
Char, dizia. Um poeta imenso, uma constelação mesmo. Com Éluard, Saint John Perse, Prévert, Reverdy e mais uns quantos fez a minha felicidade como leitor.
Agora parece que faz 100 anos. Continua tão fresco como no momento em que me atrevi a comprar “fureur et mystére” numa ediçãozinha da Gallimard. Fui pelo livro e, milagre!, comprei-o há quarenta redondos anos. Agora dou-me ao luxo de ter a edição da “Pléiade”, adquirida nos anos noventa por dez brasas!
Ora bem: saiu em França um numero especial da Telerama sobre Char. Um belo número, um “hors-série” pimpão e muito ilustrado. Preço honrado, diga-se. Vai daí mandei vir uns exemplares para oferecer a uns amigos que comigo andam embarcados nesta maré alta da poesia. Um deles vai directo para o JAB. Não sei porquê mas ele é menino para ficar a gostar do Char se é que o não conhece. Saravah, J.A.B., amigo: o Char seguiu com uns livrecos a servir de contrapeso, como se dizia nos talhos de antigamente.
2 Comecei a ler uma tese de doutoramento. Não dei em maluco, não senhor, que aquilo flui como água corrente. 600 páginas sobre “António José da Silva, criação e realidade”. O seu autor? Um tal José Oliveira Barata, um desses velhos amigos possuído pelo gosto do teatro. E escreve bem, o diabo do homem! E eu que, em teses de doutoramento, só tinha apanhado valentes chatices ou melhor: coisas interessantes mas escritas com os mimosos pés dos autores: uma linguagem truculenta, a armar em carapau de corrida a fugir do escabeche, enfim, um sudário, um velório, o que queiram mas escrita é que não. Claro que o JOB escreveu um segundo volume e para aí trezentas páginas de notas que não lerei, juro. Felizmente vem quase todas no no fim e a malta assim balda-se a tais trabalhos. E as que estão em texto é dar uma olhadela oblíqua a ver se valem a pena para um leitor ignorante como eu. Em não parecendo interessantes, zás, passamo-las por alto e em frente que atrás vem gente.
O livro em dois gordos volumes traz como editor o Serviço de Documentação e Publicações da Universidade de Coimbra e data de 1985. Eu apanhei-o de borla depois de um almocinho também de borla em casa do autor. E de um arroz doce feito pela Dona Fernanda, que nem vos digo nem vos conto. Ai a minha dieta.
3 As edições Quasi são um caso! A gente de vez em quando lobriga um voluminho de poesia com o logótipo da editora mas há que procurar muito e com muita paciência. Vamos lá a ver o que a feira do livro nos traz porque estou que ardo para ler “Nenhum lugar e sempre” do Rui Namorado. Só por acaso soube do livro e na minha livraria favorita já não havia. Por uns dias vou esperar pela feira e em encontrando a barraquinha dos editores vai tudo raso. Compro o que houver, se houver. De todo o modo, cito o título porque o RN, fora ser um preguiçoso de marca registada, escreveu alguns belos poemas que muito me agradaram. Tenho o pressentimento que estes mais recentes não me irão desiludir. Pressentimento? Quase uma certeza! Saravah Rui!
A ilustração é obviamente a capa do tal número especial da Telerama. Se fosse cá trazia o Herman José... Credo!
Char, dizia. Um poeta imenso, uma constelação mesmo. Com Éluard, Saint John Perse, Prévert, Reverdy e mais uns quantos fez a minha felicidade como leitor.
Agora parece que faz 100 anos. Continua tão fresco como no momento em que me atrevi a comprar “fureur et mystére” numa ediçãozinha da Gallimard. Fui pelo livro e, milagre!, comprei-o há quarenta redondos anos. Agora dou-me ao luxo de ter a edição da “Pléiade”, adquirida nos anos noventa por dez brasas!
Ora bem: saiu em França um numero especial da Telerama sobre Char. Um belo número, um “hors-série” pimpão e muito ilustrado. Preço honrado, diga-se. Vai daí mandei vir uns exemplares para oferecer a uns amigos que comigo andam embarcados nesta maré alta da poesia. Um deles vai directo para o JAB. Não sei porquê mas ele é menino para ficar a gostar do Char se é que o não conhece. Saravah, J.A.B., amigo: o Char seguiu com uns livrecos a servir de contrapeso, como se dizia nos talhos de antigamente.
2 Comecei a ler uma tese de doutoramento. Não dei em maluco, não senhor, que aquilo flui como água corrente. 600 páginas sobre “António José da Silva, criação e realidade”. O seu autor? Um tal José Oliveira Barata, um desses velhos amigos possuído pelo gosto do teatro. E escreve bem, o diabo do homem! E eu que, em teses de doutoramento, só tinha apanhado valentes chatices ou melhor: coisas interessantes mas escritas com os mimosos pés dos autores: uma linguagem truculenta, a armar em carapau de corrida a fugir do escabeche, enfim, um sudário, um velório, o que queiram mas escrita é que não. Claro que o JOB escreveu um segundo volume e para aí trezentas páginas de notas que não lerei, juro. Felizmente vem quase todas no no fim e a malta assim balda-se a tais trabalhos. E as que estão em texto é dar uma olhadela oblíqua a ver se valem a pena para um leitor ignorante como eu. Em não parecendo interessantes, zás, passamo-las por alto e em frente que atrás vem gente.
O livro em dois gordos volumes traz como editor o Serviço de Documentação e Publicações da Universidade de Coimbra e data de 1985. Eu apanhei-o de borla depois de um almocinho também de borla em casa do autor. E de um arroz doce feito pela Dona Fernanda, que nem vos digo nem vos conto. Ai a minha dieta.
3 As edições Quasi são um caso! A gente de vez em quando lobriga um voluminho de poesia com o logótipo da editora mas há que procurar muito e com muita paciência. Vamos lá a ver o que a feira do livro nos traz porque estou que ardo para ler “Nenhum lugar e sempre” do Rui Namorado. Só por acaso soube do livro e na minha livraria favorita já não havia. Por uns dias vou esperar pela feira e em encontrando a barraquinha dos editores vai tudo raso. Compro o que houver, se houver. De todo o modo, cito o título porque o RN, fora ser um preguiçoso de marca registada, escreveu alguns belos poemas que muito me agradaram. Tenho o pressentimento que estes mais recentes não me irão desiludir. Pressentimento? Quase uma certeza! Saravah Rui!
A ilustração é obviamente a capa do tal número especial da Telerama. Se fosse cá trazia o Herman José... Credo!
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