A discussão em torno da construção do novo aeroporto de Lisboa tem-se resumido (e já não é pouco) a opções de custo económico, de impacto ambiental e de distância face à capital, submetidos a uma visão egocêntrica do poder instalado sobre o que é melhor para Lisboa e para os seus.
Lamentavelmente, a questão não é colocada da forma que deveria ser: se Lisboa precisa de um novo aeroporto, qual é a melhor solução para o país, para o seu desenvolvimento harmonioso e ordenado? O que é que se deve privilegiar como programa condutor da construção de um novo equipamento aeroportuário? O que se pretende do novo aeroporto? Que consequências para outros projectos estruturantes advêm da opção de construir o aeroporto numa determinada localização? O objectivo é fazer do novo aeroporto uma grande plataforma intercontinental, apesar de ser praticamente impossível competir com o efeito de atracção que Madrid exerce sobre a América Latina?
A resposta a estas questões deve esclarecer se o país (e o seu governo) pretende alicerçar o desenvolvimento com base num eixo sobre o Oeste e o médio Tejo (opção provável na Ota), tirando partido das suas indústrias e potencialidades naturais e de uma maior aproximação à região Centro. Se, pelo contrário, se deve privilegiar a margem Sul e o eixo sobre o norte e a costa do Alentejo e a ligação a Espanha. Se, outra alternativa, o que se deve favorecer é a atracção turística de Lisboa e da sua costa, mantendo um aeroporto o mais próximo possível da capital.
Também é importante perceber as consequências dessas opções nos investimentos já realizados ou ainda em projecto e que têm forçosamente de estar articulados com o aeroporto. Falo nomeadamente das vias rodoviárias, da rede de plataformas logísticas, dos investimentos nos portos marítimos, na rede ferroviária e na ampliação do aeroporto do Porto.
O que queremos afinal para o país? Há que pensar e projectar o futuro, tomando decisões políticas consistentes, à luz do que a Europa espera de nós e do que o futuro QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) desenha para Portugal. Não pode ser o LNEC ou uma qualquer universidade a decidir o futuro do país. A construção de um novo aeroporto exige, em primeiro lugar, visão, estudo e reflexão política. Depois, aí sim, seguem-se as decisões técnicas que decidirão sobre a melhor localização em concreto. Mas a técnica não pode vir antes da política.
Lamentavelmente, a questão não é colocada da forma que deveria ser: se Lisboa precisa de um novo aeroporto, qual é a melhor solução para o país, para o seu desenvolvimento harmonioso e ordenado? O que é que se deve privilegiar como programa condutor da construção de um novo equipamento aeroportuário? O que se pretende do novo aeroporto? Que consequências para outros projectos estruturantes advêm da opção de construir o aeroporto numa determinada localização? O objectivo é fazer do novo aeroporto uma grande plataforma intercontinental, apesar de ser praticamente impossível competir com o efeito de atracção que Madrid exerce sobre a América Latina?
A resposta a estas questões deve esclarecer se o país (e o seu governo) pretende alicerçar o desenvolvimento com base num eixo sobre o Oeste e o médio Tejo (opção provável na Ota), tirando partido das suas indústrias e potencialidades naturais e de uma maior aproximação à região Centro. Se, pelo contrário, se deve privilegiar a margem Sul e o eixo sobre o norte e a costa do Alentejo e a ligação a Espanha. Se, outra alternativa, o que se deve favorecer é a atracção turística de Lisboa e da sua costa, mantendo um aeroporto o mais próximo possível da capital.
Também é importante perceber as consequências dessas opções nos investimentos já realizados ou ainda em projecto e que têm forçosamente de estar articulados com o aeroporto. Falo nomeadamente das vias rodoviárias, da rede de plataformas logísticas, dos investimentos nos portos marítimos, na rede ferroviária e na ampliação do aeroporto do Porto.
O que queremos afinal para o país? Há que pensar e projectar o futuro, tomando decisões políticas consistentes, à luz do que a Europa espera de nós e do que o futuro QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional) desenha para Portugal. Não pode ser o LNEC ou uma qualquer universidade a decidir o futuro do país. A construção de um novo aeroporto exige, em primeiro lugar, visão, estudo e reflexão política. Depois, aí sim, seguem-se as decisões técnicas que decidirão sobre a melhor localização em concreto. Mas a técnica não pode vir antes da política.
3 comentários:
O que queremos afinal para o país? Eis uma boa questão. O problema é que sobre o aeroporto nem nos dão tempo para questionar quanto mais responder.
Está decidido, O Sr. Ministro já aceitou a regras e ditou a decisão: OTA.
Entretanto um lóbi do Porto vai avançar com um estudo, mas também já anunciou o objectivo: O novo aeroporto não pode prejudicar o aeroporto Sá Carneiro.
Como vê, parece que ninguém está preocupado com o país. São lóbis e mais lóbis e ganha o que ditar as regras.
E o país? Bom, esse pode esperar…
Muito bem Zé Carlos!
V. põe um dedo na ferida. Aliás dois. O primeiro é que refere que a decisão terá sempre contorno político.
E o segundo é que essa decisão política deve ser temperada com o interesse no desenvolvimento harmónico do país.
Eu ainda poria um terceiro: é se depois disso há ou não exequibilidade técnica e financeira.
Assim sendo, e sem tomar partido em algo que é comigo mas que me transcende por eu não ter ao meu dispor mais do que a informação veículada pela imprensa, gostaria de lembrar que contra a Ota militam -e desde sempre!!!- algumas dificuldades técnicas quais sejam a composição dos solos, o gigantismo das terraplanagens, a dificuldade em manter mais pistas e a predominância de ventos cruzados.
Mas, dando tudo isto de barato vejamos então se há opções menos caras. Parece que Alcochete (cujo terreno é do Estado, que tem potencialidade para mais pistas que, ficando a sul poderia eventualmente ser motor de realinhamento dessa zona de deserto e que não sofre dos tais ventos) deveria ser equacionado. Equacionado e não decidido. Para isso há mais itens a considerar e neles o LNEC, apesar de depender da Administração, parece dever ser consultado.
Como também se pode ainda ver a tal opção Ota mais 1. E paralelamente ver se a região norte bem mais dinâmica que a zona da ota e adjacencias poderá ter algum significado no contrapeso a este vago aeroporto.
Estou apenas a especular como cidadão que paga impostos fortes e até á data apenas tem uma vaga garantia que não lhe vão rebentar com a reforma.
O que se passou, caro Amigo, é que o projecto OTA e o TGV a ele semi-associado foram atirados á cara do pagode como factos consumados. Ora os Linos passam mas nós ficamos cá para pagar. Sem reformas espectaculares nem nada que se aproxime.
Houve autismo e arrogância no governo e nos seus porta vozes para já não falar nos "chiens de garde" solícitos e pressurosos que em coro anatemizaram as dúvidas legítimas dos cidadãos. Isto, caríssimo Amigo e Companheiro é que é insuportável. Esta malta não aceita sequer uma pergunta. E vai-se a ver Alcochete estava ali tão perto. O ministro Lino deve ser uma pessoa estimabilissima. Foi do PC? Já saiu. Fala de desertos? já quase que se desculpou. Disse coisas fortes? A gente sabe que o Jardim ainda é pior.
Todavia, caro Zé Carlos, por muito menos um ministro, em França foi mudado de ministério, passou das Finanças para o pomposo lugar do Ambiente e promovido a ministro de estado para dar uma no cravo e outra na ferradura. Todos os jornais sem excepção interpretaram isto como um puxão de orelhas e eu nem quero futurar sobre a data de despedimento do senhor Borloo. Em política, dizia o inefável e cada vez mais presente salazar, o que parece é. E o ministro Lino, pessoa estimável, como disse, não tem jeito para estas coisas. A escola do velho "partidão" marcou-o muito. O homem é autoritário quando pode e afável quando outros mais fortes assobiam. Não é o único. O meu amigo A. ex-preso político, ex-m.l. está tão zangado com o bloco de esquerda e com o pc que todos os dias arranja argumentos para convencer um pequeno grupo de discussão que Lino e Sócrates são os maiores. O diabo é que na argumentação vem sempre o ressabiamento contra alguém e não o bom senso e a boa dúvida. E é isto que o dr. Cavaco (que neste género de política de partido com maioria absoluta tem uma experiencia de muitos anos) vem mandando dizer: cuidado, calma, não criem demasiadas frentes, os cidadãos podem ser serenos mas também se fartam. E ás vezes, uma medida boa mas apressada, pode originar um buzinão na ponte. E um buzinão pode levar á queda inglória de um governo que parecia unsubmersível.
Claro, meu Amigo, que ainda aí não chegámos, Mas que algumas tolices perfeitamente evitáveis se tem cometido, disso não tenha dúvidas. Desde a tal Moreira que processa a torto e direito até à queixa do Sr. 1º Ministro para já não falar nas escorregadelas da srª Ministra da Educação que depois de apanhar em cima com um acordão tem o desplante de dizer que está pronta a repetir o disparate, ou o Sr Ministro da Saude que terá afirmado que o aborto não paga taxa moderadora, estamos perante erros que se pagam cedo ou tarde. E quer saber? Pagam-se sempre mais cedo do que pensamos.
Por isso e estando de acordo em princípio consigo sempre proponho algumas cautelas e muitos caldos de galinha no que toca a temas que só são motivo de discussão porque um ministro apressado achou que não tem que nos dizer nada.
Em política, devemos ser estratégicamente impacientes e tacticamente pacientíssimos. Eu sei que isto custa a engolir mas os resultados estão á vista desde há séculos.
Um abraço
Tenho para mim que poucos acreditarão que a nova fase que o governo anunciou para estudo da localização do aeroporto seja para levar a sério. Foi uma decisão politicamente oportuna, ditada pela conjuntura eleitoral (Lisboa) e pela Presidência comunitária
Claro que eu também penso que o correcto seria seguir a metodologia que o post e comentário do MCR preconizam. Contudo, ainda a recente reunião do Primeiro Ministro + 4 ministros com os 7 maiores construtores nacionais e com os Presidente do BPI e da CGD (não entendo a exclusão do BES) mostra a viragem para as grandes obras públicas, com a OTA (3 mil milhões de euros) e o TGV (13 mil milhões de euros) à cabeça. Está marcada uma nova reunião com para a próxima semana. Entretanto, foi criado um “Comité de Acompanhamento” com 6 elementos, sendo 3 representantes das 7 construtoras e 3 representantes do governo. Será que este comité vai ser consultado pelo LNEC?
Perante este enquadramento podemos esperar o seguinte:
1.º, o governo vai avançar em força com um novo ciclo de grandes obras públicas;
2.º, Os empreiteiros vão ajudar o governo a cumprir a promessa dos 150 mil empregos;
3.º, a banca vai continuar a engordar à custa do investimento ao betão;
4.º, o País vai continuar a afastar-se dos níveis de desenvolvimento comunitário.
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