23 junho 2007

missanga a pataco 20


A CG às compras!

É verdade leitoras “velidas" (soo aquestas avelaneiras frolidas. Ora tomem, poesia e da melhor...) isto de um cavalheiro ter mulher é por vezes muito complicado. Eu tinha, e tenho aqui guardados no quentinho, 3 textos escritos quase de rajada e motivados por cartas vossas uns e por sucessos avulsos outros. O meu problema era apenas ir publicando-os devagar, tais e quais saíram do dedinho dactilográfico. Já sei que não é dactilográfico mas dá-me jeito a palavra e enche-me de saudades da velha Underwood compra em décima mão por quinhentos mil reis. Escrevi aí os meus primeiros textos para a Vértice e mais uma série de coisas que um oportuno incêndio levou. Mas deixemos escorrer essa “furtiva lágrima” e vamos ao que interessa: a CG encasquetou na cabecinha perigosa que a televisão que tínhamos no quarto já não cumpria cabalmente o seu dever. Porque era pequena (um mastonço enorme do tempo dos afonsinos!) porque o som estava a piorar (!) ou porque era feia. Recusei estes argumentos logo de entrada. Um homem nestas coisas não pode tergiversar. Se hesita está feito ao bife. Já perdeu. Portanto eu armei-me em almirante Nelson. Não! Nada! A harmonia do casal espera que madame CG cumpra o seu dever e continue a adormecer serenamente ao cabo de um quarto de hora de televisão no quarto.
A CG, convém dizê-lo com tristeza, não tem pachorra para o mar, com ou sem almirantes. Decretou secamente que se o aparelho não era comprado pelo casal, seria comprado por ela. Para tal avisou os familiares que este ano não quer prendas pessoais mas cacau vivo, grana, massa, capim, enfim o que queiram desde que tenha circulação e seja aceite como modo de pagamento pelas senhoras peixeiras do Bolhão. Para isso eu já não tive argumentos. Ou melhor, tinha um, mas tão reles que quase não merece referência. E é este: entro com a minha parte na quete mas ai de mim se no dia 19 do próximo mês, não avanço com uma outra prenda que demonstre urbi et orbe, amor, carinho, preocupação, enfim tudo aquilo que já devia estar cumprido com a minha entrada de capital. Posso, evidentemente, chegar ali à loja dos bombons e mandar aviar um quarto da melhor doçaria da casa, e juro que não é barato. Mas se apareço camuflado atrás de bombons ou chocolates tenho para quinze dias. Para a CG, chocolates e similares são mera comida sobretudo se oferecidos em vez de...E não são, nunca por nunca, uma prenda pessoal. E como eu gosto de livros, os livros oferecidos em épocas especiais também não são prendas pessoais, idem no que toca a discos.
Prosseguindo. Hoje ao cair da tarde fomos a um hiper à procura dum estendal da roupa. O nosso está de facto a pedir reforma urgente e misericordiosa. Com a característica cautela de quem sabe o valor do dinheiro optei por um Jumbo onde saldavam televisões planas. Já que se caminha imparavelmente para a desgraça o melhor é limitar-lhe os efeitos. Como calculam, a CG nem hesitou. Viu a Samsung por que sempre sonhara e já só dali saiu com ela comprada. Para disfarçar, e à falta de um estendal decente, comprámos uma esfregona e uma caixa de tostas.
Claro que adivinham quem é que teve de montar a televisão, tirar quadros da parede, arranjar uma ligação para a antena e finalmente tentar começar a programar os canais. Enfim, quase... Naufraguei miseravelmente no segundo canal e entendi deixar para melhor ocasião essa dramática provação. O sábado de S João promete...

na gravura: Charlie Brown o moralista impiedoso e ingénuo diz o que sente ao ver o estado do mundo.Graças e muitas se dêem a Charles M. Schultz , seu criador.

3 comentários:

carteiro disse...

As mulheres são muito difíceis de aturar, MCR. Mas lá vão valendo o esforço. Por enquanto.

O meu olhar disse...

Olá MCR, então já concluiu a tarefa de sintonizar os canais? Faz muito bem em fazer feliz a sua mais que tudo. Não ligue à má-língua do Carteiro. Ora essa, as mulheres serem difíceis de aturar…

Gasolina disse...

MCR,

Estou a ver que anda com queda para as máquinas: primeiro a impressora, agora a televisão...

Prazer enorme em voltar e voltar a lê-lo.