Está na moda (folhetim em vários actos que continuará ou não nas próximas edições)
Aproveitando o título, e como também está na moda fazer prévia declaração de interesses, aqui vai: não sou magistrado, não sou fiscalista e já não sou advogado. Antes que alguém me tome por alguma res nulius devo esclarecer que faço outras coisas que me dão mais gozo do que frequentar tribunais ou lidar com impostos. Dos primeiros fujo como posso, dos segundos não. Pago o que me cabe e chamo imensos nomes pouco carinhosos ao Estado e aos seus agentes tributários.
Conheço, e dou-me bem com o dr. José António Barreiros por razões que nada têm a ver com a prática forense. Não conheço o dr. Saldanha Sanches senão de ouvir dizer. Em tempos que já lá vão segui divertido e boquiaberto a sua saga no mrpp onde, parece, foi acusado de ser o chefe da ala negra, ou seja um reaccionário dos quatro costados, um traidor à causa dos trabalhadores, um renegado, enfim o habitual.
Só quem não andou metido com partidos muito puros e revolucionários é que nunca ouviu destas. Eu mesmo tive a subida honra de ser considerado um “inimigo do partido comunista português”, acusação, há que dizê-lo, proferida por um cavalheiro do comité central e, se não estou em erro, do secretariado. Gostei! Não é todos os dias que um cavalheiro tem à perna um membro do CC do pcp. Claro que se vivêssemos num pais diferente, numa época diferente, esta qualificação poder-me-ia ter feito mal à tosse. Felizmente, estava em Portugal, depois de 74, país de brandos costumes e com um pc do tempo dos dinossáurios.
Mas deixemo-nos de circunlóquios e vamos ao que interessa. O dr. Sanches entendeu, num acesso de súbita e generosa reflexão, dizer que pela província, quiçá mesmo na capital, há muito ministério público mancomunado com o poder local pecador. E se o diz é porque tem provas, tanto mais que é casado com uma senhora procuradora geral adjunta, proveniente do mesmo meio pecador ora posto em causa pelo dr. Sanches.
Eu não ponho as mãos no fogo por ninguém , nem mesmo por mim, tá quieto ó mau, sabe-se lá se não sou sonâmbulo e ando pela casa todas as noites a fazer tropelias. É que, como as leitoras atentas sabem, sou canhoto, o que já é grave, tenho manias esquerdistóides (moderadas, muito moderadas, mas enfim...) e sou um incréu dos quatro costados. A esta serie de vícios mais ou menos públicos acrescem mais uns quantos, privados. Tudo junto, mais uma difteria que tive em pequeno, uma tuberculose de que nem dei conta, uma paixão assolapada pelo jazz e pela ópera italiana sem falar no querido Wolfgang Amadeus, deve fazer de mim uma pessoa a evitar sempre que possível.
Mas não foi a mim, oh quem dera!, que o dr. Sanches chamou nomes. Foi aos cavalheiros do ministério publico que é suposto serem “capturados” por edis maliciosos e com uma incontida ânsia de enriquecer. Parece que nas terras pequenas aquilo é um ver se avias. Eles conhecem-se todos, falam todos uns com os outros, visitam-se, jogam eventualmente a bisca, a sueca, o king uns com os outros, enfim um desparrame. Note-se que eu não falei, mas devia, de outros jogos, o burro americano, o póquer aberto, a lerpa, ai a lerpa então é terrível, e outros jogos de mau gosto e muita batota. Claro que num meio destes o vício impera, as melhores intenções desaparecem, o pecado campeia e o cacau dos contribuintes desaparece como gelo ao sol, nos bolsos sem fundo da aliança municipal-magistral.
O dr. Barreiros, que como se sabe precisa imenso de fama, coitado, anda há anos a picaretar por todo o lado, e ninguém, mas mesmo ninguém o conhece. E logo ele que adora sair na Gente, na hola, na Vanity Fair, no Playboy. Não no playboy não, o dr. Barreiros pode ser tudo o que quiserem mas como coelhinha do playboy francamente não. Deixe lá JAB, as pequenas do playboy é tudo falso, injecções aqui e ali, operações ao peito, pestanas falsas, unhas postiças, dentes de dentista, enfim um despautério.
Eu ia no dr. Barreiros. Um homem possuído pelo desejo de ser famoso, claro. E por isso mesmo, vai daí e pimba, queixa contra tudo, na procuradoria geral. Ai é? Então vai tudo raso, mas raso mesmo... terá ele dito.
O dr. Sanches espanta-se: então ele disse uma coisita de somenos e vem por aí fora o dr. Barreiros de cabelos ao vento (enfim com os cabelos que tem mais a barba mal aparada...) qual Galahad, sans peur ni reproche e estraga o arranjinho? Então uma pessoa não pode dizer umas coisitas e vem logo um tipo chatear, meter tudo no rabo, com perdão, do Procurador Geral? Então já não há liberdade de expressão, de opinião, e mesmo que não haja, não se está logo a ver que aquela gentinha na província (eu penso que a expressão província se aplica ao centro e norte do país porquanto nas terras arenosas de Além Tejo só crescem cactos e beduínos que nem sequer sabem o que é empochar uns cacaus à custa do pagode. Também é verdade que lá o pagode está reduzido a um breve grupo de indígenas que nem sabe o que quer dizer corrupção). Portanto a província é aqui, Ota e arredores, com paragem no leitão da Bairrada e nas terras do fronteiro mor Pinto da Costa (esta é para os dos sul saberem que com o fcp ninguém fanfa!). É aqui, neste vasto velhacouto de infractores, nesta Azambuja, nestas terras do Demo, que a malandragem edilicia anda de mão dada com os cavalheiros da justiça. Eu mesmo vi, com estes que a terra há-de comer, um procurador cumprimentar um edil local. E não se ficaram por aí. O procurador, falando com o outro naquele código dos amigos do alheio, terá dito: Amanhã nas Antas, até os comemos! E o representante do poder local: afinfamos meia dúzia àqueles mouros da mourama.
Está tudo dito! Tudo não porque o dr Sanches agora parece que acha que o dr. Barreiros está a armar-se em defensor dos direitos do homem, vejam lá o descaramento. T’arrenego! Sus! Para trás discípulo de Satanás!
Isto já está mais comprido (e chato) do que a espada do Afonso Henriques, pelo que para aqui o folhetim. A gente continua.
Aproveitando o título, e como também está na moda fazer prévia declaração de interesses, aqui vai: não sou magistrado, não sou fiscalista e já não sou advogado. Antes que alguém me tome por alguma res nulius devo esclarecer que faço outras coisas que me dão mais gozo do que frequentar tribunais ou lidar com impostos. Dos primeiros fujo como posso, dos segundos não. Pago o que me cabe e chamo imensos nomes pouco carinhosos ao Estado e aos seus agentes tributários.
Conheço, e dou-me bem com o dr. José António Barreiros por razões que nada têm a ver com a prática forense. Não conheço o dr. Saldanha Sanches senão de ouvir dizer. Em tempos que já lá vão segui divertido e boquiaberto a sua saga no mrpp onde, parece, foi acusado de ser o chefe da ala negra, ou seja um reaccionário dos quatro costados, um traidor à causa dos trabalhadores, um renegado, enfim o habitual.
Só quem não andou metido com partidos muito puros e revolucionários é que nunca ouviu destas. Eu mesmo tive a subida honra de ser considerado um “inimigo do partido comunista português”, acusação, há que dizê-lo, proferida por um cavalheiro do comité central e, se não estou em erro, do secretariado. Gostei! Não é todos os dias que um cavalheiro tem à perna um membro do CC do pcp. Claro que se vivêssemos num pais diferente, numa época diferente, esta qualificação poder-me-ia ter feito mal à tosse. Felizmente, estava em Portugal, depois de 74, país de brandos costumes e com um pc do tempo dos dinossáurios.
Mas deixemo-nos de circunlóquios e vamos ao que interessa. O dr. Sanches entendeu, num acesso de súbita e generosa reflexão, dizer que pela província, quiçá mesmo na capital, há muito ministério público mancomunado com o poder local pecador. E se o diz é porque tem provas, tanto mais que é casado com uma senhora procuradora geral adjunta, proveniente do mesmo meio pecador ora posto em causa pelo dr. Sanches.
Eu não ponho as mãos no fogo por ninguém , nem mesmo por mim, tá quieto ó mau, sabe-se lá se não sou sonâmbulo e ando pela casa todas as noites a fazer tropelias. É que, como as leitoras atentas sabem, sou canhoto, o que já é grave, tenho manias esquerdistóides (moderadas, muito moderadas, mas enfim...) e sou um incréu dos quatro costados. A esta serie de vícios mais ou menos públicos acrescem mais uns quantos, privados. Tudo junto, mais uma difteria que tive em pequeno, uma tuberculose de que nem dei conta, uma paixão assolapada pelo jazz e pela ópera italiana sem falar no querido Wolfgang Amadeus, deve fazer de mim uma pessoa a evitar sempre que possível.
Mas não foi a mim, oh quem dera!, que o dr. Sanches chamou nomes. Foi aos cavalheiros do ministério publico que é suposto serem “capturados” por edis maliciosos e com uma incontida ânsia de enriquecer. Parece que nas terras pequenas aquilo é um ver se avias. Eles conhecem-se todos, falam todos uns com os outros, visitam-se, jogam eventualmente a bisca, a sueca, o king uns com os outros, enfim um desparrame. Note-se que eu não falei, mas devia, de outros jogos, o burro americano, o póquer aberto, a lerpa, ai a lerpa então é terrível, e outros jogos de mau gosto e muita batota. Claro que num meio destes o vício impera, as melhores intenções desaparecem, o pecado campeia e o cacau dos contribuintes desaparece como gelo ao sol, nos bolsos sem fundo da aliança municipal-magistral.
O dr. Barreiros, que como se sabe precisa imenso de fama, coitado, anda há anos a picaretar por todo o lado, e ninguém, mas mesmo ninguém o conhece. E logo ele que adora sair na Gente, na hola, na Vanity Fair, no Playboy. Não no playboy não, o dr. Barreiros pode ser tudo o que quiserem mas como coelhinha do playboy francamente não. Deixe lá JAB, as pequenas do playboy é tudo falso, injecções aqui e ali, operações ao peito, pestanas falsas, unhas postiças, dentes de dentista, enfim um despautério.
Eu ia no dr. Barreiros. Um homem possuído pelo desejo de ser famoso, claro. E por isso mesmo, vai daí e pimba, queixa contra tudo, na procuradoria geral. Ai é? Então vai tudo raso, mas raso mesmo... terá ele dito.
O dr. Sanches espanta-se: então ele disse uma coisita de somenos e vem por aí fora o dr. Barreiros de cabelos ao vento (enfim com os cabelos que tem mais a barba mal aparada...) qual Galahad, sans peur ni reproche e estraga o arranjinho? Então uma pessoa não pode dizer umas coisitas e vem logo um tipo chatear, meter tudo no rabo, com perdão, do Procurador Geral? Então já não há liberdade de expressão, de opinião, e mesmo que não haja, não se está logo a ver que aquela gentinha na província (eu penso que a expressão província se aplica ao centro e norte do país porquanto nas terras arenosas de Além Tejo só crescem cactos e beduínos que nem sequer sabem o que é empochar uns cacaus à custa do pagode. Também é verdade que lá o pagode está reduzido a um breve grupo de indígenas que nem sabe o que quer dizer corrupção). Portanto a província é aqui, Ota e arredores, com paragem no leitão da Bairrada e nas terras do fronteiro mor Pinto da Costa (esta é para os dos sul saberem que com o fcp ninguém fanfa!). É aqui, neste vasto velhacouto de infractores, nesta Azambuja, nestas terras do Demo, que a malandragem edilicia anda de mão dada com os cavalheiros da justiça. Eu mesmo vi, com estes que a terra há-de comer, um procurador cumprimentar um edil local. E não se ficaram por aí. O procurador, falando com o outro naquele código dos amigos do alheio, terá dito: Amanhã nas Antas, até os comemos! E o representante do poder local: afinfamos meia dúzia àqueles mouros da mourama.
Está tudo dito! Tudo não porque o dr Sanches agora parece que acha que o dr. Barreiros está a armar-se em defensor dos direitos do homem, vejam lá o descaramento. T’arrenego! Sus! Para trás discípulo de Satanás!
Isto já está mais comprido (e chato) do que a espada do Afonso Henriques, pelo que para aqui o folhetim. A gente continua.
Na gravura: a prova que o dr Barreiros não dá para bunnie está patente, todavia acho que ele não desdenharia estar ali no meio. Aliás, vendo bem, não é ele disfarçado que está ao lado da bunnie escurinha? É ele, tenho a certeza! O malandro...
8 comentários:
http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1296055
"O Conselho Superior do Ministério Público decidiu hoje notificar o fiscalista Saldanha Sanches para que concretize as suas acusações de possível cumplicidade entre autarquias e o Ministério Público.
O Conselho Superior do Ministério Público (CSMP) deliberou que Saldanha Sanches deve ser ouvido para que transmita pessoalmente ou por escrito os factos de que tem conhecimento e que fundamentem as suas afirmações, de forma a que o CSMP — presidido pelo procurador-geral da República — possa, com base nessas informações, desencadear eventuais processos disciplinares ou inquéritos a magistrados do Ministério Público (MP) que tenham infringido os seus deveres.
Segundo a Lusa, que cita uma fonte do CSMP, estiveram em cima da mesa duas propostas: uma apresentada por João Correia no sentido de ser feita uma sindicância para que Saldanha Sanches fosse ouvido formalmente; e outra (que viria a ser aprovada) para que o fiscalista fosse ouvido, contactado ou notificado para concretizar as declarações proferidas publicamente.
Na próxima reunião do CSMP, marcada para o dia 21, e já na posse do testemunho de Saldanha Sanches, este órgão pretende deliberar sobre a eventual necessidade de abrir processos disciplinares a magistrados do MP com base nos indícios fornecidos."
HÁ QUEM CONSIDERE ISTO UMA «MANOBRA DE INTIMIDAÇÃO»:
http://blogoexisto.blogspot.com/2007/06/intimidao.html
SERÁ?
claro que é uma manobra de intimação, Gambosino! Está-se mesmo a ver! Ás tantas ainda põem o dr Sanches a ferros para confessar que é pedreiro livre!
Isto, já o disse, parece o pinhal da Azambuja, a Sicilia o Darfur enfim Bagdad em sexta feira 13!
E ao dr Barreiros? Deixam-no andar por aí a fazer queixinhas? Então ninguem lhe dá "uns safanões a tempo". Ai, Jesus, não querem ver que o marau ainda se escapa para as Antilhas com aquela catrefada de meninas do playboy?
Olá M.C.R.!
Para quem, como eu, deambulava por aqui em confortável anonimato, começa a ser quase um atrevimento 'vir novamente para aqui dizer coisas'. Mas, num país e numa época, em que parece que quase toda a gente tem tempo e disponibilidade para a crítica negativa... creio que é importante destacar o que se faz com arte, humor e 'classe'!
...
Ri-me, deliciada, quando li ontem a primeira vez esta sua deliciosa crónica de costumes. Reli-a e ainda gostei mais. Voltei hoje a relê-la e só posso confessar-me viciada nesta sua escrita. :)
Venha o próximo acto do folhetim!
Sorriso.
Obrigado MCR por neste dia que, sendo feriado, ainda não é o dedicado à memória da Pátria me ter surpreendido pelo menos na ideia titilante da companhia incógnita de tão patrióticas coelhinhas.
O seu post e a foto que o ilustra -pena não ser em 3D ! - vistos, regressado eu, cansado, de uma excursão profissional ao berço da nacionalidade,foram a «surprise party» da noite. Capturado pela sua inteligência e humor, aqui me tem, prevaricadoramente grato, provinciamente admirador!
...parece-me a mim, que aquelas "coelhinhas" estarão agora, entradotas...
MCR no seu melhor estilo! Quanto À matéria de fundo, já deixei um comentário mais abaixo.
MCR vintage!
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