As eleições para a Câmara Municipal de Lisboa registaram 62,6% de abstenção. Segundo alguns comentadores politólogos tão elevada abstenção deve-se à fraca qualidade dos candidatos, que não terão conseguido mobilizar as pessoas para o voto.
Será mesmo assim? O problema é mesmo dos candidatos? Será que se os partidos apresentassem outros candidatos a participação seria muito diferente?
Estou firmemente convencido que a participação seria sensivelmente a mesma. As pessoas não foram votar pela simples razão que estão cansadas da forma como se faz política neste país. As pessoas vão cada vez menos votar porque não acreditam nos políticos que têm, não acreditam na mensagem política que passam e na política que praticam tão contrária a tudo anunciam nas campanhas.
A par destas contradições temos o exercício de funções políticas em benefício de clientelas partidárias e mesmo familiares. Enfim, todo um conjunto de práticas tão contrárias ais princípios apregoados nos discursos. Ora, o povo já percebeu que o seu voto apenas serve para legitimar a partilha do bolo orçamental pelos mesmos. E mesmo que não tenha percebido completamente, já intuiu que é assim, logo recusa-se a votar.
Mas qual é a consequência da recusa em votar? Isto é, o que advém para o país se 60 ou 70% da população não votar? A resposta, como sabemos, é absolutamente nada. Não acontece absolutamente nada.
Os politólogos vão falar da fraca representatividade da vitória. Outros dirão que a democracia funcionou. Outros ainda acabarão por dizer que ganhou quem teve mais votos.
Como é que esta realidade poderia mudar? Como não acredito na regeneração dos partidos penso que a alternativa passará pela apresentação de listas de cidadãos, verdadeiramente independentes das forças partidárias, que se apresentem ao eleitorado com um programa simples e assente num compromisso de honra. Este processo não dará, certamente, o poder aos independentes, mas obrigará os partidos a reposicionarem-se, a respeitar os seus compromissos, enfim, será uma forma de voltar a dar seriedade e honradez à política.
Será mesmo assim? O problema é mesmo dos candidatos? Será que se os partidos apresentassem outros candidatos a participação seria muito diferente?
Estou firmemente convencido que a participação seria sensivelmente a mesma. As pessoas não foram votar pela simples razão que estão cansadas da forma como se faz política neste país. As pessoas vão cada vez menos votar porque não acreditam nos políticos que têm, não acreditam na mensagem política que passam e na política que praticam tão contrária a tudo anunciam nas campanhas.
A par destas contradições temos o exercício de funções políticas em benefício de clientelas partidárias e mesmo familiares. Enfim, todo um conjunto de práticas tão contrárias ais princípios apregoados nos discursos. Ora, o povo já percebeu que o seu voto apenas serve para legitimar a partilha do bolo orçamental pelos mesmos. E mesmo que não tenha percebido completamente, já intuiu que é assim, logo recusa-se a votar.
Mas qual é a consequência da recusa em votar? Isto é, o que advém para o país se 60 ou 70% da população não votar? A resposta, como sabemos, é absolutamente nada. Não acontece absolutamente nada.
Os politólogos vão falar da fraca representatividade da vitória. Outros dirão que a democracia funcionou. Outros ainda acabarão por dizer que ganhou quem teve mais votos.
Como é que esta realidade poderia mudar? Como não acredito na regeneração dos partidos penso que a alternativa passará pela apresentação de listas de cidadãos, verdadeiramente independentes das forças partidárias, que se apresentem ao eleitorado com um programa simples e assente num compromisso de honra. Este processo não dará, certamente, o poder aos independentes, mas obrigará os partidos a reposicionarem-se, a respeitar os seus compromissos, enfim, será uma forma de voltar a dar seriedade e honradez à política.
5 comentários:
quando o povo vota com os pés, a democracia adoece. Ou seja: é um péssimo sinal este de uma abstenção assim tão elevada. É que isto abre caminho(enfim, abria caminho) a outras formas de escolha dos dirigentes. Ao ver alguns dos candidatos a sorrir clamando vitória zapei velozmente. Eles ainda não perceberam em que conta são tidos pelos eleitores.
ri-me perdidamente quando li, já hoje, que o senhor Telmo Correia, em sinal de luto, deixava uma vaga chefia do grupo parlamentar. Deixou a deputação? É o deixas... que ainda teria de ir trabalhar... quanto ao caça corruptos a coisa também não vai melhor: o homenzinho põe-se em bicos de pés e prontifica-se a continuar a cruzada. Pensou nos votos que lhe fugiram? Era o que faltava. Está eleito e bonda.
no meio disto tudo parece que desta vez o dr Mendes vai para o braço de ferro. Vamos lá, percebeu alguma coisinha, pouca, mas percebeu. Negrão, não!
JSC faz aqui um retrato preocupante, a partir da elevada abstenção nas eleições de Lisboa e do excelente resultado de duas candidaturas surgidas fora dos partidos. Não disse candidaturas independentes, porque essa independência tem alguns contornos especiais - Helena Roseta militou toda a vida em partidos (PPD e PS) e teria certamente sido candidata pelo PS, assim o partido a tivesse escolhido; Carmona foi ministro e presidente do anterior executivo pelo PSD e levava como número dois Pedro Feist, um ex-CDS de sempre, que está ininterruptamente na Câmara desde os tempos de Abecassis.
É verdade que estas duas candidaturas cativaram muito eleitorado, mas temo sempre as derivas populistas dos supostos independentes - vide listas de Ferreira Torres, Isaltino, Valentim e Fátima Felgueiras nas últimas autárquicas.
Agora que os partidos (e os seus aparelhos) precisam de se corrigir e de se adaptar a novas exigências do eleitorado, lá iso é bem verdade.
Se isto não leva uma volta, estamos feitos. Qualquer dia, ninguém - a não ser os operadores da política - sai de casa para ir votar.
Quando refiro movimentos independentes de cidadãos estou a excluir todos os casos minimamente parecidos com os indicados por JCP.
Um movimento independente será um grupo de cidadãos, não vinculado a partidos, que até poderão ter opções ideológicas diversas, mas que converge num ponto: Dar dignidade à função política.
A ideia que os políticos profissionais e os candidatos a políticos profissionais (os jotas) passam é que gerir uma cidade, um município, é desenvolver grandes projectos urbanísticos, promover grandes obras, novas infraestruturas, etc.
Ora, cada vez mais, o que as pessoas precisam é de quem faça a gestão do bairro, direi mesmo, do canteiro. O que querem são bons serviços de transportes, que as ruas e os caminhos estejam limpos e transitáveis, que as escolas, as creches, os mercados, a recolhas dos lixos e todo um vasto conjunto de serviços básicos funcionem, que tenham, por fim, espaços de lazer.
Hoje a gestão de uma cidade como Lisboa, Porto, Coimbra ou outra de média dimensão passa muito por gerir os canteiros, por arrumar a casa, assegurar a manutenção das infraestruturas existentes. Se a Câmara garantir isto, com eficiência, já prestará um grande serviço à população.
Ora, nenhuma destas intervenções, seja na área da educação, da cultura, do ambiente, da mobilidade ou em outros domínios, obriga a grandes cedências ou negociações entre os membros do executivo. Exige apenas vontade de trabalhar em prol das populações e seriedade. Qualidades estas, também, cada vez mais estranhas às forças partidárias.
É por isso que entendo que UMA das vias para forçar a regeneração dos partidos passa pela criação de movimentos de cidadãos, fora do espaço partidário, que se apresentem como alternativa à gestão do poder local.
Se esses movimentos trouxerem verdade à política, ainda que o leitor mediano, como afirma MCR, continue a votar com os pés, mas votará. Agora o que se passa é que pura e simplesmente não vota, o que não impede que as maiorias se formem na mesma.
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