31 julho 2007

missanga a pataco 23


Michelangelo Antonioni*

Houve um tempo em que o cinema se fazia amorosamente, discutia conosco, implicava-nos e depois da sessão obrigava-nos a longas discussões que varavam la notte. Não vale a pena fazer la cronaca di un amore, nem lembrar l'avventura de um grupo de raparigas e rapazes que prisioneiros no seu país se evadiam graças ao cinema. Nesses dias a democracia continuava no seu longuíssimo eclipse mas lá de fora vinha-nos este cinema forte e ácido que nos temperava os humores e o desejo de um horizonte vermelho. ntonioni sem querer da-me com um filme de onde retirei a vinheta um mote para o meu passado futuro: o deserto (era) vermelho. Morreu hoje. Foi o João Tunes no seu atentíssimo blog Agualisa 6 que me deu a notícia que acabo agora de confirmar. Desculpe lá ó João mas eu primeiro nem acreditei. É muita morte para caber num só grito, esta que ora sobrevém. Antonioni estava mal, pessímo, até, já só comunicava pintando, coisas fortes, violentas que impressionavam mesmo só vistas num documentário televisivo. Já lá está em cima com Fellini, Welles, Ford ou Renoir, E com o Bergman que o antecedeu por um dia...

* jogo de palavras com filmes de Antonioni

as leitoras eos leitores desculparão a pressa destas linhas mas estou mesmo a partir. E triste apesar de começar as férias. Eu o MSP, o escultor marceneiro, estamos um pouco mais órfãos.

1 comentário:

jcp (José Carlos Pereira) disse...

MCR, o Cinema ficou mais pobre por estes dias.