22 setembro 2007

Desistir


Tudo era um silêncio absoluto.
O mundo formado de pedras,
água, luz. Imóvel.
Tudo era um inverno de silêncios,
de modo que o mistério
desvelava e ocultava sua face
sem que compreendêssemos.
Vivíamos da memória das coisas.

Hoje ao descortinar a noite,
a meia lua nítida,
os ruídos da cidade nos entraram
pelos olhos e ouvidos.
A canção nos tocou,
o poema subiu-nos à garganta.

Sair da tangência dos dias,
e vislumbrar vida.
A quem será dado o privilégio
em meio ao tempo,
às nostalgias, à memória,
de perceber a humaníssima possibilidade
de retorno ao amor?
A quem, se desistimos dele?


Silvia Chueire

2 comentários:

O meu olhar disse...

A quem? A todos, se não desistirmos dele.


Sílvia, lindíssimo este seu poema. E que força transmite!...
Um abraço

Silvia Chueire disse...

Obrigada, O Meu olhar, pela sua delicadeza comigo.

Beijos,
Silvia