15 setembro 2007

Estes dias que passam 76


De Sprinsgteen ao fado vadio,
raio de sorte a nossa

Há já muitos anos, tantos que me envergonho de os dizer (ou já não me lembro o que vem dar ao mesmo) um critico, suponho que da Rolling Stone, disse de Bruce Springsteen, por alturas da saída de “Born to Run”, que vira a face do futuro do rock. Não se enganava, claro, que o “boss” é uma máquina. Basta ouvir o disco que acabou de sair, há dias, de novo com a “E Street Band”.
Hoje vi, igualmente, a face do futuro do rugby. Em boa verdade também do passado e do presente! Vi os “all black” no jogo Portugal - Nova Zelândia. E digo vi, porque não tendo a sport tv e sabida que é a política televisiva portuguesa, pública ou privada, partilho com milhares de cidadãos essa capitis deminutio que é não poder ver uma selecção nacional a disputar um campeonato do mundo.
Já se sabe que sou um entusiasta do rugby porque já aqui o confessei. Estou contente com o pouco que consigo ver da equipa portuguesa. Hoje vi o jogo quase todo num amável restaurante de Carcavelos onde levei a minha mãe a almoçar. Enquanto ela e o tio Quim se batiam com uma dose faraónica de cozido à portuguesa, eu, de frente para um prato de jaquinzinhos com arroz de feijão regalava-me com o jogo.
A Nova Zelândia ganhou como não podia deixar de ser. Por uma diferença expressiva que todavia não envergonha os derrotados. E não envergonha porque se bateram como leões, embora a defesa tenha sido pecaminosamente frágil, há que dizê-lo. Mas o jogo teve grandeza, os neo-zelandeses não fizeram favores e, quando os portugas puderam, a coisa teve dignidade. Claro que me babei com certas jogadas dos “nossos” adversários que jogam muito e muito bonito. Tudo parece fácil com aqueles tipos. Fácil, aéreo, sereno!
No fim os jogadores portugueses aplaudiram os vencedores que por sua vez corresponderam com elegância e simpatia.
Tudo isto está a milhas desse miserável e obsceno espectáculo do futebol de há dias, do murro do senhor Scolari, das solidariedades patuscas dos jogadores que poderão jogar bem (nem por isso!...) mas só ganhariam em ficar caladinhos. Não ficaram. Igual verborreia atacou um punhado de dirigentes desportivos que acham tudo bem, tudo normal, até parece que foi o sérvio que bateu no treinador.
Parece que estas águias de voo rasante, melhor diria estes urubus, se esquecem que, mesmo no caso de provocação, o senhor treinador, devoto duma santinha nem eu sei bem donde, devia ter a presença de espírito e a dignidade (oh palavra horrível e abstrusa!) de ficar quietinho e de não dar o espectáculo que infelizmente se viu e se tem visto. Este senhor, neste jogo em particular, está a representar um país, Portugal, que lhe paga generosamente e que merece em troca ser dignificado pela boa educação do treinador nacional (insisto nacional!). Está em marcha uma campanha imbecil de desculpabilização que só nos inferioriza e sobretudo inferioriza os seus responsáveis. Não é primeira vez que se vêm cenas tristes no âmbito de uma selecção nacional. E pelo andar da carruagem vão ver-se muitas mais. Porque a histérica campanha desencadeada no sentido de absolver Scolari vai ter como frutos, cedo ou tarde, outras cenas pouco dignificantes no relvado e nesta selecção nacional. Normalmente só se pede aos jogadores pé mas convinha lembra-lhes que a cabecinha que trazem em cima dos ombros deve servir para pensar. E a carinha que acompanha a cabecinha citada deveria neste momento estar vermelha. De vergonha!
Dos dirigentes desportivos parece-me que não vale a pena falar. Já tinham mostrado de que madeira são feitos e é por estas e por outras que penso que o apito dourado é apenas a ponta mais apresentável do iceberg. E, já agora, a Portugal cabe o triste papel de Titanic.

a ilustração foi roubada ao Le Monde, meu jornal desde 1960. Bem que mereço roubar uma fotografiazinha, pas vrai, mes chers amis?

4 comentários:

Pedro disse...

Antes de mais, e quanto ao Rugby, embora nunca ter praticado esse desporto, fiquei muito satisfeito pela prestação da selecção, apesar da derrota volumosa.

Quanto ao Scolari, só pretendo fazer 1 ou 2 referências.

Primeiro, se a FPF irá ter uma mão tão pesada como teve na aplicação do castigo do jogador da Selecção de Sub-20 que, e no mundial da categoria que decorreu no Canadá, roubou o cartão ao árbitro. (Importa referir que, e apesar de termos sido prejudicados pelo árbito nesse jogo, ele até deu uma ajuda ao referir que o Scolari respondeu a uma agressão...)

Assim, como se irão ter em conta os atritos que esse senhor tem tido com os outros seleccionadores dos escalões inferiores...

Por fim, continuo-o a considerar como responsável pela derrota na final do Euro 2004, assim como os jogadores (Quando ganham ganham todos, mas quando perdem perdem igualmente todos...) e o facto de continuar a colocar jogadores fora de forma a jogar na selecção...

Cumprimentos

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Apesar do resultado não ser brilhante, tive orgulho em ver os nossos "lobos" frente aos "all blacks".
Quanto a Scolari já escrevia o que pensava, mas não posso deixar de concordar com o nosso leitor Pedro.

paulo santiago disse...

Eu estive em Lyon.Foi uma festa,
entre portugueses e,entre potugueses e neo-zelandeses.Babei-me com o ensaio,só fora do estádio
soube que fora marcado pelo Rui
Cordeiro,a explosão de alegria foi
enorme,ninguém olhou para o ecran
gigante na altura da validação.
Lendo o J.Tunes,verifico que és um
figueirense de gema,sendo assim,
fica sabendo,o Cordeiro,meu colega
nos serviços do Min.Agrc.nasceu
na Figueira e reside em Coimbra.
Abraço

M.C.R. disse...

Nós, os da larga praia somos assim, não há volta a dar-lhe: bem diz o rifão figueirense: quem não rema já remou, quem não tanoa já tanoou.
Esse Cordeiro é um leão. E o ensaio foi liiiindo de morrer.
Ó Paulo, pá, estou com uma inveja de ti, meu. em Lyon e a ver o jogo. Ah, ganda vidaça! Um abraço ao Cordeiro e outro para ti leitor Paulo que nos aturas.