25 setembro 2007

O leitor (im)penitente 19


André Gorz
No glorioso ano de 75, ano de todos os perigos para a ideia de revolução, para a minha ideia de revolução, melhor dizendo, caiu-me na mão um livro de Gorz, o primeiro, aliás: "Reforma ou revolução". Uma revelação? Tanto também não mas um livro que me permitiu arrumar algumas coisas.
Dele apenas conhecia alguns artigos, publicados, suponho, em "les temps modernes" e este livro teve uma segura importância no meu percurso.
ao longo do tempo vli mais três ou quatro livros de Gorz. Recordo este "Adieu au Proletariat" e mais tarde "Les Chemins du Paradis". Haverá mais um ou dois nas estantes cá de casa mas estes três são os que me ficaram marcados.
A gente é assim: de simpatias. E de leituras num certo tempo, num tempo certo.
Agora leio que se suicidou. A notícia apanhou-me numa manhã leve e fresca, enquanto bebia um café e me dispunha a ler o jornal na habitual esplanada ainda quase deserta mas sempre com o perdigueiro maluco a correr pelo jardim. Por um momento, por um longo momento, senti-me muito mais velho e cansado. Não sei porque se matou e, de resto, isso agora já não é relevante. Mas não deixo de me sentir desanimado, triste e cansado.

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