O Natal ronda-nos a porta e boa parte das pessoas esfrega as meninges à procura de uma ideia para sair da monotonia dos presentes sempre iguais. E, já agora, presentes não muito caros que o forno, como dizem os vizinhos do lado, não está para bolos.
Esta botica não tem grande variedade de artigos. Isto é artesanal pelo que não procurem demasiadas coisas. Para isso há os chineses, a FNAC e outras catedrais do consumo. De todo o modo não creiam que arrenego da FNAC. Era o que faltava. Volta e meia há lá belas surpresas e será por aí que começaremos.
A livralhada na FNAC é o trivial. Aquela malta arrisca pouco e não está para aturar as pequenas edições, mormente de poesia. Mas na música a coisa fia mais fino. Com sorte poder-se-ão encontrar alguns mimos e dentre eles, sempre se recomendarão algumas antologias da Callas, a inimitável. Há para todos os preços desde um duplo chamado “una voca poca fa” (Black Box BB229) até a edições completas ou quase.
Anda também por lá uma colecção “Quadromania” que, por parcos maravedis, oferece duas óperas diferentes em versão integral. Alguém me disse que ouviu o volume que traz “A sonâmbula” de Bellini e a “Lucia de Lammermoor” de Donizetti e que ficou muito agradado. Eu segui-lhe o conselho e já aprontei um presente com estes dois conjuntos.
Por menos de 50€ anda pelas mesmas paragens o caixote dos “50 ANOS da Harmonia Mundi”: soberbo!
Para voos um pouco mais altos mas ainda acessíveis (?) aí está em todo o seu esplendor a caixa com a “Integral” de Beethoven, uma produção da Brilliant Classics.
Finalizemos com a colecção “Les trésors du Jazz” (Le Chant du Monde”). O 1º “coffret” é de grande qualidade, garanto-o porque o ouvi. Aliás, tenho por hábito só recomendar o que conheço.
Abandonemos a FNAC e passemos à importação: quem resolver explorar a abeillemusique.com encontrará excelentes surpresas sobretudo nas edições “Opera Rara”. A “Opera Rara” é como o porco: aproveita-se tudo: saiu agora na colecção “Il salotto” o volume 11º : La Serenatta. Pela parte que me toca já o mandei vir.
Ando há muitos anos atrás de “kwelas”, essa música suburbana da África do Sul. Recomendo três autores de grande gabarito: Spokes Mashiyane, Hugh Masekela e Donald Kachamba. Do primeiro há um título glorioso: “King Kwela”. No mercado de 2ª mão anda pelos 90€ (!!!). Quem quiser uma introdução a esta música vigorosa procure “A long way to freedom”. Está na Amazon.fr
E agora a livralhada. Para além do imperdível “Ir para o Maneta”, um exercício de inteligência, só uma dica: “Kalevala”. Eu sei que isto parece difícil. Não é. Leiam duas páginas ao calhas e depois digam-me o que pensam. Para quem não sabe, o “Kalevala” é uma espécie de rapsódia, ou um poema constituído por centos de poemas de raiz popular. Ah, esquecia-me, é finlandês. Mas em tradução portuguesa: um doido chamado Orlando Moreira leu aquilo, espantou-se, e vai daí traduziu a coisa a partir de várias traduções em línguas menos estranhas. Eu não sei finlandês, nem o vou aprender, era o que faltava nesta idade mas há muitos anos, quase 30, caiu-me na unha uma edição deste longo poema. Em francês na edição absolutamente louvável de Jean-Louis Perret (Stock Plus, Paris 1978). E fui lendo devagar devagarinho. Acabei a leitura oito anos depois, em Murnau, entre bávaros bebedores de cerveja e malta estudante do Goethe-Institut. Conheci aí uma finlandesa (honny soit...) que primeiro espantada e depois interessada me forneceu um par de explicações sobre o autor, Elias Lönnrot. Este cavalheiro percorreu a Finlândia de lés a lés recolhendo centenas ou milhares de canções populares que depois com espírito de cerzideira uniu. O resultado é prodigioso. A editora chama-se Ministério dos Livros e começa bem, muito bem. Com estrondo. Leitores e Amigos: folheiem o livro, leiam uma ou duas páginas e façam um favor a vocês mesmos: comprem aquilo que não se arrependerão. É para ler devagar, ao sabor do acaso, com a idade esta poção só melhora. A edição é bonita, o livro vem encadernado, a letra é gorda e na tradução sente-se muito amor pela literatura. Mesmo quando (e acontece) se discorda de um ou outro termo...
Esta botica não tem grande variedade de artigos. Isto é artesanal pelo que não procurem demasiadas coisas. Para isso há os chineses, a FNAC e outras catedrais do consumo. De todo o modo não creiam que arrenego da FNAC. Era o que faltava. Volta e meia há lá belas surpresas e será por aí que começaremos.
A livralhada na FNAC é o trivial. Aquela malta arrisca pouco e não está para aturar as pequenas edições, mormente de poesia. Mas na música a coisa fia mais fino. Com sorte poder-se-ão encontrar alguns mimos e dentre eles, sempre se recomendarão algumas antologias da Callas, a inimitável. Há para todos os preços desde um duplo chamado “una voca poca fa” (Black Box BB229) até a edições completas ou quase.
Anda também por lá uma colecção “Quadromania” que, por parcos maravedis, oferece duas óperas diferentes em versão integral. Alguém me disse que ouviu o volume que traz “A sonâmbula” de Bellini e a “Lucia de Lammermoor” de Donizetti e que ficou muito agradado. Eu segui-lhe o conselho e já aprontei um presente com estes dois conjuntos.
Por menos de 50€ anda pelas mesmas paragens o caixote dos “50 ANOS da Harmonia Mundi”: soberbo!
Para voos um pouco mais altos mas ainda acessíveis (?) aí está em todo o seu esplendor a caixa com a “Integral” de Beethoven, uma produção da Brilliant Classics.
Finalizemos com a colecção “Les trésors du Jazz” (Le Chant du Monde”). O 1º “coffret” é de grande qualidade, garanto-o porque o ouvi. Aliás, tenho por hábito só recomendar o que conheço.
Abandonemos a FNAC e passemos à importação: quem resolver explorar a abeillemusique.com encontrará excelentes surpresas sobretudo nas edições “Opera Rara”. A “Opera Rara” é como o porco: aproveita-se tudo: saiu agora na colecção “Il salotto” o volume 11º : La Serenatta. Pela parte que me toca já o mandei vir.
Ando há muitos anos atrás de “kwelas”, essa música suburbana da África do Sul. Recomendo três autores de grande gabarito: Spokes Mashiyane, Hugh Masekela e Donald Kachamba. Do primeiro há um título glorioso: “King Kwela”. No mercado de 2ª mão anda pelos 90€ (!!!). Quem quiser uma introdução a esta música vigorosa procure “A long way to freedom”. Está na Amazon.fr
E agora a livralhada. Para além do imperdível “Ir para o Maneta”, um exercício de inteligência, só uma dica: “Kalevala”. Eu sei que isto parece difícil. Não é. Leiam duas páginas ao calhas e depois digam-me o que pensam. Para quem não sabe, o “Kalevala” é uma espécie de rapsódia, ou um poema constituído por centos de poemas de raiz popular. Ah, esquecia-me, é finlandês. Mas em tradução portuguesa: um doido chamado Orlando Moreira leu aquilo, espantou-se, e vai daí traduziu a coisa a partir de várias traduções em línguas menos estranhas. Eu não sei finlandês, nem o vou aprender, era o que faltava nesta idade mas há muitos anos, quase 30, caiu-me na unha uma edição deste longo poema. Em francês na edição absolutamente louvável de Jean-Louis Perret (Stock Plus, Paris 1978). E fui lendo devagar devagarinho. Acabei a leitura oito anos depois, em Murnau, entre bávaros bebedores de cerveja e malta estudante do Goethe-Institut. Conheci aí uma finlandesa (honny soit...) que primeiro espantada e depois interessada me forneceu um par de explicações sobre o autor, Elias Lönnrot. Este cavalheiro percorreu a Finlândia de lés a lés recolhendo centenas ou milhares de canções populares que depois com espírito de cerzideira uniu. O resultado é prodigioso. A editora chama-se Ministério dos Livros e começa bem, muito bem. Com estrondo. Leitores e Amigos: folheiem o livro, leiam uma ou duas páginas e façam um favor a vocês mesmos: comprem aquilo que não se arrependerão. É para ler devagar, ao sabor do acaso, com a idade esta poção só melhora. A edição é bonita, o livro vem encadernado, a letra é gorda e na tradução sente-se muito amor pela literatura. Mesmo quando (e acontece) se discorda de um ou outro termo...
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