19 novembro 2007

o gato que pesca 1


Olá a todos. Chamo-me Puff von Heinzelmann de Andrade e sou, como o nome não indica, um gato. Melhor dizendo um gatinho. Os meus hospedeiros foram buscar-me e às minhas irmãs à SPA. Eu fiquei com a CG e o mcr que me serve de dactilógrafo enquanto a Violeta e a Orquídea foram viver com a Ana, em Matosinhos num apartamento que tem mais vidro do que paredes.
Claro que vocês estarão surpreendidos com o meu nome. Em boa verdade o nome só me serve para cirandar no meio dos humanos. O meu nome de gato é, já se sabe, absolutamente impronunciável por vocês. Não é grave, nós os gatos sabemos desde sempre, que uma das vossas fraquezas é essa absoluta falta de entendimento destas coisas simples que qualquer gato sabe desde que nasceu. O meu hospedeiro propôs-me pois este nome de acordo com a mulher. Parece que Puff é um nome fácil. Assim não se esquecem quando tiverem de me pedir para vir almoçar. Por mim tudo bem se o almoço for coisa que se veja. Os hospedeiros costumam ter ideias absolutamente delirantes sobre o que um gato gosta de comer. Mas já lá iremos.
Antes disso vou explicar-vos porque falo em “hospedeiro”. Os humanos entre outros mitos igualmente pueris alimentam este: que são donos do mundo em que vivem (boa piada) e que podem ser donos de um gato. Como se um gato fosse um cão! Um gato, caros leitores, aceita um hospedeiro e é tudo. Alguém que se encarrega de o alimentar, de lhe dar uma casa, de lhe mudar a areia da retrete. Em troca disso deixamos que nos acariciem e nos forneçam material para aparar as unhas (reposteiros, sofás, maples enfim o trivial). Alguns humanos mais expeditos já perceberam isso mas, pelos vistos, não se importam: um gato dá-lhes status. O meu hospedeiro diz que um gato o faz esquecer por momentos os cavalheiros do governo. Eu deveria irritar-me mas percebo-o. Ele votou por ess a gente e agora tem vergonha.
Foi ele que teve a ideia de me convidar a escrever umas notas de quando em quando. Parece que neste blog há vários hospedeiros de outros gatos, o casal JSC-o meu olhar a dona Kamikaze, perdão Frau Kami, a administradora et j’en passe. Portanto preparem-se: volta e meia aqui virei dizer algumas coisas que nem sempre terão a ver com gatos (sequer os do senhor Fialho de Almeida) mas sobretudo com os humanos. Se em tempos houve um persa convidado a escrever umas cartas sobre os franceses do século XVIII não vejo porque é que, três séculos mais tarde, não deverá um gato, por natureza laico e pouco dado a puerilidades teológicas e salvíficas, dizer da sua justiça sobre um mundo bem menos interessante do que o da “ilustração”.
Aí ao lado poderão ver a minha fotografia. Apesar de perceber a emoção que ela pode despertar nas gatas convém dizer que só tenho dois meses e que, para já, não penso no sexo oposto. Há que dar tempo ao tempo.

Puff v.H.

7 comentários:

Silvia Chueire disse...

A pedido do meu cão, um paciente sharpei, descendente de chineses, que dispensou o uso do longo nome do pedigree, mas atende se o chamamos Bob, que fique anotado o protesto:

" Se um gato qualquer resolve escrever num blog, tudo bem, eu tenho coisas mais importantes a fazer. Mas incluir em tom desprezivo, os cães, no texto, considero uma ofensa. Esta D. Silvia já me dá trabalho suficiente, tomar conta dela cansa. Portanto que fique avisado: nenhum cão é leal por diversão, há sempre algo em troca. Porém os gatos, disfarçam, nós não. Quanto a textos, ela está incumbida de escrevê-los.
E me desculpem que há ali um bom osso, ela foi rápida."

: )

M.C.R. disse...

a pedido do Puff (acamado) eis a sua resposta ditada entre dois miados de dor: Olha, afinal ainda há sharpeis. Pensava que os tinham comido todos durante a revolução cultural. ainda bem que há um para tomar conta dessa lindíssima mulher que ainda por cima escreve tão bem. Convenhamos, porém, que um cão a que sobra pele, falta sempre qualquer coisa. Ou carne, ou osso, ou sabedoria. O osso parece que ele já tem, a carne a dona o dirá
(basta põr uma fotografia) do resto só deus sabe.
A propósito: eu não tenho pedigree: sou povo do mais povo que há. O meu hospedeiro foi buscar-me à Sociedade Protectora dos Animais. O nome que me deram é apenas responsabilidade dele e da CG.

Silvia Chueire disse...

Amanhã, minha cara, amanhã, diz-me o Bob, do alto da sua calma de onde só sai por três razões: sua aversão a gatos, a outros caninos (de porte), e sua loucura pelas fêmeas.

Amanhã, portanto estará por aqui uma sua fotografia."Hum, aí veremos quem tem carne, porte, sabedoria", acrescenta.

Bob, é daqueles sharpeis, salvos da revolução cultural (que quase extinguiu mesmo a raça) pelos americanos, tem avós chineses e pais from USA.

M.C.R. disse...

O Puff acaba de morrer. na clínica para onde o levámos e onde chegou vivo mas com 32 graus de temperatura. Um virus celerado desses que se transmitem pelo leite materno, até domingo irradiava alegria, agilidade, carinho e ronronava que parecia uma panela de pressão. Segunda ao fim do dia estava mortiço. Hoje, foi á SPA, deram-lhe um antibiótico e receitaram uma coisa para a flora intestinal Em cinco seis horas foi piorando. Estamos desfeitos. Como é possível um gatinho entrar na família em seis dias? uma das irmãs está também mal. Internada e a soro. Um gato é apenas um gato mas também uma vida indefesa. amanhã vamos adoptar outro ou outra. não para substituir mas apenas porque talvez assim nos sintamos melhor.

Silvia Chueire disse...

Ah, que coisa...Sinto muito.

Um abraço,

Silvia

M.C.R. disse...

muito obrigado. Sexta feira chegará cá a casa uma gatinha também adoptada e sem raça visivel que se chamará Kiki de Montparnasse Andrade ou Josephine Baker von Heinzelmann de Andrade.
Não vem substituir mas, apenas e só, fazer-nos o favor da sua companhia. E continuar a coluna do gato que pesca, claro. O Bob nem sabe o que aí vem...

O meu olhar disse...

Lamento muito MCR.
Um abraço