Fala do leitor contente
O menino que trazia o cão pela trela, ou melhor, o menino que o cão quase arrastava, parou à minha frente e perguntou-me: porque é que te estás a rir? - Porque estou a ler um livro muito engraçado, respondi-lhe. - É uma história? - Sim, mais ou menos. - Contas-ma? A três mesas de distância um pai embevecido ouvia esta conversa sem mover um pé que fosse para me salvar deste apuro. - Ele come bem?, perguntei-lhe, numa súbita iluminação. - Assim, assim, condescendeu o pater famílias com um sorriso amarelo. - É um castigo para comer legumes..., lamentou-se. - Ai tu não comes legumes? - Não gosto, respondeu, displicente, o do cão. E de salada? Também não.
- Ai então não te posso contar esta história porque só quem come imensa salada é que a pode ouvir.
Não sei se o convenci ou se foi o cão que apiedado de mim, resolveu puxar o seu dono. E foram para o jardim medir forças.
E eu continuei a rir-me e a ler a “Fala da criada dos Noailles que no fim de contas vamos descobrir chamar-se também Séverine numa noite do inverno de 1975 em Hyères” (porra que um título deste tamanho deixa um cristão a ofegar!).
Leitoras e leitores, não passem por este livro com indiferença. O Jorge Silva Melo, que não vejo há uns bons trinta e tal anos escreve bem, escreve inteligentemente, escreve escorreitamente, tem humor e é culto. Também é mais uma série de coisas mas agora o que me interessa é chamar a atenção para esta “pequena paródia” (JSM dixit) que é uma coisa que nos põe de bem com a literatura, com o mundo e até com ... não com a senhora da educação também seria demais. Mas pelo menos durante o breve tempo de leitura a gente até pensa que vive num país culto e eficiente. Querem mais?
A edição é dessa excelente passeriforme da família dos alaudídeos, o mesmo é dizer da Cotovia, uma editora de truz que ainda por cima tem a sede na loja que foi da antiga livraria opinião em Lisboa. Bons tempos e boas leituras... e tantos amigos...
O menino que trazia o cão pela trela, ou melhor, o menino que o cão quase arrastava, parou à minha frente e perguntou-me: porque é que te estás a rir? - Porque estou a ler um livro muito engraçado, respondi-lhe. - É uma história? - Sim, mais ou menos. - Contas-ma? A três mesas de distância um pai embevecido ouvia esta conversa sem mover um pé que fosse para me salvar deste apuro. - Ele come bem?, perguntei-lhe, numa súbita iluminação. - Assim, assim, condescendeu o pater famílias com um sorriso amarelo. - É um castigo para comer legumes..., lamentou-se. - Ai tu não comes legumes? - Não gosto, respondeu, displicente, o do cão. E de salada? Também não.
- Ai então não te posso contar esta história porque só quem come imensa salada é que a pode ouvir.
Não sei se o convenci ou se foi o cão que apiedado de mim, resolveu puxar o seu dono. E foram para o jardim medir forças.
E eu continuei a rir-me e a ler a “Fala da criada dos Noailles que no fim de contas vamos descobrir chamar-se também Séverine numa noite do inverno de 1975 em Hyères” (porra que um título deste tamanho deixa um cristão a ofegar!).
Leitoras e leitores, não passem por este livro com indiferença. O Jorge Silva Melo, que não vejo há uns bons trinta e tal anos escreve bem, escreve inteligentemente, escreve escorreitamente, tem humor e é culto. Também é mais uma série de coisas mas agora o que me interessa é chamar a atenção para esta “pequena paródia” (JSM dixit) que é uma coisa que nos põe de bem com a literatura, com o mundo e até com ... não com a senhora da educação também seria demais. Mas pelo menos durante o breve tempo de leitura a gente até pensa que vive num país culto e eficiente. Querem mais?
A edição é dessa excelente passeriforme da família dos alaudídeos, o mesmo é dizer da Cotovia, uma editora de truz que ainda por cima tem a sede na loja que foi da antiga livraria opinião em Lisboa. Bons tempos e boas leituras... e tantos amigos...
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