Há dias assim: perfeitos! Era bom, era...
Então leitorinhas gentis, que preguiçam ao sol outonal que não nos larga prenunciando, porventura, um Verão de S Martinho longo e quente a retirar ao vinho novo e às castanhas assadas o protagonismo aconchegante que elas deviam ter, querem vocês saber que descobri um primo? Um primo afastado é verdade mas primo, primíssimo e por dois lados. Á uma é quarto neto de meu trisavô Ernst Richard Heinzelmann, depois descende por outra linha de outros avoengos que se acolheram aos vastos campos do Rio Grande do Sul em tempos da invasão francesa. Aliás foi ele quem me descobriu, vá-se lá saber por que ínvios caminhos. Ou melhor, por um caminho escuso e literário. Em tempos cometi um livrinho que assinei (em homenagem a uma avó paterna e Heinzelmann e ao uma avô materno carinhoso chamado Manuel ) com o nome de Manuel Heinzelmann. Pois terá sido por aí que um brioso e simpático Luis Sérgio Heinzelmann engenheiro militar brasileiro, por ora destacado em Quito no Equador, veio à fala comigo. Milagres da internet e do blog, está bem de ver.
Mas para além deste encontro que ainda vai nos prolegómenos, hoje ocorreram coisas simples mas daquelas que nos fazem ganhar o dia. Uma, contarei noutro postal, foi uma conversa com um menino que me prometeu comer salada doravante. Outra foi o encontro sucessivo e agradável com duas raparigas bem bonitas e gentis e com três canhotos obviamente gentis como se sabe, os canhotos somos todos assim, não há volta a dar-lhe, às vezes até me custa suportar tanta perfeição, mas que querem, foi Deus ou os nossos pais, quem nos fez assim. De facto tive de ir ao Corte Inglês por via de uma massacrante impressora que se recusava a imprimir. O primeiro canhoto, um Pedro, dedicou-lhe dois inteiros dias, enfim, boa parte deles, e depois de várias derrotas humilhantes, desbaratou a miserável epson 6000 como o cornaca amansa um elefante teimoso. Como? Sendo mais teimoso do que ela. E com uns toques de mão esquerda, claro. Daí parti para a livraria do mesmo estabelecimento e confrontei-me com outra canhota, uma Nara, brasileira e bonita ainda por cima. Encomendei-lhe uns livros em espanhol e perguntei se também dava para encomendar o último e majestoso (e lindíssimo!) número da “Litoral” uma revista que é um espanto. Pois ela prontificou-se a visar-me se o “corte inglês” não pudesse servir-me, o que veio a acontecer. A rapariga estava desolada ao telefone, desculpava-se vinte vezes e solidarizava-se com o meu presumível desgosto! Daí parti para a fnac onde bebi um café servido por outra jovem irradiante de simpatia, elegante e bonita. E estava, como verifiquei, já no fim do turno, seguramente cansada. Daí parti para a secção de discos à procura dumas especialidades que não havia. A terceira canhota do dia, não desistia de procurar os discos com as escassas referências que, no momento, eu lhe fornecia. Quando fui pagar uns livros a que faço referência noutro local, apanhei com a rainha de beleza das caixas da fnac. Eu estou já velho ou, pelo menos, bastante usado mas ver não ofende e a rapariga era realmente bonita. E simpática! Convenhamos que foi uma bela tarde. É que as mais das vezes a gente apanha com umas pessoas fatigadas, tristonhas, pernósticas, que nos aceitam os maravedis por favor e nos olham com a mesma ternura com que fitam um carrasco sanguinário de arma apontada para elas. É deste Outono não há dúvida!
Logo pela manhã li que o PS tinha retirado a proposta tonta e demagógica das faltas das criancinhas escolarizadas. Ou seja, é preciso que as pessoas berrem que nem possessas para aquelas almas perceberem que andam a asneirar. Será que esta ministra entrou alguma vez numa sala de aulas? A senhora ainda não percebeu que se é verdade que o que importa é aprender e não estar autistamente especado numa sala, não menos verdade é, ou pode ser, que não pôr os pés na escola é uma quase garantia de que se não aprende nada?
Ou então esta senhora acha que a escola é uma inutilidade e que ir ou não ir às aulas é igual ao litro. Pode ser que tenha razão. Mas nesse caso, fecha as escolas, dispensa os professores e manda imprimir uns diplomas que se poderão levantar na loja do cidadão contra a entrega de uns escudos. Fica mais barato e o país progride e poupa dinheiro.
Também me diverti a ler o que se diz dos rankings escolares. Então é feio divulgar as escolas que têm sucesso? Ou é feio apenas o facto de serem privadas as que estão no topo da tabela? E, já agora, não acham que quanto ao português e à matemática se sabia, se ensinava e se aprendia mais há trinta ou quarenta anos? Não acham que a antiga quarta classe dava mais garantias que esta porrada caríssima de anos que o tal ensino básico leva?
Meus senhores comentadores: eu sou pelo ensino público. Pelo ensino, tout court. Ou seja pela possibilidade de ensinar sem se ser agredido, seja por pais ou por meninos mal educados. Pela possibilidade de dizer à criatura que não estuda que assim não vai lá. E que, assim, chumba. Chumbar quer dizer reprovar, não passar de ano com a deficiência às costas a agravar-se. Isto é difícil de entender, Exª Senhora Ministra? Vª Exª pensa que nos países ditos civilizados reina o despautério, o laxismo, a incompetência, o desgoverno, o gasto sem proveito que por cá é já endémico? Vª Exª dirá que herdou esta situação. É verdade. Herdou-a de socialistas e de sociais democratas. De uma chusma de ministros e secretários de estado que se isto fosse de factto uma empresa teriam sido despedidos ao segundo mês de exercício. E proibidos de falar de educação durante dez anos seguidos. Há demasiados anos que isto anda a naufragar. Mais precisamente desde que o Doutor Veiga Simão fez uma reformeca quando era ministro salazarista. O Doutor Veiga Simão será um cientista de mérito e um professor universitário distinto. Não duvido. Terá visto a luz depois de lealmente servir o Estado Novo. Não discuto. Mas fez aquela reforma e tudo começou aí. Claro que depois as coisas foram de mal a pior. Quem veio a seguir arreou com gana no ensino público português. Parece que pensavam que isso era democracia. Não era. Nem a democracia serve de panaceia ou muito menos de desculpa para tudo. A educação está a saque. Nenhum país rico aguenta uma situação como a que nos coube em sorte. E muito menos a despesa! A educação nacional é um Iraque do espírito, uma gonorreia imparável, uma vergonha pública. E há responsáveis.
Parem de reformar. Pensem antes de agir. Oiçam os professores! Leiam as redacções das criaturas que Vocês julgam tutelar e proteger. Vejam-lhes as contas. A tabuada, raios. Vai uma pessoa a uma loja por um jornal, um totoloto e um selo e a menina que nos atende rapa da máquina calculadora. Arre!
Lá se foi o meu dia para o raio que o partiu. E, com ele, duas, três, dez gerações de estudantes do tal básico, do tal secundário, do diabo que carregue esta gente que destroça o futuro e sai daqui incólume. Para outros lugares. Bem pagos. E com a consciência “tranquila”. Mas saberão eles o que quer dizer tranquilo? Consciência?
E não vale dizer que no ensino superior as universidades públicas são melhores que as privadas. Claro que são. Mas isso não é porque sejam especialmente boas, excepção feita a algumas excelentes escolas, mas apenas porque quase todas as privadas tem sido uma negociata, um latrocínio que só cá é que não dá cadeia, cadeia séria, cadeia sem a famosa vírgula de que já aqui se falou. E não me digam mais nada não vá eu ter de perguntar quem é que deu autorização para o funcionamento dessas “coisas” que pomposamente se auto-intitulam universidades. Não foi o ministério da Educação? O mesmo que gere as escolas “básicas” e “secundárias”? E não foram tantos e tantos professores das públicas que se lançaram que nem urubus sobre os inocentes alunos destas privadas, numa ânsia de encherem o bolso, desdobrando-se em cidades e vilas perdidas por esse país a pontos de serem conhecidos como “turbo-professores”? Será que esta gente pensa que não temos memória? Que somos ainda mais burros do que impávidos?
Ai este Outono... leitorinhas gentis. Tanto sol, tanto calor, tanto despudor...
a gravura? Hiroxima, claro. morreu hoje o aviador que deitou a bomba. nunca se arrependeu. lá como cá!
Então leitorinhas gentis, que preguiçam ao sol outonal que não nos larga prenunciando, porventura, um Verão de S Martinho longo e quente a retirar ao vinho novo e às castanhas assadas o protagonismo aconchegante que elas deviam ter, querem vocês saber que descobri um primo? Um primo afastado é verdade mas primo, primíssimo e por dois lados. Á uma é quarto neto de meu trisavô Ernst Richard Heinzelmann, depois descende por outra linha de outros avoengos que se acolheram aos vastos campos do Rio Grande do Sul em tempos da invasão francesa. Aliás foi ele quem me descobriu, vá-se lá saber por que ínvios caminhos. Ou melhor, por um caminho escuso e literário. Em tempos cometi um livrinho que assinei (em homenagem a uma avó paterna e Heinzelmann e ao uma avô materno carinhoso chamado Manuel ) com o nome de Manuel Heinzelmann. Pois terá sido por aí que um brioso e simpático Luis Sérgio Heinzelmann engenheiro militar brasileiro, por ora destacado em Quito no Equador, veio à fala comigo. Milagres da internet e do blog, está bem de ver.
Mas para além deste encontro que ainda vai nos prolegómenos, hoje ocorreram coisas simples mas daquelas que nos fazem ganhar o dia. Uma, contarei noutro postal, foi uma conversa com um menino que me prometeu comer salada doravante. Outra foi o encontro sucessivo e agradável com duas raparigas bem bonitas e gentis e com três canhotos obviamente gentis como se sabe, os canhotos somos todos assim, não há volta a dar-lhe, às vezes até me custa suportar tanta perfeição, mas que querem, foi Deus ou os nossos pais, quem nos fez assim. De facto tive de ir ao Corte Inglês por via de uma massacrante impressora que se recusava a imprimir. O primeiro canhoto, um Pedro, dedicou-lhe dois inteiros dias, enfim, boa parte deles, e depois de várias derrotas humilhantes, desbaratou a miserável epson 6000 como o cornaca amansa um elefante teimoso. Como? Sendo mais teimoso do que ela. E com uns toques de mão esquerda, claro. Daí parti para a livraria do mesmo estabelecimento e confrontei-me com outra canhota, uma Nara, brasileira e bonita ainda por cima. Encomendei-lhe uns livros em espanhol e perguntei se também dava para encomendar o último e majestoso (e lindíssimo!) número da “Litoral” uma revista que é um espanto. Pois ela prontificou-se a visar-me se o “corte inglês” não pudesse servir-me, o que veio a acontecer. A rapariga estava desolada ao telefone, desculpava-se vinte vezes e solidarizava-se com o meu presumível desgosto! Daí parti para a fnac onde bebi um café servido por outra jovem irradiante de simpatia, elegante e bonita. E estava, como verifiquei, já no fim do turno, seguramente cansada. Daí parti para a secção de discos à procura dumas especialidades que não havia. A terceira canhota do dia, não desistia de procurar os discos com as escassas referências que, no momento, eu lhe fornecia. Quando fui pagar uns livros a que faço referência noutro local, apanhei com a rainha de beleza das caixas da fnac. Eu estou já velho ou, pelo menos, bastante usado mas ver não ofende e a rapariga era realmente bonita. E simpática! Convenhamos que foi uma bela tarde. É que as mais das vezes a gente apanha com umas pessoas fatigadas, tristonhas, pernósticas, que nos aceitam os maravedis por favor e nos olham com a mesma ternura com que fitam um carrasco sanguinário de arma apontada para elas. É deste Outono não há dúvida!
Logo pela manhã li que o PS tinha retirado a proposta tonta e demagógica das faltas das criancinhas escolarizadas. Ou seja, é preciso que as pessoas berrem que nem possessas para aquelas almas perceberem que andam a asneirar. Será que esta ministra entrou alguma vez numa sala de aulas? A senhora ainda não percebeu que se é verdade que o que importa é aprender e não estar autistamente especado numa sala, não menos verdade é, ou pode ser, que não pôr os pés na escola é uma quase garantia de que se não aprende nada?
Ou então esta senhora acha que a escola é uma inutilidade e que ir ou não ir às aulas é igual ao litro. Pode ser que tenha razão. Mas nesse caso, fecha as escolas, dispensa os professores e manda imprimir uns diplomas que se poderão levantar na loja do cidadão contra a entrega de uns escudos. Fica mais barato e o país progride e poupa dinheiro.
Também me diverti a ler o que se diz dos rankings escolares. Então é feio divulgar as escolas que têm sucesso? Ou é feio apenas o facto de serem privadas as que estão no topo da tabela? E, já agora, não acham que quanto ao português e à matemática se sabia, se ensinava e se aprendia mais há trinta ou quarenta anos? Não acham que a antiga quarta classe dava mais garantias que esta porrada caríssima de anos que o tal ensino básico leva?
Meus senhores comentadores: eu sou pelo ensino público. Pelo ensino, tout court. Ou seja pela possibilidade de ensinar sem se ser agredido, seja por pais ou por meninos mal educados. Pela possibilidade de dizer à criatura que não estuda que assim não vai lá. E que, assim, chumba. Chumbar quer dizer reprovar, não passar de ano com a deficiência às costas a agravar-se. Isto é difícil de entender, Exª Senhora Ministra? Vª Exª pensa que nos países ditos civilizados reina o despautério, o laxismo, a incompetência, o desgoverno, o gasto sem proveito que por cá é já endémico? Vª Exª dirá que herdou esta situação. É verdade. Herdou-a de socialistas e de sociais democratas. De uma chusma de ministros e secretários de estado que se isto fosse de factto uma empresa teriam sido despedidos ao segundo mês de exercício. E proibidos de falar de educação durante dez anos seguidos. Há demasiados anos que isto anda a naufragar. Mais precisamente desde que o Doutor Veiga Simão fez uma reformeca quando era ministro salazarista. O Doutor Veiga Simão será um cientista de mérito e um professor universitário distinto. Não duvido. Terá visto a luz depois de lealmente servir o Estado Novo. Não discuto. Mas fez aquela reforma e tudo começou aí. Claro que depois as coisas foram de mal a pior. Quem veio a seguir arreou com gana no ensino público português. Parece que pensavam que isso era democracia. Não era. Nem a democracia serve de panaceia ou muito menos de desculpa para tudo. A educação está a saque. Nenhum país rico aguenta uma situação como a que nos coube em sorte. E muito menos a despesa! A educação nacional é um Iraque do espírito, uma gonorreia imparável, uma vergonha pública. E há responsáveis.
Parem de reformar. Pensem antes de agir. Oiçam os professores! Leiam as redacções das criaturas que Vocês julgam tutelar e proteger. Vejam-lhes as contas. A tabuada, raios. Vai uma pessoa a uma loja por um jornal, um totoloto e um selo e a menina que nos atende rapa da máquina calculadora. Arre!
Lá se foi o meu dia para o raio que o partiu. E, com ele, duas, três, dez gerações de estudantes do tal básico, do tal secundário, do diabo que carregue esta gente que destroça o futuro e sai daqui incólume. Para outros lugares. Bem pagos. E com a consciência “tranquila”. Mas saberão eles o que quer dizer tranquilo? Consciência?
E não vale dizer que no ensino superior as universidades públicas são melhores que as privadas. Claro que são. Mas isso não é porque sejam especialmente boas, excepção feita a algumas excelentes escolas, mas apenas porque quase todas as privadas tem sido uma negociata, um latrocínio que só cá é que não dá cadeia, cadeia séria, cadeia sem a famosa vírgula de que já aqui se falou. E não me digam mais nada não vá eu ter de perguntar quem é que deu autorização para o funcionamento dessas “coisas” que pomposamente se auto-intitulam universidades. Não foi o ministério da Educação? O mesmo que gere as escolas “básicas” e “secundárias”? E não foram tantos e tantos professores das públicas que se lançaram que nem urubus sobre os inocentes alunos destas privadas, numa ânsia de encherem o bolso, desdobrando-se em cidades e vilas perdidas por esse país a pontos de serem conhecidos como “turbo-professores”? Será que esta gente pensa que não temos memória? Que somos ainda mais burros do que impávidos?
Ai este Outono... leitorinhas gentis. Tanto sol, tanto calor, tanto despudor...
a gravura? Hiroxima, claro. morreu hoje o aviador que deitou a bomba. nunca se arrependeu. lá como cá!
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