As coisas não correram bem. Quando todos se preparavam para desancar no homem. Quando muitos, durante semanas, o apodaram de tirano, ditador, falseador de eleições, revolucionário, amigo de cuba e do irão, depauperardor do povo venezuelano, mestiço, inimigo da propriedade privada. O que é que sucede? Chavez perde as eleições. Pior, muito pior, Chavez reconhece que perdeu as eleições.
Pior ainda, é que perdeu as eleições por uma margem mínima. As coisas não correram bem por isto mesmo. É que todo o discurso estava artilhado para usar o argumento da grande fraude eleitoral, para dizer que ganhou porque as eleições não foram livres, que fechou televisões, que reprimiu manifestantes, que amordaçou a oposição, que o povo se absteve por medo. Que…
Afinal, Chavez perdeu. Tenho curiosidade em saber como é que o discurso dos profissionais da “crónica” se vai ajustar
Pior ainda, é que perdeu as eleições por uma margem mínima. As coisas não correram bem por isto mesmo. É que todo o discurso estava artilhado para usar o argumento da grande fraude eleitoral, para dizer que ganhou porque as eleições não foram livres, que fechou televisões, que reprimiu manifestantes, que amordaçou a oposição, que o povo se absteve por medo. Que…
Afinal, Chavez perdeu. Tenho curiosidade em saber como é que o discurso dos profissionais da “crónica” se vai ajustar
2 comentários:
De facto achei curioso o discurso dos comentadores habituais. Estava já formatado. Apenas tiveram que fazer pequenos ajustamentos e as conclusões foram as mesmas. É politicamente incorrecto não dizer mal de Hugo Chavez e aparece tudo alinhado pelo mesmo timbre. Este caso tem-me feito reflectir no sentido da democracia e no que representa a liberdade. É que a mim parece-me que são uma espécie de ilusão com a qual enchem os nossos dias para não percebermos que há ditaduras de muita espécie e nós vivemos nesta liberdade de colocar uma cruzinha no boletim de voto e depois podemos dizer mal do governo e de todos os outros detentores do poder. Agora o que eles fazem com o poder que têm… estamos conversados. E consequências? Estamos conversados.
Temos a liberdade de falar, de nos expressarmos livremente nos cafés, em casa, nos blogues. Bendita liberdade. E de que falamos? Sobretudo da agenda que é feita nos gabinetes dos políticos e que nos é transmitida aberta ou subtilmente através dos órgãos de comunicação social. E depois é tão interessante. Discute-se calorosamente durante… um dia, dois dias, na melhor das hipóteses uma semana se o assunto for verdadeiramente sério. Depois passa. Outros acontecimentos aparecem na agenda. O que eu gostaria é que existisse um jornal cujo objecto de estudo fossem as notícias de ontem, da semana passada, de há dois anos. Que noticiasse o que verdadeiramente deveria interessar ao país. Que fizesse investigação jornalista. Que fosse independente. Gostava mas não me parece possível. Porque? Porque vivemos numa liberdade muito, muito especial.
Não estou nem a defender Hugo Chavez nem dar menos valor ao facto de vivermos numa sociedade com liberdade de expressão. O que eu quero reforçar é que nem o homem é o diabo nem nós vivemos no paraíso.
Chavez perdeu. E ainda bem. Perdeu não obstante a gigantesca campanha, o domínio da "rua", as expedições punitivas à universidade, os mortos daí decorrentes, o fecho de pelo menos uma televisão (que só pode emitir por cabo) de jornais encerrados etc... tudo isso faz parte dos noticiários, incluindo os de cuba agora visiveis na tv cabo. Chavez não é o diabo claro. É apenas um aprendiz de ditador, amparado por uma doutrina "bolivariana" que aparece a intervalos e que tem a sua origem no passado confuso do líder libertador (que deixou morrer, quando não denunciou para salvar a pele) alguns companheiros (por todos Miranda) independentistas e que por milagre da história revisitada passou de branco descendente da velha oligarquia espahola a "negro" enfim, mulato ou qualquer coisa mais politicamente correcta. chavez que começou por um golpe militar falhado resolveu (como parece que acontecerá na Rússia) pedir mais mandatos do que os que a Constituição permite. Para tal precisava deste referendo. dramatizou-o tanto quanto pode. Não foi acompanhado sequer por um sector do "chavismo" assustado com a eventualidade de um salto no desconhecido. Não foi acompanhado por muito mais gente que esta vez nem foi votar. dir-se-á que quem não vota não conta. É verdade. Mas num referendo tão dramático como este era surpreende ver o número de desinteressados no futuro do país (mais de 40%!).
Comecei por dizer que Chavez perdeu. Até ao momento, sublinho,"por ahora", aceitou o resultado. Os próximos meses dirão se respeita ou não o veredicto das urnas. Eu, se fosse venezuelano, continuaria vigilante. Felizmente vivo longe e apesar de tudo a salvo destes excessos. A democracia que me ampara é fraquinha mas ainda não conheci regime melhor. E durante metade da minha vida conheci bem pior...
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