O discurso politicamente correcto, no domínio ambiental, passa por defender o consumo sustentável. É por isso que todos os políticos, de uma ponta à outra, defendem ( e bem) que o desenvolvimento económico deve compaginar-se com o equilíbrio do meio ambiente, sendo que este se materializa na alteração dos padrões de consumo; na redução e tratamento dos resíduos sólidos (lixo); no consumo racional da água; no tratamento e eventual reutilização das águas residuais (saneamento); na protecção das florestas.
Portanto, a ideia do consumo sustentável implica e determina que as pessoas, em geral, assumam uma outra atitude face ao consumo e modifiquem os seus hábitos no que respeita ao destino final do lixo ou resíduos que produzem, Digamos que o consumo sustentável implica que as pessoas se preocupem com o que acontece a montante dos bens que consomem e com o que acontece a jusante.
Ou seja, a promoção do consumo sustentável passaria por, logo na Escola, se ensinar que não se deve comprar o supérfluo e que antes de adquirir determinados bens, designadamente de consumo corrente, se deveria ter em conta os recursos naturais que foi necessário destruir para produzir esses mesmos bens, de modo a ponderar alternativas de consumo.
Ainda com a questão da ecotaxa sobre os sacos de plástico a mobilizar dirigentes políticos, que deste modo reduzem a discussão a uma questão financeira, paga taxa, não paga taxa, dei-me conta ao comprar o Público de hoje da quantidade de papel que trouxe comigo e que, porque não vou ter tempo para ler a maior parte daquilo, lá terei de mandar para a reciclagem papel e tinta que não teve qualquer utilidade.
Só para ficarem com a contabilidade, aqui vai o número de páginas que levou para casa quem comprou o Público de hoje:
Caderno principal 56
P2 24
Sup. Economia 24
Ípsilon 64
Inimigo público 12
Sexta 30
Caderno CCB 8
Caderno Worten 40
Caderno Guia Adm. Estado 116
Total de páginas 374
Claro que muitos outros jornais tiveram edições equivalentes. Amanhã, Sábado, os semanários ainda se excederão na produção de papel.
Quem é que falou em consumo sustentável? Quem é que falou em alterar hábitos de consumo? Porque não uma ecotaxa sobre os jornais? Por exemplo, por cada página acima de 30, pagava-se 10 cêntimos por página. Porquê 10 cêntimos? Porque é um número redondo, o que facilita as contas…
1 comentário:
E amanhã o Expresso vai ser outra enxurrada de papel mal gasto...
E quando se passa pela avenida AIP e se vêm todos aqueles anúncios à obra sempre meritória e exaltante da Câmara?
E a árvore de Natal, a maior do mundo, na Avenida dos Aliados?
E as filas de basbaques auto-motorizados que vão à baixa ver as luzes, a árvore "de nos devemos todos orgulhar"?
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