29 dezembro 2007

Fim d’ano

Este final de ano tem sido marcado por vários acontecimentos com grande importância para o país e para o mundo. Fico-me pelos factos a nível nacional para comentar a crise do BCP e concomitantes diatribes de Luís Filipe Menezes.

Quanto ao BCP, as últimas notícias dão conta de que Miguel Cadilhe solicitou o adiamento para domingo da entrega das listas concorrentes aos órgãos sociais. Quando se previa que a lista de Santos Ferreira (ex-presidente da CGD) fosse a única a apresentar-se à Assembleia Geral, merecendo o consenso de alguns dos principais accionistas, parece que Cadilhe vai apresentar uma lista alternativa. Mais do que uma resposta dos sectores afectos ao PSD, vejo aqui a oportunidade de alguns saudosos do BPA procederem ao ajuste de contas com os protagonistas de uma fusão que foram obrigados a aceitar, vencidos mas não convencidos. Lembram-se dessa novela? Esperemos pelos episódios que vêm aí.

No que diz respeito à lista de Santos Ferreira e à indigitação de Armando Vara para vice-presidente do BCP, não posso acreditar que isso resulte de uma intromissão do Governo e do PS. Esse seria um erro demasiado primário em que os governantes e os accionistas não podem incorrer. Para mau, já basta os muitos erros (e crimes?) cometidos pelas anteriores administrações e que fizeram cair sobre o BCP uma avalanche de acontecimentos pouco dignos de uma instituição que tinha marcado pela positiva a evolução da banca em Portugal e que tinha constituído um case-study a nível internacional.

Luís Filipe Menezes não resistiu e veio falar sobre o BCP, trazendo este tema para a arena político-partidária e esquecendo que estava a falar de um banco com accionistas privados nacionais e estrangeiros, cotado nas bolsas de Lisboa e Nova Iorque. Disse Menezes, de forma despudorada, que agora é a hora da CGD ser entregue a gente do PSD (e parece que o Governo até vai nesse sentido…).

A propósito, Menezes disse numa entrevista ao “Expresso” que ia duas vezes por semana à Câmara de Gaia. Fátima Felgueiras, quando estava “ausente” no Brasil, não ia vez nenhuma por semana à Câmara de Felgueiras. Ferreira Torres também tinha longos períodos de ausência quando presidia à autarquia de Marco de Canaveses. Contudo, todos recebem ou receberam o ordenado de autarcas por inteiro. A lei e o legislador não sabem como responder a estes chico-espertos, mas com a revisão da lei eleitoral das autarquias talvez se pudesse corrigir também estes buracos da lei.

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