Nos idos de 2004 (tanto tempo já!) L.C., um magistrado do M.P. a trabalhar no Tribunal da Relação do Porto, congregou um pequeno núcleo de gente de dentro e de fora dos tribunais num projecto a que chamaram Cordoeiros. Era um projecto ambicioso: tratava-se de criar, na blogoesfera, um espaço informativo e de de intervenção cívica, à volta de temas relativos ao direito e ao judiciário, à sociedade e à cultura. O projecto era pioneiro e durante muito tempo os Cordoeiros foi o único blog com estas características em Portugal, tendo sido palco de interessantísimos debates que captaram a atenção e o interesse das magistraturas e não só. A os Cordoeiros seguiu-se este nosso Incursões e, mais tarde, o Cum Grano Salis.
Em todos eles L.C. com o seu saber jurídico, a sua profunda sensibilidade cívica e cultural, o seu refinado gosto estético e a qualidade da sua escrita, pontuada de certeira ironia, marcou de forma indelével.
Embora já colaborasse nos Cordoeiros, foi através do Incursões que fui conhecendo melhor o L.C. e momentos houve em que a empatia gerada neste espaço virtual foi enorme. Viria a conhecê-lo pessoalmente só algum tempo depois, e se alguma coisa me surpreendeu naquele que já tanto considerava, foi a sua enorme discrição pessoal (compreendi então porque razão um magistrado de tal qualidade profissional e humana nunca estivera em lugares de especial relevo).
L.C., recentemente a gozar as delícias que o tempo livre conquistado com a reforma proporciona às pessoas que, inteligentes e cultas, sempre tiveram mais interesses que os estritamente ligados ao exercício da profissão, foi esta semana atraiçoado por uma "avaria" orgânica. Se bem que o seu estado de saúde seja delicado, acredito que a sua força interior o virá a devolver, com o mesmo ânimo, ao convívio dos amigos e familiares. Desejo profundamente que a esperança e solidariedade de quem o estima possa ajudar no encontar dessa força, pois são seguramente muitos a "torcer" por si, L.C.!
5 comentários:
Um abraço de solidariedade para L.C.
Há bastantes anos que conhecia o Lemos Costa. Tratávamo-nos por compadre. Era uma forma de estendermos uma ligação anteriormente adquirida com um amigo comum, o Valério. Tinha estado com ele na semana anterior e passeamos com um outro amigo, Gonçalo Senra., junto ao mar e lembrarmos o conto poético “Menina do Mar” de Sophia. Pedi-lhe para fazer um texto par um livro que ando a escrever. Não ficou muito convencido, mas espero ainda convencê-lo. Nada previa o sufoco com que recebi a notícia, horas depois de Lemos Costa. ser internado. Espero que recupere. Todos os dias procuro notícias: vai havendo sinais positivos e hoje já sorriu. Foi muito bom saber isto, como ler o post que Liliana aqui deixou. A memória dos afectos é a elegância das pessoas de bem! E isso não estranho em Liliana.
Se Deus existe, que se lembre deste nosso Amigo que foi sempre um Homem bom, leal e fraterno.
Espero sinceramente que O LC se recupere. Aí está uma pessoa que gostei muito de ter conhecido.
Um abraço grande,
Silvia
Caríssimo LC:
Disse-me, há dias, o compadre esteves que almoçou consigo, que perguntou por mim, e que prometeram outro almoço para breve em que eu também seria convidado. Eu disse logo ao compadre que sim, que iria, com todo o prazer que é o prazer da companhia dos dois, no caso particular da sua, porque o vejo tão pouco, que ao compadre vejo regularmente. Fico, por isso, à espera do almoço, mesmo quando é sabido que eu nunca almoço. Não é preciso apressar as coisas. Será quando tiver de ser, eu espero. Todos temos tempo. Enquanto isso, fico - ficamos todos - a torcer para que o mau momento passe.
Um abraço do carteiro
LC, desejo-lhe uma rápida recuperação e que ultrapasse esta “avaria” com a força que certamente não lhe faltará, nomeadamente através do apoio de tão bons amigos. Apesar de só ter estado consigo uma vez deu para perceber porque esta mensagem afectuosa da Liliana é tão merecida.
Um abraço
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