Os três mosqueteiros eram quatro
Creio que nenhuma leitora contestará a razoabilidade do meu título que, mais do que uma homenagem a esse homem generoso que se chamou Alexandre Dumas, vem apenas deixar uma pequenina flor na tumba do último membro da geração de 27.
Refiro-me, claro, à geração de Lorca, Buñuel e Dali e à famosa “Residencia de Estudiantes”, em Madrid, ponto de encontro de uma plêiade de intelectuais onde não faltam Cernuda, Salinas, Neruda, Alberti e sei lá quem mais. De longe em longe, de muito longe em longe, aliás, acontece um milagre destes. Convenhamos que aqui tão perto, e tão longe ao mesmo tempo, é obra. Portugal assistira no meio da geral indiferença ao eclodir da geração do “Orfeu” que passou despercebida até bem tarde e que nos anos trinta estava esquecida e enterrada sob o manto espesso de uma literatura semi-oficial e subserviente. Em Madrid (mas também em Sevilha, Valência, Granada ou Barcelona) os tempos eram clementes para a criação artística e literária. E o público, que o havia e não era escasso, reconhecia e reconhecia-se nessa geração impetuosa que só por si teria justificado uma Espanha nova e viva.
Morreu ontem, sexta feira, aos 103 anos (bonita idade) José Bello Lasierra, Pepín, o amigo íntimo, o cúmplice, o defensor dedicado, desse grupo de amigos de que ele, “sem ser poeta nem pintor (Buñuel), foi um dos pilares.
É extremamente difícil pensar a geração e a maneira de estar de alguns dos seus mais destacados membros sem recorrer ao incontornável Pepín. Para além de se lhe poderem seguramente atribuir algumas das trouvailles surrealistas do cão andaluz e de ter sido um dos mentores da homenagem a Luis de Gôngora em Sevilha, sabe-se que era à volta dele que se reuniram as estrelas da casa!!! Centenas de cartas de e para ele forneceram e ainda fornecem pistas interessantíssimas e entusiasmantes para o estudo da geração e sobretudo dos “residentes”. A permanente disponibilidade de Pepín, a excelente memória que nunca perdeu tornaram-no uma testemunha imprescindível e generosa a que recorreram quase todos, senão todos, os estudiosos. Aliás foi até à sua morte presidente de honra da Asociación de Amigos da la Residência de Estudiantes e era Amigo e Bienhechor de la Institución Libre de Enseñanza, hoje Fundación Francisco Giner de los Rios.
Na fotografia: da esquerda para a direita: de pé ao fundo, Lorca (6º), Buñuel (8º) Alberti (10º) Neruda (13º). Sentados Maria Teresa León (6ª) mais tarde mulher de Alberti. À frente, Pepín (3º)
Creio que nenhuma leitora contestará a razoabilidade do meu título que, mais do que uma homenagem a esse homem generoso que se chamou Alexandre Dumas, vem apenas deixar uma pequenina flor na tumba do último membro da geração de 27.
Refiro-me, claro, à geração de Lorca, Buñuel e Dali e à famosa “Residencia de Estudiantes”, em Madrid, ponto de encontro de uma plêiade de intelectuais onde não faltam Cernuda, Salinas, Neruda, Alberti e sei lá quem mais. De longe em longe, de muito longe em longe, aliás, acontece um milagre destes. Convenhamos que aqui tão perto, e tão longe ao mesmo tempo, é obra. Portugal assistira no meio da geral indiferença ao eclodir da geração do “Orfeu” que passou despercebida até bem tarde e que nos anos trinta estava esquecida e enterrada sob o manto espesso de uma literatura semi-oficial e subserviente. Em Madrid (mas também em Sevilha, Valência, Granada ou Barcelona) os tempos eram clementes para a criação artística e literária. E o público, que o havia e não era escasso, reconhecia e reconhecia-se nessa geração impetuosa que só por si teria justificado uma Espanha nova e viva.
Morreu ontem, sexta feira, aos 103 anos (bonita idade) José Bello Lasierra, Pepín, o amigo íntimo, o cúmplice, o defensor dedicado, desse grupo de amigos de que ele, “sem ser poeta nem pintor (Buñuel), foi um dos pilares.
É extremamente difícil pensar a geração e a maneira de estar de alguns dos seus mais destacados membros sem recorrer ao incontornável Pepín. Para além de se lhe poderem seguramente atribuir algumas das trouvailles surrealistas do cão andaluz e de ter sido um dos mentores da homenagem a Luis de Gôngora em Sevilha, sabe-se que era à volta dele que se reuniram as estrelas da casa!!! Centenas de cartas de e para ele forneceram e ainda fornecem pistas interessantíssimas e entusiasmantes para o estudo da geração e sobretudo dos “residentes”. A permanente disponibilidade de Pepín, a excelente memória que nunca perdeu tornaram-no uma testemunha imprescindível e generosa a que recorreram quase todos, senão todos, os estudiosos. Aliás foi até à sua morte presidente de honra da Asociación de Amigos da la Residência de Estudiantes e era Amigo e Bienhechor de la Institución Libre de Enseñanza, hoje Fundación Francisco Giner de los Rios.
Na fotografia: da esquerda para a direita: de pé ao fundo, Lorca (6º), Buñuel (8º) Alberti (10º) Neruda (13º). Sentados Maria Teresa León (6ª) mais tarde mulher de Alberti. À frente, Pepín (3º)
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