Normalmente quem escreve num blog, começa por escrever o texto fora, corrige-o e depois publica-o. Evitam-se repetições, erros, enfim as habituais tropelias da escrita rápida. Todavia, hoje este texto sai directo para o blog, sem rede, em sobressalto, indignado, como se deve.
Passam seis anos, cerca dois mil e duzentos dias, e duas mil e duzentas noites, que Ingrid Betencourt está prisioneira das FARC. Da auto proclamada Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.
Este grupo criminoso que resiste no interior da selva colombiana vive de expedientes, todos eles infamíssimos. Da lavoura, produção e comercialização da droga, dos resgates dos raptos, da exploração impiedosa dos pobres camponeses que vivem na sua zona de influência. Tudo isto à sombra de uma "revolução popular" que já custou dezenas de milhares de mortos e que nunca, antes pelo contrário, venceu a direita colombiana, que também dispõe dos eus gangsters, nem sequer melhorou um milímetro que fosse a vida de um único colombiano. Minto: se alguém vive bem, coisa de que mesmo assim duvido, serão os chefes da guerrilha e os seus apaniguados escondidos nas cidades com o fito de indicar à tropa "revolucionária" alvos para raptos que dêm chorudos resgates.
Ingrid Betencourt tem contra ela o facto de ter sido candidata à presidencia da república, de ser mulher, de ter ligações com o estrangeiro onde oseu rapto concedeu ao bando criminoso uma aura imerecida.
Estou farto de protestar, abaixo-assinar textos em que se reclama às FARC (como se elas fossem dignas de receber uma carta de uma pessoa honrada, de esquerda e com algum pequeno passado de resistência).
Estou farto de assistir ao vergonhoso espectáculo dado pelos resquícios políticos de partidos que se auto-intulam de esquerda e que convidam as FARC, fazem a sua apologia, distribuem os seus comunicados e se babam à simples menção do nome do seu chefe, um ex-padre conhecido por "Tiro fijo".
Estou farto de ver que ninguém condena esta gentuça que, do conforto da vidinha num país democrático, apoia freneticamente os gangsters da selva colombiana.
É preciso começar a considerar estes canalhas como cumplices objectivos das FARC, do mercado da droga, dos raptos por dinheiro, dos assassinatos, da exploração selvagem dos camponeses colombianaos.
Estou farto dos políticos que apoiam os apoiantes das FARC e só lamento que por um pequeno momento algum filho, neto ou familiar não seja vítima dos métodos revolucionários que fazem fremir as carnes pecadoras destes cavalheiros bem educados e ocidentais. Reparem que disse por um pequeno momento. Porque isso talvez bastasse para os dissuadir do apoio aos criminosos, aos seus amigos e cúmplices. Talvez isolasse um pouco os gangsters, talvez os fizesse compreender o que está em causa.
E o que está em causa é apenas a dignidade do homem, os direitos humanos, a liberdade. São apenas palavras, sei-o bem mas de vez em quando há que usá-las. Para nos lembrarmos de quem somos, do que somos, do que fomos e do que, com dificuldade e alguma melancolia, quisemos quando nos juntávamos sob o signo amável e generoso da revolução.
sur l'absence sans désir...
sur le risque disparu...
sur l'espoir sans souvenir...
j'ecrits ton nom...
liberté
Vosso, como sempre
d'Oliveira
títlo e versos finais recolhidos de um poema de Paul Éluard
Passam seis anos, cerca dois mil e duzentos dias, e duas mil e duzentas noites, que Ingrid Betencourt está prisioneira das FARC. Da auto proclamada Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.
Este grupo criminoso que resiste no interior da selva colombiana vive de expedientes, todos eles infamíssimos. Da lavoura, produção e comercialização da droga, dos resgates dos raptos, da exploração impiedosa dos pobres camponeses que vivem na sua zona de influência. Tudo isto à sombra de uma "revolução popular" que já custou dezenas de milhares de mortos e que nunca, antes pelo contrário, venceu a direita colombiana, que também dispõe dos eus gangsters, nem sequer melhorou um milímetro que fosse a vida de um único colombiano. Minto: se alguém vive bem, coisa de que mesmo assim duvido, serão os chefes da guerrilha e os seus apaniguados escondidos nas cidades com o fito de indicar à tropa "revolucionária" alvos para raptos que dêm chorudos resgates.
Ingrid Betencourt tem contra ela o facto de ter sido candidata à presidencia da república, de ser mulher, de ter ligações com o estrangeiro onde oseu rapto concedeu ao bando criminoso uma aura imerecida.
Estou farto de protestar, abaixo-assinar textos em que se reclama às FARC (como se elas fossem dignas de receber uma carta de uma pessoa honrada, de esquerda e com algum pequeno passado de resistência).
Estou farto de assistir ao vergonhoso espectáculo dado pelos resquícios políticos de partidos que se auto-intulam de esquerda e que convidam as FARC, fazem a sua apologia, distribuem os seus comunicados e se babam à simples menção do nome do seu chefe, um ex-padre conhecido por "Tiro fijo".
Estou farto de ver que ninguém condena esta gentuça que, do conforto da vidinha num país democrático, apoia freneticamente os gangsters da selva colombiana.
É preciso começar a considerar estes canalhas como cumplices objectivos das FARC, do mercado da droga, dos raptos por dinheiro, dos assassinatos, da exploração selvagem dos camponeses colombianaos.
Estou farto dos políticos que apoiam os apoiantes das FARC e só lamento que por um pequeno momento algum filho, neto ou familiar não seja vítima dos métodos revolucionários que fazem fremir as carnes pecadoras destes cavalheiros bem educados e ocidentais. Reparem que disse por um pequeno momento. Porque isso talvez bastasse para os dissuadir do apoio aos criminosos, aos seus amigos e cúmplices. Talvez isolasse um pouco os gangsters, talvez os fizesse compreender o que está em causa.
E o que está em causa é apenas a dignidade do homem, os direitos humanos, a liberdade. São apenas palavras, sei-o bem mas de vez em quando há que usá-las. Para nos lembrarmos de quem somos, do que somos, do que fomos e do que, com dificuldade e alguma melancolia, quisemos quando nos juntávamos sob o signo amável e generoso da revolução.
sur l'absence sans désir...
sur le risque disparu...
sur l'espoir sans souvenir...
j'ecrits ton nom...
liberté
Vosso, como sempre
d'Oliveira
títlo e versos finais recolhidos de um poema de Paul Éluard
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