Há muito que ando para expressar a minha opinião sobre o que se está a passar nas primárias para as eleições dos Estados Unidos. Contrariamente à “onda” que se instalou naquele país e também na opinião “vinculante” da Europa, eu, se fosse americana, não optaria por Obama em detrimento de Hillary Clinton, de forma alguma. E até tenho alguma dificuldade em entender o que se passa, sendo que a única explicação que encontrei até agora foi a força da imagem sobre o conteúdo. Poucos sabem ou se interessam verdadeiramente em saber quais as propostas de Obama. Interessam mais a imagem que fica reforçada por frases tocantes e empolgantes. Melhor dizendo, palha embrulhada na imagem de mudança.
Ora hoje, no Diário Económico, li um artigo que me encheu as medidas sobre esta questão. O título que acima se apresenta “A ilusão de Obama” e o seu autor é João Marques de Almeida. Nele o autor responde à pergunta, que ele próprio formula, de saber porque é que “a maioria dos europeus apoia o candidato culturalmente mais próximo de Bush” e “que dá menos importância à Europa”. A quem interessar, o artigo pode ser lido aqui.
11 fevereiro 2008
A ilusão Obama
Marcadores: O meu olhar, política
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3 comentários:
Cara amiga
confesso-me surpreendido pelo seu entusiasmo com o artigo que refere.
A começar pela referencia de JMA a Giuliani que já nem sequer é candidato a candidato... Para doutorado em relações internacionais, o jovem Almeida deixa a desejar.
O artigo, que reproduz vários saídos na passada semana (e chamo a atenção para textos do Le monde e El país sobre o assunto da facilidade demonstrada por Obama em obter consensos) falha estrondosamente uma segunda vez quando confunde a sua visibilidade em Estados ditos republicanos com apoio de republicanos.
O que acontece é que nesses Estados os democratas tem preferido apoiar Obama por considerarem que ele pode ganhar a Mc Cain (para já não falar no pastor mormon) ao contrário de todas (repito: todas) as projecções sobre o duelo Clinton / Mc Cain.
esses democratas conhecem o sistema republicano de gingeira e é por isso seguramente que se querem ver livres dele . A menos que consideremos que os democratas destes Estados são menos esclarecidos que os da Florida ou da Califórnia ou do Texas...(por acaso actualmente governados por republicanos...)
Aliás Obama é apoiado em cerca de dois terços dos Estados contra um terço para Hillary. Até ao momento, claro. Também já tem mais delegados neste momento o que é irrelevante porque faltam alguns grandes estados "proletarizados" (Ohio. p. ex.)
Obama também é o preferido pelas elites universitárias provavelmente por ele mesmo ser diplomado por Harvard, por cerca de 70% do eleitorado jovem e por uma larga fracção de artistas e intelectuais. Isto para não falar no clã Kennedy que vale o que vale mas que é ainda (e foi-o para clinton) uma referencia e um apoio.
tudo isto são minudencias face ao aparelho do Partido Democrático (quem não se lembra do velho episódio de chicago?) que até há pouco se inclinava por Hillary.
Obama tem por ele (como Mc Cain, aliás) o ter sabido desde o inicio opor-se á guerra do Iraque, e já na convenção democrática de 2000 a estrela foi Obam e não Al Gore. Ou seja nessa altura Obama foi notícia em todos os media americanos como um virtual candidato a estas presidenciais. Note-se que talvez por Clinton ainda ser por alguns meses presidente, ninguém falou em Hillary.
todavia o facto é que Obama anda nas bocas dos democratas como potencial candidato desde essa altura.
chamar ilusão a uma ideia já com oito anos é pelo menos apressado.
Mas o artigo em questão tem mais que se lhe diga. JMA parece não perceber que a Europa não é nem nunca foi motivo de grande preocupação para os americanos. quer para democratas quer para republicanos. Os americanos votam com os olhos postos no que eles chamam a "política doméstica" e bonda.
só as elites se preocupam com a europa. curiosamente essas estão maioritáriamente ao lado de Obama o que das duas uma: ou são burros ou Obama não está perto de Bush. E claro que não está. Só por má fé ou ignorância é que se poderia dizer que o mais conservador dos democratas estaria perto de Bush e do seu bando de neo-cons. Mas continuemos pelo argumento da opinião vinculante europeia: eu confesso que não acredito em opiniões vinculantes mesmo se por isso se entender a que se revê no le monde, el país ou la republica para utilizar 3 grandes e prestigiados títulos da melhor imprensa mundial. O que a europa pensa é olimpicamente ignorado pelos americanos não só porque - como já disse - não os afecta mas também porque mesmo para a "inteligentsia" isso não passaria de um certo colonialismo cultural que eles detestam. Tenho um pequeno grupo de amigos americanos feito ainda no tempo do direito comparado e continuado nos anos em que trabalhei no ministério da cultura. lá me vou correspondendo com eles e graças a isso tenho percebido que mesmo gente da minha idade começa a estar farta do "sistema". não é uma revolução, Deus me livre, mas apenas um mal estar. E é aí que Obama entra como faca em manteiga quente. É diferente, fala diferente (e bem, muito bem, benza-o Deus) não faz o papel do pretinho oprimido, dirige-se a todos os cidadãos e só tem falhado junto dos "latinos" (por acaso um dos grupos onde é mais expressiva a votação nos republicanos... Até Bush lhes fez um discurso em espanhol, enfim em spanglish, coisa que o mano Jeb, governador da Florida faz também constantemente.
Não quero insinuar que o facto dos hispanos até agora terem preferido hillary seja por a acharem conservadora ou mais conservadora do que Obama.
JMA descobriu que a américa não é conservadora. Tem graça que penso isso há quase cinquenta anos mas como me esqueci de registar a patente fico a chupar no dedo. A américa (e digo América de propósito) tem conservadores como nós os temos. Ou a França. e tem os outros, os "liberals" que não são como os nossos liberais mas apenas gente mais ou menos de esquerda. Como cá. às vezes mais do que cá mas tudo condicionado pelo modo americano de viver e por isso nos causa tanta estranheza. De todo o modo, só o dr soares, pessoa aliás estimável, é que de vez em quando se lembra de arrear na américa a propósito de um ditador populista latino. Fora isso a opinião "não vinculante" europeia há muito que percebeu que a América é em muitos aspectos libertária e não liberticida. Mas constatar ersse facto não torna um artigo escrito em 2008 um bom artigo.
Não sou americano e como deve ter reparado tenho evitado cuidadosamente falar destas eleições. Tanto mais que só depois da primeira volta e antes da convenção é que se pode falar a sério de programa. Não é o candidato que o faz ou melhor ; o candidato terá de negociar o programa dentro do partido e isso torna inócuas muitas das propostas que se fizeram e se farão até á Páscoa. O "a sério" vem depois.
entretanto e até lá também tomo partido: pelo candidato/a que der mais garantias de bater Mc cain. E julgo que é isso que os eleitores democratas americanos também farão.
Nota final: é engraçado verificar (estou a ver uma emissão americana) que os apoiantes de Hillary cada vez mais falam num tickett Hillary/Obama...
coisa que não acontece (o u acontece residualmente) com os apoiantes deste último!
Hoje em dia, tanto nos EUA como em outras nações ocidentais, ganham os bastidores (os grandes interesses económicos) e não a pessoa em causa.
O tempo dos Kennedy, Theodore Roosevelt, ou Churchill já passaram.
Concordo com o que foi dito no comentário anterior. O factor económico domina cada vez mais as opções políticas. Então, na América isto é uma verdade absoluta. Onde for necessário levar a força dos EUA para defender os interesses americanos, lá será marcada presença, seja de que forma for. Seja qual for o Presidente. É que essas decisões nunca são tomadas apenas pelo Presidente. De qualquer modo talvez a Sr.ª Clinton não seja a pior opção. Dá confiança ao sistema, garante a retoma da economia, reporá alguma moralização – acredito que porá termo a guantanamo e a outras prisões clandestinas – por estas razões, penso que será melhor para a aldeia global que a sr.ª Clinton volte à Casa Branca como Presidente. Mas sem grandes expectativas (da minha parte).
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