01 fevereiro 2008

Pink Paradise

Logo agora que Marinho Pinto veio afiançar, em entrevista a Judite de Sousa (RTP1), que o processo Casa Pia “Foi orientado politicamente. Visou decapitar o PS, não tenho dúvidas” ...

e "não ter actualmente qualquer suspeita concreta sobre membros do actual Governo" ...

é que havia de vir o J. A. Cerejo chatear com estas irrelevâncias criminais ?!?

Está visto que a cabala continua a andar por aí, de novo ao ataque do PS, de novo ao ataque do engenheiro, de novo por causa de umas simples... assinaturas!

Pour Toutatis, deixem-nos gozar em paz a probidade do oásis socialista!

fotografia do postal editada a 3 de Fevereiro e aditado o que segue:

«O novo caso Sócrates não é grave por Sócrates ter assinado projectos de outros autores. É grave por Sócrates ter assinado projectos de autores legalmente impedidos de o fazer e que se encontravam numa situação de conflito de interesses. A assinatura de Sócrates serviu para contornar uma lei cuja função era impedir a corrupção.» (João Miranda)

(...)«A ideia de que o Público imprimiu estes artigos sobre José Sócrates movido pelo interesse da Sonae em derrubar o primeiro-ministro parece-me zunzum igual. Devemos desconfiar, sim; devemos sempre desconfiar. Mas convinha esclarecer o assunto, ou não? Devia o Público abster-se de publicar as notícias apenas porque o patrão é um grupo económico distribuído por telecomunicações, madeiras & hipermercados?
Vamos e venhamos: 1) primeira parte: do ponto de vista do rigor da informação, a primeira peça de Cerejo sobre as assinaturas de favor é inatacável; são factos; 2) segunda parte: tem interesse público o conhecimento desses factos? Essa é outra matéria. Não é crime, já se sabe, fazer aquilo que Sócrates fez, se o fez; mas não é nada ético.
Sinceramente, e sem querer fazer piada, é um beco sem saída: se o fez, é mau; se elaborou os estudos e os projectos
daquelas casas, é ainda pior. No primeiro caso, é mau politicamente. No segundo caso, é mau em geral. Interessa, à opinião pública, conhecer estes aspectos da vida anterior de José Sócrates? Não estamos a falar da sua vida pessoal; não estamos a entrar na esfera da privacidade; são factos públicos. Provando-se que são factos, têm eles interesse político? Servem para avaliar o comportamento político de José Sócrates ou, até, do primeiro-ministro? Estas são as questões essenciais.» Francisco José Viegas

*
"Declaração de interesses":
não tenho ilusões numa maior probidade do "paraíso laranja" (e, muito menos - com Menezes menos que nunca - na sua maior capacidade governativa e reformadora). Mas é precisamente isso que me leva a crer que não haverá progresso democrático e social pelo silêncio de actuações menos éticas de titulares de cargos públicos e sim pelo engrossar do coro de vozes indignadas. "

3 comentários:

Laoconte disse...

Garotas, sinceramente!!!

O meu olhar disse...

Para mim é evidente que qualquer ser humano minimamente interessado no bem comum não pode deixar de aplaudir toda a informação que revele casos que indicie corrupção, má gestão de bens públicos, abuso do poder e tudo o mais que navega em contracorrente ao interesse colectivo.

Assim, se o Público tivesse feito investigação sobre diversos casos de assinaturas de encomenda por pessoas ligadas as autarquias e, entre essas, indicasse também o do actual primeiro-ministro, eu aplaudia. O mesmo para a acumulação de cargos quando está em causa a exclusividade. É uma praga que mina a classe dos deputados, médicos, professores universitários e outros.

O que se está a passar é diferente. O que se está a passar é jornalismo de investigação com um alvo: José Sócrates. Daí que, para mim, a questão acima formulada “Devia o Público abster-se de publicar as notícias apenas porque o patrão é um grupo económico distribuído por telecomunicações, madeiras & hipermercados?” deveria ser outra, ou seja, deveria ser a de saber porque é que a investigação sobre estes dois assuntos recaiu na mesma personagem. É que, à outra pergunta a resposta é fácil. De facto, depois de se ter essa informação o que há a fazer é que publica-la. Mas eu volto a perguntar: porque é que o assunto central não foi o tipo fraudes em si, mas sim centradas numa só pessoa? Há dúvidas que a questão da OPA à PT tem a ver com isto? Não tenho muitas. Por isso, chamem os bois pelos nomes e não lhe ponham o manto de Jornalismo de Investigação. É que, dito assim, até parece científico e neutro.

Claro que quem lê isto já me está a colocar numa caixinha cor-de-rosa, ou seja, já me está a catalogar porque isto é assim, ou se desanca no que está a dar ou pertence-se ao grupo. Também não deve ser pelo receio de sermos catalogados que devemos deixar de afirmar a nossa opinião. Afinal, a censura tem muitas tonalidades, a começar pela auto censura.

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Não posso deixar de concordar consigo, cara "o meu olhar". Estou a imaginar a corrida dos jornalistas a investigar os falsos atestados médicos, as falsas declarações em tribunal, os professores que corrigem as provas de colegas, os advogados que assinam processos por outros colegas, os arquitectos que assinam projectos de grupo e por aí fora...sobretudo se tiver sido há vinte anos atrás.
Só posso dizer, sem emitir juízos de valor, que conheço vários casos de engenheiros que assinam projectos elaborados por terceiros e que, com a sua assinatura, sustentam os alvarás de pequenas e médias empresas de construção. Será um mal da classe?