19 março 2008

Boicote docente

A notícia que hoje vem a lume no “JN” (ver aqui e aqui) é reveladora do pensamento autista de muitos professores, que gostariam que o país inteiro não tivesse outra opinião que não fosse a defesa dos seus direitos e dos seus interesses corporativos.

Descontentes com um texto de opinião que Emídio Rangel escreveu no “Correio da Manhã”, que eu não li pelo simples facto de que não tenho por hábito ler aquele matutino e também porque não fiz o mínimo esforço para ir agora à procura das diatribes requentadas de Rangel, há professores que animam um apelo ao boicote à compra do “CM”. Bonito princípio o que esses professores defendem. Se ensinam estes valores aos seus alunos, estamos entendidos…

Perante a situação criada, é evidente que os sindicatos não puderam fazer outra coisa que não fosse demarcarem-se desse apelo ao boicote. E terão toda a legitimidade para avançar para os tribunais contra Rangel, se entenderem que têm razões para tal. É assim que se faz num estado de direito. Agora mover perseguições a jornais por não gostar do que escrevem alguns cronistas, essa não lembraria ao mais pintado. A união (ainda) faz a força?

1 comentário:

Rui Diniz Monteiro disse...

Percebo o seu ponto de vista e até estou inclinado a concordar consigo.
Mais: até acho que artigos assim desvairados fazem mais pelos professores do que milhões de palavras de compreensão.
Bom. Mas a verdade é que não vejo assim tanta traição a valores. Apelaram às "bengaladas" queirosianas no senhor? Apelaram a autos de fé com exemplares do jornal? Não, nada disso.
O que eles fizeram é um apelo normal e civilizado de consumidores numa economia de mercado.
Não foram já feitos apelos semelhantes a produtos comerciais (indonésios, por exemplo)? Ou o Correio da Manhã é um produto diferente, nada tem de comercial?
Note que não estou a tentar polemizar consigo. Estou apenas a tentar expressar o melhor possível algumas dúvidas que o seu post me suscitou.