01 março 2008

Estes dias que passam 95

Por quem Deus nos manda avisar


Uma criatura cujo nome nem sequer me apetece pronunciar por mera higiene bucal e dentária, entendeu, da sua secretariante cadeirinha, atacar cavilosa e deslealmente a ex-secretária de Estado Ana Benavente. Eu não conheço (felizmente) o autor das boçais afirmações mas conheço a Ana Benavente. Desde há muito. Desde sempre. Desde os anos duros da resistência e do exílio, desde a militância apaixonada e sincera num pequeno partido, onde não se tentava arranjar um emprego à mesa do orçamento mas apenas imaginar um caminho para a pátria.
As acções ficam com quem as pratica. A secretariante criatura que fique com o triste regorgitado que só o sujaria se ela ao menos soubesse o que isso é.
Quanto aos senhores actuais ministros que tiveram Benavente como sua colaboradora e agora assobiam para o lado, nada a dizer. Eles não merecem e provavelmente não perceberiam o reparo sobre mais essa indignidade.

O senhor Valentim Loureiro, no seu tom do costume e recordando com a habitual impudência o futebol elogiou a Senhora Ministra da Educação. Les beaux esprits se rencontrent.

Uma senhora que escreve no Expresso dedicou-se, nesta última edição, a um exercício de repelente racismo à custa da cor de Barak Obama. Para a triste cronista, Obama tem uma cor chique, “chiquérrima”: é creme. Isto é miserável, infame, racista, fascistoide. Pode-se ser por Hillary Clinton com elegância mas de facto, á medida que as sondagens se sucedem de modo tão impertinente já só restam os golpes baixos, o racismo merdoso e a desqualificação. A cronista acha pimba toda a gente “liberal” e universitária americana. Deve preferir os gangsters cubanos da Florida aos diplomados por Harvard. Ou os iletrados do midlle west e do deep south de cruz a arder aos universitários. É com ela.
Mais uma vez: les beaux esprits se rencontrent.

Na Espanha aqui ao lado, o conservador ABC esganiça-se devido a um intolerável “imbecil” que Felipe González aplicou a Rajov. Em boa verdade, González até se conteve. Rajov não é “imbecil” mas apenas um relento modernizado do velho franquismo. No mesmo jornal, um jovem velho chamado Prada conseguiu ver, contra tudo e contra todos, Rajov vencer o duelo com Zapatero. Ou de como os escritores galardoados são tão patetas quanto os iletrados para que escrevem a sua coluninha política.
Les beaux esprits se rencontrent. Definitivamente.

Em Espanha, a semana acaba com mais duas mulheres assassinadas pelos respectivos ex. Já lá vão duas dúzias e o ano ainda só leva dois meses. Não sei se haverá maior mostra de impotencia do que a violência de género. Conviria pensar porque é que tanto homem se arrisca a matar a ex-companheira? Será que depois as penas são leves? que a sociedade se limita a uma breve e incomodada indignação?

hoje não há ilustração: os temas e os visados não merecem esse incómodo.

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