02 março 2008

O próximo Alvo


Logo após a saída de Correia de Campos começou uma nova onda cujo alvo é a Ministra da Educação. O processo é o mesmo. Ainda há pouco tempo só se falava de Saúde, melhor, das medidas do Ministro da Saúde. Eram as contestações, as opiniões, os discursos directos, os indirectos, as notícias, as imagens. Uma verdadeira onda que só parou quando arrastou à sua frente o ministro. Depois da sua saída, as vozes que se passaram a ouvir iam sobretudo no sentido de que as suas políticas até eram globalmente boas, até imprescindíveis. Faltara-lhe o tacto político, a humildade e também a preocupação em precaver meios antes de acabar com algumas urgências. Ficou-se agora a saber que antes de sair ele ainda assinou o Diploma que define a rede de urgências do País e que, afinal, o seu número até vai aumentar relativamente á situação actual. Foi feita notícia desse assunto. Alguma, mas pouca. Desproporcional.

Agora é a Ministra da Educação. Ela até pode ser um pouco autista, apesar de não me parecer. As reformas até podem não ter tempo adequado de implementação, como dizem ser o caso da avaliação de desempenho dos professores. De repente só se fala da Educação, melhor, das medidas da ministra da Educação. Eu fico a pensar: isto antes desta Ministra devia estar realmente bem, assim como no resto da Administração Publica. O meu filho mais novo não tinha uma semana que fosse que não faltasse um ou mais professores, mas estava tudo bem. Os funcionários públicos (eu também já fui, sei do que falo) não eram diferenciados na sua avaliação, tanto ganhava o que fazia como o que não fazia. Muitos até se interrogavam porque é que outros se esforçavam… mas estava tudo bem.

De repente parece que o país está todo mal e que isso acontece porque está lá esta equipa governamental. De repente parece que não houve passado e que do que é feito agora, nada presta. Porque será?

10 comentários:

Laoconte disse...

Concordo inteiramente.

M.C.R. disse...

Esquece uma coisa, cara amiga:
o debate e as críticas á educação e á ministra precederam e de muito o processo saúde. Até mesmo aqui, neste blog.
Um abraço

O meu olhar disse...

Claro que sim MCR, precederam e também não deixaram de andar a par. Os debates e as críticas são imprescindíveis. Mas do que eu falo não é disso. Eu falo de uma espécie de onda que senti relativamente ao Ministro da Saúde e, mal este se demitiu ou foi demitido, eis que se inicia, de imediato, um processo do mesmo tipo. Com a imagem da onda eu quero dizer que os ataques aparecem ao mesmo tempo, de todo lado, em todos os formatos e em crescendo. É o que eu sinto. Posso estar enganada. A ver vamos.

JSC disse...

Está a decorrer o Prós e Contras na RTP, que tem por tema a manif dos professores. A Fátima Lopes introduziu o tema aludindo que se vive "um estado de sítio na educação". Assim, sem mais. Um estado de sítio. Entretanto deixo o link para

aqhttp://jumento.blogspot.com/2008/03/se-fosse-professor-tambm-queria-demisso.htmlui

que contém matéria interessante e muitos, muitos comentários ao "estado de sítio".

Kamikaze (L.P.) disse...

Fátima LOPES, uhm uhm, o JSC não está a ver o programa está é a sonhar acordado :)

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Nem mais, "o meu olhar". Quanto à saúde, já ninguém fala do assunto e a ministra (quem é?) passa totalmente incógnita. Para bem de Sócrates e do Governo.
Na educação, continua a "barrage". O que era bom era continuar tudo na mesma nos deveres e melhorar os direitos da classe docente. Aulas extraordinárias? É melhor estar na sala de convívio a ler "A Bola" ou a vender tupperwears.
Avaliação? Não, porque somos todos colegas e competentes. Carreiras? Então não devemos atingir todos o escalão mais elevado, não é esse um direito adquirido?

jcp (José Carlos Pereira) disse...

JSC, de facto entre a Fátima Lopes e a Fátima Campos Ferreira, venha o diabo e escolha. Ao menos, a primeira não parece querer ser aquilo que não é.

O meu olhar disse...

Bem Kami, espero bem que não seja por estar a sonhar acordado… :)

Quanto ao texto do jumento, merece ser lido.

Primo de Amarante disse...

Sobre o seu post, há um princípio que diz:«o evidente não caresse de explicaçã»

O meu olhar disse...

Pois caro Primo de Amarante, será assim. Eu, na minha assumida ignorância, tenho alguma relutância em catalogar como evidência a acção humana. Além disso, pode ser por coincidência, mas eu não ouço e não leio nada da família das evidências neste assunto dos professores. Só generalidades ou generalizações. Ainda hoje, numa das minhas idas a Trás-os-Montes, aproveitei para ouvir as notícias locais, o que faço com frequência por várias razões. Bom, um dos destaques foi o anúncio das manifestações dos professores que se iriam fazer hoje em Bragança, Vila Real e noutras cidades de Trás-os-Montes. Quanto à razão dos protestos as respostas que ouvi foram exactamente iguais às que tenho ouvido noutras manifestações dos professores nos últimos dias: “ Estas manifestações são sobretudo contra a humilhação que a Ministra está a fazer aos professores na praça pública”. “ Contra a avaliação e o novo modelo de gestão” e mais nada. Claro que se pode dizer que são os jornalistas que compõem a notícia logo não sabemos o que foi dito mais. De qualquer forma este discurso, do meu ponto de vista, não dignifica os professores. Primeiro porque sempre vi a Ministra a defender os professores e o seu papel. Segundo, porque ao combater por junto os dois diplomas como se fosse tudo mau perdem, para mim a razão.

Ainda há duas semanas ouvi um sindicalista a dizer que até concordava com a avaliação o tempo de aplicação é que era desajustado. E teceu várias considerações sobre a avaliação. Na altura pensei: isto é maturidade. Depois, de repente, devo ter perdido qualquer coisa, e a avalanche estava aí, instalada, a tentar levar tudo à sua frente, por junto: a Ministra e todas as reformas que ela fez até agora.

Já agora gostava de referir uma outra questão. No pressuposto que podemos aceitar as evidências na acção humana, lembrei-me de uma que era capaz de encaixar nesse modelo: quando se trata de analisar em causa própria a objectividade cai em flecha. Por isso, acho que o mínimo que poderíamos fazer era não radicalizar as análises.