02 abril 2008

Estes dias que passam 103


Nem remorsos nem desculpas

Foi assim com estas palavras que alguns dos iluminados membros da Arche de Zoe saíram da cadeia. Relembremos: a Arche de Zoe pretende ser uma ONG criada depois do tsunami da Indonésia e vocacionada para salvar crianças.
Com essa desculpa enviou uma missão para os confins do Darfur, prometendo a umas dezenas de famílias francesas um orfãozinho preto e fugido das atrocidades em voga na região.
Quando já tinham recolhido cerca de duzentas crianças descobriu-se que nem estas eram do Darfur nem eram órfãs.
A caridosa seita tinha convencido os pais das crianças, camponeses chadianos, que elas iriam para uma escola ali perto.
O escândalo foi tal que o governo chadiano se viu obrigado a prender este grupo de benévolos e presumíveis traficantes de crianças (as famílias de acolhimento em França pagariam umas “despesas”, quando já as não tinham pago, como parece deduzir-se do facto de penderem acções em França contra os membros da Arche movidas por famílias que se propunham acolher crianças).
Foram julgado por um tribunal chadiano contra o qual na altura os observadores internacionais não disseram nada. Foram condenados a penas relativamente pesadas que todavia não cumpriram.
O governo francês conseguiu que os chadianos aceitassem a transferência dos presos para solo francês. Depois conseguiu mais: um indulto do governo chadiano o que permitiu libertar estes “heróis do nosso tempo” que foram apoteoticamente recebidos por familiares a amigos que desse modo tentavam lavar a afronta cometida por um tribunal e um governo de pretos contra cidadãos brancos da bondosa ex-metrópole.
Pelos vistos, os guardiães da arca encoirada não aprenderam nada durante estes breves meses de prisão. Corre-se o risco de os ver reincidir noutro país igualmente pobre e igualmente cheio de crianças pequenas em idade de serem adoptadas. É tão giro ter um pretinho em casa. Se não servir para filho pode sempre ser um moleque...
Há alturas em que uma pessoa tem vontade de vomitar e de começar aos tiros.

na gravura as crianças salvas da arca.

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