Não se deve perder tempo. Sobretudo se for a gastar velas com ruim defunto. Porém, uma vez não são vezes e o caso merece um par de linhas. A drª Pires de Lima volta a atacar. A atacar, é como quem diz. Volta ao local do crime e diz mais um par de coisas que se não estivessem escarrapachadas no jornal, ninguém acreditaria.
Comecemos pela teimosa convicção da drª Pires de Lima: insiste em não perceber que um “centro de programação”, seja lá o que isso for, de uma cinemateca teria forçosamente que passar os filmes dessa cinemateca. Em que condições? Operados por quem? E onde?
A resposta ao último item é a Casa das Artes. Exactamente o edifício anexo à transferida Delegação Regional de Cultura do Norte. Que está devoluto por alguém ter entendido que o lugar desta delegação era numa cave manhosa em Vila Real...
Só que... só que a Casa das Artes está fechada. Para obras!!! Ou melhor para obras se...
Havia, diz a drª Pires de Lima, 200.000 euros para a reparar. Havia mas não houve! O dinheiro (no ministério que presumivelmente era gerido pela drª Pires de Lima) terá ido para parte incerta. Ou seja: não foi para a Casa das Artes, eventual sede de um pólo de programação. Às tantas foi o João Benard da Costa que assaltou os cofres e fugiu com o dinheiro...
Claro que se poderia sempre pensar que se a Casa das Artes está na mesma é porque não houve vontade política de usar os citados 200.000 euros na sua recuperação. A menos que o Ministério da Cultura fosse gerido não pela ministra mas, por exemplo, pelo contínuo das fotocopias.
Mas o mais risível vem em caixa. João Benard da Costa atingiu o limite de idade durante o penoso consulado da drª Pires de Lima. Foi ela quem assinou o despacho que o manteve no lugar de Director. Todavia a drª Pires de Lima, com enternecedora inocência, vem dizer que não o queria fazer. Mas fez! Fez porque a mandaram. Ou seja andou por ali, pelo ministério a fazer coisas que não queria (e são conhecidas as suas constantes derrotas, perdão: as suas constantes vitórias até á demissão final.). tudo pelo amor da pátria. E da cultura, claro.
E terminemos com uma pérola: a drª Pires de Lima “sabe que há limitações à passagem a digital de certos tipos de película mas também sabe que...há meios técnicos que possibilitam uma mais ampla e frequente divulgação”. Ficamos sem saber que limitações, que meios etc...
Tudo isto com a mesma cantiga: a necessidade de passar filmes anteriores a 1990. Se se tiver em linha de conta que no mercado existem milhares de cópias de filmes produzidos entre 1960 e 1990; que existem bastantes cópias de filmes produzidos entre 4o e 60; e que são raros para não dizer raríssimas as cópias das décadas anteriores e inexistentes, ou quase, as do mudo, pareceria lógico que se começasse justamente por estes. Por uma questão de história do cinema e de dificuldade na divulgação. Ou não? O resto, o que está mais próximo, anda por aí a preços de saldo.
Mas isto não deve fazer parte dos conhecimentos dos rapazes que mandam para a internet petições tontas. Nem de quem subitamente aparece como sua advogada.
o cavalheiro da fotografia chamava-se Murnau. Foi autor de uma vintena de filmes dentre os quais se cita sempre, e justamente, Nosferatu. Para o caso que nos interessa aqui convem dizer que também foi autor de Herr Tartueff (1926).
d'Oliveira
Comecemos pela teimosa convicção da drª Pires de Lima: insiste em não perceber que um “centro de programação”, seja lá o que isso for, de uma cinemateca teria forçosamente que passar os filmes dessa cinemateca. Em que condições? Operados por quem? E onde?
A resposta ao último item é a Casa das Artes. Exactamente o edifício anexo à transferida Delegação Regional de Cultura do Norte. Que está devoluto por alguém ter entendido que o lugar desta delegação era numa cave manhosa em Vila Real...
Só que... só que a Casa das Artes está fechada. Para obras!!! Ou melhor para obras se...
Havia, diz a drª Pires de Lima, 200.000 euros para a reparar. Havia mas não houve! O dinheiro (no ministério que presumivelmente era gerido pela drª Pires de Lima) terá ido para parte incerta. Ou seja: não foi para a Casa das Artes, eventual sede de um pólo de programação. Às tantas foi o João Benard da Costa que assaltou os cofres e fugiu com o dinheiro...
Claro que se poderia sempre pensar que se a Casa das Artes está na mesma é porque não houve vontade política de usar os citados 200.000 euros na sua recuperação. A menos que o Ministério da Cultura fosse gerido não pela ministra mas, por exemplo, pelo contínuo das fotocopias.
Mas o mais risível vem em caixa. João Benard da Costa atingiu o limite de idade durante o penoso consulado da drª Pires de Lima. Foi ela quem assinou o despacho que o manteve no lugar de Director. Todavia a drª Pires de Lima, com enternecedora inocência, vem dizer que não o queria fazer. Mas fez! Fez porque a mandaram. Ou seja andou por ali, pelo ministério a fazer coisas que não queria (e são conhecidas as suas constantes derrotas, perdão: as suas constantes vitórias até á demissão final.). tudo pelo amor da pátria. E da cultura, claro.
E terminemos com uma pérola: a drª Pires de Lima “sabe que há limitações à passagem a digital de certos tipos de película mas também sabe que...há meios técnicos que possibilitam uma mais ampla e frequente divulgação”. Ficamos sem saber que limitações, que meios etc...
Tudo isto com a mesma cantiga: a necessidade de passar filmes anteriores a 1990. Se se tiver em linha de conta que no mercado existem milhares de cópias de filmes produzidos entre 1960 e 1990; que existem bastantes cópias de filmes produzidos entre 4o e 60; e que são raros para não dizer raríssimas as cópias das décadas anteriores e inexistentes, ou quase, as do mudo, pareceria lógico que se começasse justamente por estes. Por uma questão de história do cinema e de dificuldade na divulgação. Ou não? O resto, o que está mais próximo, anda por aí a preços de saldo.
Mas isto não deve fazer parte dos conhecimentos dos rapazes que mandam para a internet petições tontas. Nem de quem subitamente aparece como sua advogada.
o cavalheiro da fotografia chamava-se Murnau. Foi autor de uma vintena de filmes dentre os quais se cita sempre, e justamente, Nosferatu. Para o caso que nos interessa aqui convem dizer que também foi autor de Herr Tartueff (1926).
d'Oliveira
2 comentários:
Não podia estar mais de acordo. Vejo este texto como um serviço público. Pena é que não tenha um auditório mais alargado. O Porto perdeu voz porque deixou de ter quem desse uma dimensão universal às suas potencialidades.
Os partidos têm no Porto directórios deprimentes, não só porque são ignorantes, mas também porque ninguém, com algum pudor, se pode rever neles. Alias, quase toda a gente que os constitui nem sequer vive o Porto como sua Terra. Estão mais interessados em ir para Lisboa ou Bruxelas. É certo que vão a Serralves, mas nada percebem do sentido e significado de Serralves. E quem não sente esta Terra como sua e nunca viveu o dinamismo cultural, económico e social que teve, não pode encontrar critérios para a defender
Quando surgiu a petição para a criação de um Pólo da cinemateca no Porto, veio-me à memória a casa das artes como o sítio ideal para o instalar.
A petição é de toida justa, mas não para duplicar a cinemateca, que tem como função principal a preservação de filme, mas apenas para se poder ver no Porto o seus tesouros e outros que usualmente são cedidos por empréstimo de outras cinematecas.
Não tenho a certeza, mas diz-se que a cinemateca Portuguesa tem a maior colecção mundial de filmes da UFA alemã (1919-1945).
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