29 junho 2008

Missanga a pataco 55


Indiscutível

Bilhete ao meu amigo João Tunes, navegador solitário do Agualisa 6, um blog que anda por aí a chatear o indígena. Que nunca as mãos lhe doam!

Foi uma grande equipa, caro João, uma equipa e não um somatório de géniosinhos. Uma equipa e não um ajuntamento. Com um treinador que não se esconde atrás de desculpas nem invoca a Virgen del Pilar ou outra do mesmo teor. Foi uma bonita festa, a festa do futebol como a malta gosta, um futebol franco, aberto, prazenteiro, um futebol que a malta pensa que é o mesmo que jogávamos na praia, no recreio da escola, um futebol em que nos esfarrapávamos para ganhar, cuspindo meio pulmão e alegria. Uma equipa que não perdeu um jogo, que não facilitou, que não descansou, que uniu, que deu o litro, o hectolitro, que suou bem suada a camisola. Assim, vale a pena!
E uma palavra para Luís Aragonés a quem tantos e tão poderosos auguravam um mau fim. El viejo mostrou com que lenha se aquece. E deve estar a rir-se como um cabinda à custa dos adversários entocados que lhe juravam pela pele.
A CG esteve aqui a meu lado, a perguntar coisas, coitada, ela de futebol, nicles, um zero à esquerda, nunca deu um chuto numa bola, nunca arreou uma canelada matreira no adversário imbatível, nunca marcou de cabeça, nem sequer um falhanço clamoroso, baliza aberta e bola ao lado... A enteada Ana, uma fanática de sofá, também não, mas teve um namorado que jogava futebol de salão e isso faz dela um oráculo aos olhos da mãe embevecida, queria a derrota da Alemanha porque os germânicos nos mandaram para casa. Não tem razão, fomos nós que mostrámos que devíamos vir para casa ao perder com os suíços. Com os suíços! Arre, porra, que é demais. Depois disso não merecíamos andar a enganar os nossos emigrantes para quem essa vitória seria tudo. Jogadores emigrantes contra trabalhadores emigrantes!
Voltemos aos espanhóis, á malta aqui do lado: assim vale a pena. Não se deve perder nem a feijões, não se deve facilitar, isto é uma coisa muita séria e os milhões que se ganham nos estádios devem ser retribuídos com um futebol profissional, vivo e limpo.
Esperemos que o próximo treinador, as criaturas da FPF, dos Clubes, da Liga, da imprensa esparvoada e sobretudo os jogadores portugueses percebam isto. Só se ganha quando se merece. Só se merece quando se é humilde e persistente.

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