É de Sebastião da Gama o título mas aplica-se mais que bem ao tema desta crónica.
Cá na casa, o velho “inc”, sabia-se que a Kami, vulgo Liliana Palhinha, andava há que tempos a pensar arejar uns tostões. Estava farta, diz-se, de profissões sérias, respeitáveis, muito nove horas, enfim, estava farta de aturar juízes, advogados, colegas do Ministério Público, putativas/os magistradas/os em flor lá pelo CEJ...
Vai daí, herdou uma casinha lá prós lados de Faro, ou seja bem dentro da cidade, no seu miolo, para sermos mais precisos, arranjou aquilo tudo e fez uma livraria, uma galeria e sabe-se lá mais o quê. Deu-lhe a doida, é o que é: resolveu abrir uma coisa em forma de assim num país onde o sonho plausível é uma praia quente, cheia de nórdicas em top less, marmanjolas locais a fazerem-se ao piso das ditas cujas, como um tal Lélé ou coisa que o valha que lançou um instrutivo livrinho a contar como é que as “sacava” à ganância e lhes fazia conhecer os delírios do priapismo primitivo do macho ibérico em todo o seu apressado esplendor.
Na dita cuja praia, de higiene nem sempre irrepreensível há-de haver uma cadeira onde o indígena se recoste de boca aberta á espera que lhe caia dentro, e certeira, uma banana, já sem pele e cortada em rodelas. Enfim, o paraíso versão lusitana...
Pois foi nesta paisagem saturada que a dona Kami resolveu assentar arraiais para mostrar que nem todo o velho Garb é Allllgarve, que nem tudo aquilo é alllarve, que nem todas as banhistas são só plástica, vip de trazer por casa, políticos duvidosos e empresários pecaminosos.
Que aquilo, aquelas praias, aqueles montes, aquele céu azul, aquela luz mágica e marítima, aquele ar doce que vem da serra com o perfume das laranjeiras e do medronho, é compatível com um pouco de sombra, com um livro, um disco um quadro, quiçá um copo (assim seja!).
E vai daí inaugura dentro de dias, mais que um sonho, uma necessidade, mais do que um espaço cultural, uma paragem sombreada, um caravanserail, uma gruta de Ali Babá, um pequeno jardim secreto, onde ela pôs alma, vontade, o seu grão de loucura, o seu toque de aventura.
Lá estarei, assim os deuses invejosos mo permitam, à boleia da Guilhermina e do Joaquim, dois muito desta casa, ou de comboio se houver impedimento de última hora.
Kami, rape desses cafundós uns figos temporãos, uma garrafinha de medronho contrabandeado, daquele que não tem marca, do que vem directo da Serra, pãozinho e azeitonas que com pouco se faz uma festa.
JAB espera-se do seu humor proverbial e da sua curiosidade perversa um 007 como os de dantes, do tempo do cinema com intervalos, de grandes salas escuras onde o público de olho arregalado “passava as do Algarve”, à rasca, à rasquíssíma receando que o herói apanhasse um tiro ou que a loira boazona fugisse com o mau da fita.
Leitorinhas gentis, leitores amáveis, se passarem por Faro, não hesitem: batam à porta da Kami que os da casa são de confiança. Da máxima confiança.
Até ao dia 12! E um abraço
mcr, ex-editor (Centelha), ex-livreiro (Erva Daninha), escritor esdrúxulo (sicut Francisco Bélard), leitor impenitente e ajuntador de livros. E roído de inveja (benigna!)
na gravura: um canto do escritório, refúgio de surrealistas & assimilados, da colecção "biblioteca procura casa condigna e suficiente"
Cá na casa, o velho “inc”, sabia-se que a Kami, vulgo Liliana Palhinha, andava há que tempos a pensar arejar uns tostões. Estava farta, diz-se, de profissões sérias, respeitáveis, muito nove horas, enfim, estava farta de aturar juízes, advogados, colegas do Ministério Público, putativas/os magistradas/os em flor lá pelo CEJ...
Vai daí, herdou uma casinha lá prós lados de Faro, ou seja bem dentro da cidade, no seu miolo, para sermos mais precisos, arranjou aquilo tudo e fez uma livraria, uma galeria e sabe-se lá mais o quê. Deu-lhe a doida, é o que é: resolveu abrir uma coisa em forma de assim num país onde o sonho plausível é uma praia quente, cheia de nórdicas em top less, marmanjolas locais a fazerem-se ao piso das ditas cujas, como um tal Lélé ou coisa que o valha que lançou um instrutivo livrinho a contar como é que as “sacava” à ganância e lhes fazia conhecer os delírios do priapismo primitivo do macho ibérico em todo o seu apressado esplendor.
Na dita cuja praia, de higiene nem sempre irrepreensível há-de haver uma cadeira onde o indígena se recoste de boca aberta á espera que lhe caia dentro, e certeira, uma banana, já sem pele e cortada em rodelas. Enfim, o paraíso versão lusitana...
Pois foi nesta paisagem saturada que a dona Kami resolveu assentar arraiais para mostrar que nem todo o velho Garb é Allllgarve, que nem tudo aquilo é alllarve, que nem todas as banhistas são só plástica, vip de trazer por casa, políticos duvidosos e empresários pecaminosos.
Que aquilo, aquelas praias, aqueles montes, aquele céu azul, aquela luz mágica e marítima, aquele ar doce que vem da serra com o perfume das laranjeiras e do medronho, é compatível com um pouco de sombra, com um livro, um disco um quadro, quiçá um copo (assim seja!).
E vai daí inaugura dentro de dias, mais que um sonho, uma necessidade, mais do que um espaço cultural, uma paragem sombreada, um caravanserail, uma gruta de Ali Babá, um pequeno jardim secreto, onde ela pôs alma, vontade, o seu grão de loucura, o seu toque de aventura.
Lá estarei, assim os deuses invejosos mo permitam, à boleia da Guilhermina e do Joaquim, dois muito desta casa, ou de comboio se houver impedimento de última hora.
Kami, rape desses cafundós uns figos temporãos, uma garrafinha de medronho contrabandeado, daquele que não tem marca, do que vem directo da Serra, pãozinho e azeitonas que com pouco se faz uma festa.
JAB espera-se do seu humor proverbial e da sua curiosidade perversa um 007 como os de dantes, do tempo do cinema com intervalos, de grandes salas escuras onde o público de olho arregalado “passava as do Algarve”, à rasca, à rasquíssíma receando que o herói apanhasse um tiro ou que a loira boazona fugisse com o mau da fita.
Leitorinhas gentis, leitores amáveis, se passarem por Faro, não hesitem: batam à porta da Kami que os da casa são de confiança. Da máxima confiança.
Até ao dia 12! E um abraço
mcr, ex-editor (Centelha), ex-livreiro (Erva Daninha), escritor esdrúxulo (sicut Francisco Bélard), leitor impenitente e ajuntador de livros. E roído de inveja (benigna!)
na gravura: um canto do escritório, refúgio de surrealistas & assimilados, da colecção "biblioteca procura casa condigna e suficiente"
11 comentários:
Gostei de ver uma prateleira cheia de surrealismo, encimada por uma foto do páteo interior da AAC.
Certamente, numa cena, também ela, surrealista...
E até o páteo soa a surrealismo...porque se escreve pátio.
Tente identificar melhor as pessoas... terá uma surpresa. depois digo-lhe a data.
Entre as cinco pessoas susceptíveis de serem identificadas ( por quem as conheça), não lobrigo a identidade de nenhuma.
Duas usam barba e um deles parece um falecido Sá do PCP; uma já nem tinha cabelo e das meninas, essas, nem vejo bem...
Em resumo: tudo incógnitas, com um alvitre. Um deles, provavelmente escreve agora com apelido MCR.
As datas? Tudo pós- Maio 68. 1969, portanto.
Marcelo...
Can you hear me?
MARCELO!!!
Diz-se... "temporãos" (não 'temporões').
Abc.
E diz aí ao reaccionário do José que... é "pátio" (não ´páteo'), acho eu.
Ah, afinal ele sabe, haja Deus...
Temporãos? Obrigado, vou já corrigir.
José: Assembleia Magna de 28 de Maio de 1969. Proclamação da greve a exames. greve vitoriosa, como decerto saberá, não obstante a "ocupação militar" da cidade, as prisões, o cerco da Universidade por unidades de polícia e o envio de uma completa brigada especial da judiciária.
O magricela de barba completa e de casaco é este seu criado que no momento conclama as "mais amplas massas estudantis para a greve". Muito aplaudido, diga-se de passagem. Está rodeado de futuros médicos, membros da Mesa da Assembleia, e o cavalheiro que em baixo o olha directamente é o( ainda actual?) Presidente da Tranquilidade, Luis Redondo Lopes, nessa época presidente do TEUC.
Albino M.
I allways hear you. Loud and clear for goodness' sake!
Vocês vão, não é?
Eu estarei "morta" de inveja e com saudades de estar com todos . Partilhar com a Liliana e o JAB, em pessoa, esta alegria que deve ser ver uma idéia assim concretizar-se e florescer.
Um abraço grande,
Silvia
Vamos pois, querida Sílvia.
E vamos divertir-nos que nem cabindas! é para que saiba!
V. aí a chorar baba e ranho e nós numa boa, a comer e a beber á custa da Kami & amigos...
Eu, ainda por cima, vou de boleia, com chauffeur privativo e hostess loira a servir refrescos. Ah, destino cruel...
Bom texto.
É hoje!
Morri! : )
Mas mesmo assim mando beijos a todos.
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