Também queria ser
minoria étnica...
Não! De facto, não queria. Mesmo que só pagasse cinco euros pela casa, ou nem pagasse e ficasse a dever. A Câmara Municipal, a senhoria, é rica. Gastam dinheiro em coisas bem menos úteis, e cinco euros são cinco euros. Sempre dão para a entrada de uma televisão a plasma, ou de uma play-station para os miúdos. Já viu o que é ser um miúdo de minoria ética e ver na televisão os outros, todos os outros, com play-stations? Então as play-stations são só para os ricos? Para os ricos e para os brancos?
Deixemos isso, que é coisa de menos. Um gajo não é minoria étnica porque quer. É porque sim. Porque é preto. Porque é castanho, em país de azuis. Ou árabe em país de judeus. Ou judeu em país anti-semita. Ou cigano, em quase toda a parte.
E quando se é minoria étnica, normalmente não se tem grande futuro no mercado do trabalho. Há sempre alguém com menos estudos, menos capacidades, menos inteligência que, ao ver-se preterido, dirá que os da minoria étnica são como os emigrantes. Andam a roubar o trabalho dos indígenas! Bem, indígenas, não. Indígena é preto. Ou índio. Ou malaio. Ou outra coisa qualquer, maori, tasmaniano (tasmaniano não porque já desapareceram todos. Parece que os exterminaram como exterminaram os dodots, uns passarocos que não sabiam voar. Um pássaro que não sabe voar e que é grande e gordo acaba sempre na panela de uma qualquer verdadeira, ou falsa, maioria étnica...).
Há uns anos, bastantes, passou por aí um filme chamado “Feios, porcos e maus”. Mostrava como estas três qualidades (se é que são qualidades) se dão melhor em meios pobres, excluídos, marginais. Como a tal Quinta de não sei quê, em Loures.
A propósito da dita Quinta correm rios de tinta. E chovem ainda tiros a esmo. Sempre os mesmos mas tiros de qualquer modo. Já agora, por onde é que andam os rapazes que pensavam que eram o bando de Al Capone no dia de S. Valentim?
Não é por nada, mas apesar de não viver na tal Quinta, não gostaria de me ver metido num tiroteio do mesmo género, um destes dias. Quem anda aos tiros pode acertar em alguém. Se os polícias não podem andar aos tiros quer-me parecer que os paisanos também não. Daí achar que, mesmo no caso de tudo aquilo não ser mais do que o resultado de umas cabecinhas quentes, conviria retirar-lhes as armas, e o calor, recolhendo-os em sítio onde não corram o risco de acertar num quiddam e envolver-se numa série de aborrecimentos que podem mesmo levar à cadeia...
Mas voltemos ao princípio. A televisão mostra umas maquinetas aos miúdos. E eles querem-nas. É natural. A televisão, ou outro meio, mostra casas, piscinas, montes alentejanos, restaurantes de luxo, hotéis em Zermatt, lugar na primeira fila no concerto de ano novo em Viena ou no festival de Salzburg e há cavalheiros que já não são crianças, sequer adolescentes e querem essas pequenas comodidades. Também querem dinheiro no banco, consideração social, prestígio e não sei que mais.
Ao contrario das crianças do bairro problemático, não têm pais que possam ficar a dever cinco euros à Câmara Municipal. Têm de ser eles mesmos a tratar de arranjar essas pequenas coisas que, como o caviar, preenchem a vida, de uma pessoa de bem. E que são caras. Demasiadamente caras...
Como no caso da Quinta de não sei quê, recorrem a meios pouco ortodoxos, ou francamente heterodoxos, para satisfazer os seus humanais apetites. Há mesmo quem lhes chame “corrupção”, feio nome para uma coisa tão simples quanto o realizar um sonho.
E os sonhos, sejam eles de ciganos, pretos, juízes, deputados banqueiros ou crianças são todos feitos da mesma matéria. Em alguma coisa havíamos de ser iguais, que raio!
Algum leitor dirá que isto não tem pés nem cabeça, que isto é um texto descosido e que não se percebe onde é que o autor quis chegar. Tem toda a razão. Todavia correndo o risco de me repetir, repetindo uma frase imortal do meu Mestre, o Cavaleiro de Oliveira, sempre direi: É preciso dar força à Razão para que o acaso não governe as nossas vidas.
Talvez valesse a pena usar essa máxima nos comentários sobre a Quinta não sei quê, em Loures. E pensar que há ciganos bons e ciganos maus, câmaras virtuosas e outras nem por isso, que ser minoria não justifica tudo, não desculpa tudo nem permite que se diga tudo contra ela.
E, já que se está com a mão na massa, avaliar se a armazenagem de excluídos, emigrantes pobres e marginais em bairros específicos é sempre má, ou só às vezes.
minoria étnica...
Não! De facto, não queria. Mesmo que só pagasse cinco euros pela casa, ou nem pagasse e ficasse a dever. A Câmara Municipal, a senhoria, é rica. Gastam dinheiro em coisas bem menos úteis, e cinco euros são cinco euros. Sempre dão para a entrada de uma televisão a plasma, ou de uma play-station para os miúdos. Já viu o que é ser um miúdo de minoria ética e ver na televisão os outros, todos os outros, com play-stations? Então as play-stations são só para os ricos? Para os ricos e para os brancos?
Deixemos isso, que é coisa de menos. Um gajo não é minoria étnica porque quer. É porque sim. Porque é preto. Porque é castanho, em país de azuis. Ou árabe em país de judeus. Ou judeu em país anti-semita. Ou cigano, em quase toda a parte.
E quando se é minoria étnica, normalmente não se tem grande futuro no mercado do trabalho. Há sempre alguém com menos estudos, menos capacidades, menos inteligência que, ao ver-se preterido, dirá que os da minoria étnica são como os emigrantes. Andam a roubar o trabalho dos indígenas! Bem, indígenas, não. Indígena é preto. Ou índio. Ou malaio. Ou outra coisa qualquer, maori, tasmaniano (tasmaniano não porque já desapareceram todos. Parece que os exterminaram como exterminaram os dodots, uns passarocos que não sabiam voar. Um pássaro que não sabe voar e que é grande e gordo acaba sempre na panela de uma qualquer verdadeira, ou falsa, maioria étnica...).
Há uns anos, bastantes, passou por aí um filme chamado “Feios, porcos e maus”. Mostrava como estas três qualidades (se é que são qualidades) se dão melhor em meios pobres, excluídos, marginais. Como a tal Quinta de não sei quê, em Loures.
A propósito da dita Quinta correm rios de tinta. E chovem ainda tiros a esmo. Sempre os mesmos mas tiros de qualquer modo. Já agora, por onde é que andam os rapazes que pensavam que eram o bando de Al Capone no dia de S. Valentim?
Não é por nada, mas apesar de não viver na tal Quinta, não gostaria de me ver metido num tiroteio do mesmo género, um destes dias. Quem anda aos tiros pode acertar em alguém. Se os polícias não podem andar aos tiros quer-me parecer que os paisanos também não. Daí achar que, mesmo no caso de tudo aquilo não ser mais do que o resultado de umas cabecinhas quentes, conviria retirar-lhes as armas, e o calor, recolhendo-os em sítio onde não corram o risco de acertar num quiddam e envolver-se numa série de aborrecimentos que podem mesmo levar à cadeia...
Mas voltemos ao princípio. A televisão mostra umas maquinetas aos miúdos. E eles querem-nas. É natural. A televisão, ou outro meio, mostra casas, piscinas, montes alentejanos, restaurantes de luxo, hotéis em Zermatt, lugar na primeira fila no concerto de ano novo em Viena ou no festival de Salzburg e há cavalheiros que já não são crianças, sequer adolescentes e querem essas pequenas comodidades. Também querem dinheiro no banco, consideração social, prestígio e não sei que mais.
Ao contrario das crianças do bairro problemático, não têm pais que possam ficar a dever cinco euros à Câmara Municipal. Têm de ser eles mesmos a tratar de arranjar essas pequenas coisas que, como o caviar, preenchem a vida, de uma pessoa de bem. E que são caras. Demasiadamente caras...
Como no caso da Quinta de não sei quê, recorrem a meios pouco ortodoxos, ou francamente heterodoxos, para satisfazer os seus humanais apetites. Há mesmo quem lhes chame “corrupção”, feio nome para uma coisa tão simples quanto o realizar um sonho.
E os sonhos, sejam eles de ciganos, pretos, juízes, deputados banqueiros ou crianças são todos feitos da mesma matéria. Em alguma coisa havíamos de ser iguais, que raio!
Algum leitor dirá que isto não tem pés nem cabeça, que isto é um texto descosido e que não se percebe onde é que o autor quis chegar. Tem toda a razão. Todavia correndo o risco de me repetir, repetindo uma frase imortal do meu Mestre, o Cavaleiro de Oliveira, sempre direi: É preciso dar força à Razão para que o acaso não governe as nossas vidas.
Talvez valesse a pena usar essa máxima nos comentários sobre a Quinta não sei quê, em Loures. E pensar que há ciganos bons e ciganos maus, câmaras virtuosas e outras nem por isso, que ser minoria não justifica tudo, não desculpa tudo nem permite que se diga tudo contra ela.
E, já que se está com a mão na massa, avaliar se a armazenagem de excluídos, emigrantes pobres e marginais em bairros específicos é sempre má, ou só às vezes.
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