Fado descosido (adenda a Au bonheur des Dames 140)
Foi penoso ver a prestação da senhora vereadora Ana Sara Brito. Tive vergonha por ela. E pelo senhor Presidente da Câmara, ali ao lado, a apoiar o que não pode ser apoiado.
Ora vejamos.
1 A senhora vereadora exerce funções autárquicas, há um pancadão de anos.
2 Foi durante o exercício dessa função que alugou à Câmara de que era vereadora (e não interessa o pelouro, porque a Vereação é o governo da Câmara) o apartamento de que, inocentemente,
3 se desfez quando passou a tutelar directamente a específica área da acção social.
Tudo isto foi dito na televisão e transcrito no jornal.
4 A senhora vereadora insiste em que a casa não era “habitação social” pelo que
entende que havia entre ela e a CML um normal contrato de arrendamento que
5 só começa a ser irregular quando (sic) ela toma conta da área de tutela da acção social e corria o risco de começar a ser senhoria e inquilina ao mesmo tempo.
Presumindo que a senhora vereadora é uma mulher inteligente, conviria perguntar qual é o entendimento que tem da função de vereadora. Se não sabe que esse cargo não a torna de per si senhoria mas apenas, porque membro da vereação, um dos elementos do colectivo camarário e, como tal, do senhorio da casa que ocupa. Ou por outras palavras para ela perceber: a vereação é a representante da Câmara que é obviamente a senhoria da casa.
Portanto se, como julgo, a senhora vereadora é uma mulher inteligente, fez muito mal em tentar tapar o sol com uma peneira e pensar que somos todos burros. Não somos, senhora vereadora, não somos. Vª Exª meteu os mimosos pés pelas mãozinhas. Está a vender-nos gato por lebre.
Ou então não tem cabecinha e a gente perdoa-lhe mas pergunta-se o que faz uma criatura descerebrada na vereação da principal cidade do país.
A senhora vereadora, do alto da sua alegada e proclamada inocência jura que se não demite. É pena! Ficava-lhe bem. Tem de ser demitida por quem de direito, porque fez o que não podia fazer e ainda não percebeu.
E aqui entra o jurista dr. António Costa. Entra como Presidente da Câmara e como jurista, diga-se. Devia, em vez de estar calado (na parte em que vi), corrigir a inocente colega de vereação e partido e explicar-lhe esse facto irrisório que é o de ela enquanto vereadora ser senhoria, enfim representante do senhorio.
Fez-me pena ver o dr. Costa ali. Eu sei que fica bem ser leal. Acompanhar os camaradas nos bons e maus momentos. Mas, há sempre um mas, isso não pode ajudar à festa de enganos que a argumentação da senhora vereadora teceu.
Nem explica como é que a casa lhe foi parar às mãos, quanto começou por pagar (estes cento e quarenta e tal euros terão começado por ser muito menos, até nem deve ser difícil fazer as contas para trás bastará ir aos índices de aumento de rendas anuais para achar o primitivo quantitativo). E poderá dizer-se agora que os vinte e tal contos actuais seriam há vinte anos um preço mais ou menos normal para um apartamento na rua do Salitre. Só que há vinte anos se calhar a renda paga era cinco vezes mais baixa!.... Ou seja: um achado, um milagre, ou pior um favor estranho.
Ontem disse aqui que tinha consideração pela senhora vereadora. Mal a conhecia mas as circunstâncias em que a vi e ouvi, uma vez, há anos, tornaram-ma simpática. A partir desta conferencia de imprensa as coisas mudam. Não gosto de ser tratado como um pateta nem gosto de pessoas que atiram areia aos olhos dos outros. Verifico que a senhora vereadora (se ainda o é) não gosta de perder nem a feijões. É com ela. E com o partido que a mantiver.
Por menos, muito menos, está o dr Santana dos violinos de Chopin no banco dos réus. Deve estar a divertir-se à grande com este inesperado trunfo que uma vereadora do PS lhe oferece. De bandeja.
Nota que não tem a ver com isto: a senhora vereadora até poderia ser utente de uma casa classificada como habitação social. Os pobres também podem ser vereadores. O que a ela lhe falta (ou lhe sobra) é rendimentos condizentes. Os jornais falam numa reforma de três mil trezentos e tal euros. Para que se saiba: a reforma de um assessor principal no último escalão da função publica (e os AP são os mais altos funcionários da carreira) com o tempo de serviço completo é inferior. Muito inferior.
* a gravura representa 0 terramoto de Lisboa e foi pilhada num blog dum mestre do Técnico chamado Pisco. 'brigadinhos!
Ora vejamos.
1 A senhora vereadora exerce funções autárquicas, há um pancadão de anos.
2 Foi durante o exercício dessa função que alugou à Câmara de que era vereadora (e não interessa o pelouro, porque a Vereação é o governo da Câmara) o apartamento de que, inocentemente,
3 se desfez quando passou a tutelar directamente a específica área da acção social.
Tudo isto foi dito na televisão e transcrito no jornal.
4 A senhora vereadora insiste em que a casa não era “habitação social” pelo que
entende que havia entre ela e a CML um normal contrato de arrendamento que
5 só começa a ser irregular quando (sic) ela toma conta da área de tutela da acção social e corria o risco de começar a ser senhoria e inquilina ao mesmo tempo.
Presumindo que a senhora vereadora é uma mulher inteligente, conviria perguntar qual é o entendimento que tem da função de vereadora. Se não sabe que esse cargo não a torna de per si senhoria mas apenas, porque membro da vereação, um dos elementos do colectivo camarário e, como tal, do senhorio da casa que ocupa. Ou por outras palavras para ela perceber: a vereação é a representante da Câmara que é obviamente a senhoria da casa.
Portanto se, como julgo, a senhora vereadora é uma mulher inteligente, fez muito mal em tentar tapar o sol com uma peneira e pensar que somos todos burros. Não somos, senhora vereadora, não somos. Vª Exª meteu os mimosos pés pelas mãozinhas. Está a vender-nos gato por lebre.
Ou então não tem cabecinha e a gente perdoa-lhe mas pergunta-se o que faz uma criatura descerebrada na vereação da principal cidade do país.
A senhora vereadora, do alto da sua alegada e proclamada inocência jura que se não demite. É pena! Ficava-lhe bem. Tem de ser demitida por quem de direito, porque fez o que não podia fazer e ainda não percebeu.
E aqui entra o jurista dr. António Costa. Entra como Presidente da Câmara e como jurista, diga-se. Devia, em vez de estar calado (na parte em que vi), corrigir a inocente colega de vereação e partido e explicar-lhe esse facto irrisório que é o de ela enquanto vereadora ser senhoria, enfim representante do senhorio.
Fez-me pena ver o dr. Costa ali. Eu sei que fica bem ser leal. Acompanhar os camaradas nos bons e maus momentos. Mas, há sempre um mas, isso não pode ajudar à festa de enganos que a argumentação da senhora vereadora teceu.
Nem explica como é que a casa lhe foi parar às mãos, quanto começou por pagar (estes cento e quarenta e tal euros terão começado por ser muito menos, até nem deve ser difícil fazer as contas para trás bastará ir aos índices de aumento de rendas anuais para achar o primitivo quantitativo). E poderá dizer-se agora que os vinte e tal contos actuais seriam há vinte anos um preço mais ou menos normal para um apartamento na rua do Salitre. Só que há vinte anos se calhar a renda paga era cinco vezes mais baixa!.... Ou seja: um achado, um milagre, ou pior um favor estranho.
Ontem disse aqui que tinha consideração pela senhora vereadora. Mal a conhecia mas as circunstâncias em que a vi e ouvi, uma vez, há anos, tornaram-ma simpática. A partir desta conferencia de imprensa as coisas mudam. Não gosto de ser tratado como um pateta nem gosto de pessoas que atiram areia aos olhos dos outros. Verifico que a senhora vereadora (se ainda o é) não gosta de perder nem a feijões. É com ela. E com o partido que a mantiver.
Por menos, muito menos, está o dr Santana dos violinos de Chopin no banco dos réus. Deve estar a divertir-se à grande com este inesperado trunfo que uma vereadora do PS lhe oferece. De bandeja.
Nota que não tem a ver com isto: a senhora vereadora até poderia ser utente de uma casa classificada como habitação social. Os pobres também podem ser vereadores. O que a ela lhe falta (ou lhe sobra) é rendimentos condizentes. Os jornais falam numa reforma de três mil trezentos e tal euros. Para que se saiba: a reforma de um assessor principal no último escalão da função publica (e os AP são os mais altos funcionários da carreira) com o tempo de serviço completo é inferior. Muito inferior.
* a gravura representa 0 terramoto de Lisboa e foi pilhada num blog dum mestre do Técnico chamado Pisco. 'brigadinhos!
1 comentário:
É um triste e lamentável episódio, que só admitia a imediata demissão da excelsa vereadora. Mas, à luz da legislação autárquica, a demissão de um vereador só depende do próprio. Recorde-se que a senhora vereadora era uma apologista da ética e dos valores na política durante a campanha presidencial de Manuel Alegre…
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