Sera la logique une pomme de terre?*
O cidadão Mário Lino será engenheiro, será ministro mas decerto não é alguém que usa a lógica. Usará a boa fé?
Interrogado sobre o caso “Freeport” afirmou que não tem dúvidas que o processo agora em foco tem motivações políticas.
Perguntado quem estaria por trás dessas motivações, o cidadão Mário Lino disse que não sabia.
Trata-se, pois, de uma questão de fé.
(Quem fez o mundo? - Deus. - Como? – Não sei. Porquê? –Também não.)
Quanto ao problema de identificar a vítima, o cidadão Mário Lino, volta a não ter dúvidas: trata-se de, assegura, atingir o Primeiro Ministro.
Se assim é, e será assim na óptica do intrépido descobridor do deserto do sul (onde o Freeport será um oásis...), temos que novamente o fulgor da fé ilumina o espírito poderoso de Mário Lino. Há uma cabala para atingir o Primeiro Ministro orquestrada por não se sabe quem mas com claras motivações políticas. Percebe-se?
Eu, se estivesse na pele do cidadão Mário Lino, tentaria primeiro identificar a vil origem deste mal moderno que é a cicuta noticiosa que tenta envenenar o cidadão José Sócrates. Ficaria bem a um engenheiro, pessoa decerto habituada à fria crueza da realidade, tentar encontrar argumentos que excedam a fé pura e simples. Não que esta não arraste montanhas mas no caso apenas se gostaria que trouxesse no aluvião de notícias a verdade.
Bem sei que estes novos ventos inquisitoriais sopram de Inglaterra donde, durante anos, e quase duzentos volumes!!!, nem uma brisa se sentiu. Temos pois, não uma fé mas uma suspeita de que é lá que está a central de boato e escândalo que tenta enxovalhar o bom nome das autoridades portuguesas. Se for assim, quem é que lucra com o ataque? Sª Majestade, a Rainha Isabel? O fantasma de Lady D? O Manchester United?
Ou, para tentar alcançar as perplexidades do cidadão Lino, será que estamos perante uma versão post-moderna da velha aliança luso-britânica de que fomos sempre vítimas propiciatórias? Não lhes bastou o Tratado de Meetween ou o esbulho de bens portugueses durante a guerra peninsular? Estamos perante uma segunda volta do mapa cor de rosa?
Se eu fosse uma pessoa mais impiedosa teria escrito outro texto: por exemplo, algo onde se dissesse ao enfatuado cidadão Mário Lino que a palavra pode ser de prata (e a dele, está visto que não é) mas o silêncio é de oiro. E aqui, neste tema, a prudência torna-o de diamante. Nem José Sócrates precisa de amigos desastrados, nem os portugueses devem ser confrontados com estes argumentos de uma penosa e tíbia lógica.
O cidadão Lino tem o condão do toque de Midas ao contrario: onde mexe, estraga.
* o título em francês (enfim em franciú) é obviamente “un hommage a Mariô Linô”
** entendeu-se usar o nobre termo de cidadão porque se espera que os cavalheiros citados sejam julgados pela opinião pública como tal e não com a muleta político-partidária. O que, no caso, de Mário Lino, não parece evidente.
Interrogado sobre o caso “Freeport” afirmou que não tem dúvidas que o processo agora em foco tem motivações políticas.
Perguntado quem estaria por trás dessas motivações, o cidadão Mário Lino disse que não sabia.
Trata-se, pois, de uma questão de fé.
(Quem fez o mundo? - Deus. - Como? – Não sei. Porquê? –Também não.)
Quanto ao problema de identificar a vítima, o cidadão Mário Lino, volta a não ter dúvidas: trata-se de, assegura, atingir o Primeiro Ministro.
Se assim é, e será assim na óptica do intrépido descobridor do deserto do sul (onde o Freeport será um oásis...), temos que novamente o fulgor da fé ilumina o espírito poderoso de Mário Lino. Há uma cabala para atingir o Primeiro Ministro orquestrada por não se sabe quem mas com claras motivações políticas. Percebe-se?
Eu, se estivesse na pele do cidadão Mário Lino, tentaria primeiro identificar a vil origem deste mal moderno que é a cicuta noticiosa que tenta envenenar o cidadão José Sócrates. Ficaria bem a um engenheiro, pessoa decerto habituada à fria crueza da realidade, tentar encontrar argumentos que excedam a fé pura e simples. Não que esta não arraste montanhas mas no caso apenas se gostaria que trouxesse no aluvião de notícias a verdade.
Bem sei que estes novos ventos inquisitoriais sopram de Inglaterra donde, durante anos, e quase duzentos volumes!!!, nem uma brisa se sentiu. Temos pois, não uma fé mas uma suspeita de que é lá que está a central de boato e escândalo que tenta enxovalhar o bom nome das autoridades portuguesas. Se for assim, quem é que lucra com o ataque? Sª Majestade, a Rainha Isabel? O fantasma de Lady D? O Manchester United?
Ou, para tentar alcançar as perplexidades do cidadão Lino, será que estamos perante uma versão post-moderna da velha aliança luso-britânica de que fomos sempre vítimas propiciatórias? Não lhes bastou o Tratado de Meetween ou o esbulho de bens portugueses durante a guerra peninsular? Estamos perante uma segunda volta do mapa cor de rosa?
Se eu fosse uma pessoa mais impiedosa teria escrito outro texto: por exemplo, algo onde se dissesse ao enfatuado cidadão Mário Lino que a palavra pode ser de prata (e a dele, está visto que não é) mas o silêncio é de oiro. E aqui, neste tema, a prudência torna-o de diamante. Nem José Sócrates precisa de amigos desastrados, nem os portugueses devem ser confrontados com estes argumentos de uma penosa e tíbia lógica.
O cidadão Lino tem o condão do toque de Midas ao contrario: onde mexe, estraga.
* o título em francês (enfim em franciú) é obviamente “un hommage a Mariô Linô”
** entendeu-se usar o nobre termo de cidadão porque se espera que os cavalheiros citados sejam julgados pela opinião pública como tal e não com a muleta político-partidária. O que, no caso, de Mário Lino, não parece evidente.
2 comentários:
Gostei muito deste post. traduz o ponto de vista de esquerda de entender a política.
A política, no sentido democrático, surgiu na Grécia pensando o mundo da vida. A polis não significava só cidade, mas espírito de vida em comum. Pensar politicamente não é "lavar" a imagem de um partido ou de um lider partidário, mas pensar o mundo da vida e procurar que esse mundo seja vivido com mais autenticidade e equidade. A política não vale a pena se consiste apenas em “jogos de simulação”, quer para afirmar uma autoridade (que se tem medo de perder), quer para insinuar alianças onde elas não existem. Afirmar-se que há uma aliança CDS/CGTP por votarem a mesma proposta, não lembra ao diabo. È um sofisma equivalente a um outro: “se não estás comigo, estás contra mim.” Se assim fosse, teria de concluir que, uma vez que há tipos do CDS que gostam de um bife com batas fritas, “jamais” poderia comer bife com batatas fritas.
Sócrates abusa dos sofismas e está a criar escola. Simplesmente, os sofismas não dão credibilidade, tal como não dá credibilidade as mixórdias em que se tem metido: licenciatura por fax, construções na Cova da Beira e licenciamento do Freeport.
Caro Primo de Amarante, é claro que CDS e CGTP (e PSD, e PCP, e BE, etc.) são livres de convergirem. O que pretendi salientar foi que o único elemento de união entre ambas as organizações não é a preocupação com a avaliação dos professores, mas sim a vontade de encontrar na avaliação dos professores um factor de desgaste do Governo. Isto não é jogo de simulação, mas sim a realidade. E daí não vem mal ao mundo. Quem está na acção política tem de estar preparado para isso.
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