12 janeiro 2009

Para o povo não há paraísos

Paulo Baldaia, Director da TSF, escreveu há dias no JN um artigo de opinião que merece um especial destaque por se tratar, do meu ponto de vista, duma síntese exemplar do que está verdadeiramente em causa na presente crise. Aqui vai o final desse texto. Para ler o início ver aqui.

Empresários e accionistas por todo o mundo recebem milhões de lucros quando tudo corre bem e fecham portas ou estendem a mão ao dinheiro dos contribuintes quando as coisas correm mal. E assim vamos vivendo, num sistema em que a riqueza nunca é bem distribuída, mas em que a ambição de todos valida o sucesso de uns poucos. Importa viver na ilusão de que todos podemos ter cada vez mais, mesmo que seja evidente que isso é impossível.

Aqui chegados, são preciso políticos com coragem. Chega de discursos bonitos sobre o papel do Estado, é preciso acabar rapidamente com os 'offshore", que significam a possibilidade de conduzir a economia sem "estar sujeito às leis nacionais", ou seja, sem "estar sujeito à legislação fiscal do país de que se faz parte". É aquilo que o povo conhece como "paraísos fiscais". Conhece mas não pratica, porque no mundo em que vivemos os paraísos (fiscais) são um luxo dos ricos.

A crise global é uma crise do sistema, não é apenas, como nos querem fazer crer, uma crise financeira e económica. Ou se mudam as regras que favorecem os que já têm muito, ou vai continuar tudo na mesma até à próxima crise, que terá inevitavelmente contornos mais graves que a actual.

O Homem precisa de regras que controlem a sua ambição de riqueza. O comum dos mortais apenas precisa de um trabalho com que ganhar a vida e é isso que vai faltar. E tudo isto acontece porque o mundo pouco ou nada é governado pelos políticos eleitos em Democracia, mas pelos Madoff e Oliveira e Costa a quem as leis do mundo livre - feitas pelos políticos eleitos - só se aplicam quando as coisas correm mal. Neste mundo em que vivemos, para os ricos, roubar não é crime. Crime é ser apanhado.

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