04 fevereiro 2009

Au Bonheur des Dames 170


Em anterior post comentava eu algumas subtilezas da nossa exuberante vida autárquica que alguém, sem dúvida apressadamente, crismava de manancial da democracia. Será. Todavia, isto há-de ter algumas fronteiras que vão desde a risonha Felgueiras até uma terra de que me escapa o nome mas que será apontada.
Comecemos por Felgueiras cuja padroeira também se chama Fátima embora em tom (e carne) mais terrenal e com botox e muita tinta no cabelo. A actual heroína do folhetim felgueirense, de sua graça Fátima, anda pelos tribunais acusada de um par de irregularidades mais comprido do que a légua da Póvoa. Em anterior julgamento foi condenada a uma pena relativamente benigna. Mas foi condenada. Agora arrosta com mais outra se se provarem os factos de que vem acusada. Entretanto sabe-se que a simpática e munificente Câmara a que preside entendeu num gesto largo e moscovita pagar todas as despesas com os processos que sucessivamente lhe vão caindo em cima. Diz-se mesmo que nessa generosa doação cabem os gastos com uma precipitada fuga para o Brasil e, espera-se, com a estadia no mesmo país, operações plásticas ou similares (se as houve) a que se submeteu para reparar a cútis cansada das vicissitudes do tempo, da política e da idade. Ora toma!
A Procuradoria da República já produziu um douto parecer em que se consideram ilegais tais pagamentos mas o advogado da ré replicou que um parecer da PR é tão só um parecer e que outros há, pedidos (e pagos) pela Câmara (a que a ré preside, lembremos) e que se louvam em doutrina contrária. Como se vê, no mercado há pareceres de todas as cores e feitios. À cautela já corre no Tribunal Administrativo competente uma acção tendente a pedir a reposição do cacau abonado para a gratificante tarefa de defender Fátima dos seus ímpios perseguidores.

Noutra localidade, li com estes que a terra há-de comer, o P.S. escolheu um candidato à Câmara que no seu currículo tem um ligeiro senão. Foi, até ao momento da proclamação como candidato, militante conhecido e importante, do PPD local. Vamos que pelo menos já pediu a sua desinscrição, o que só lhe fica bem. Estamos a vê-lo, ao candidato, ainda na sua veste de social-democrata (Que querem? É assim que chamam aos do PPD!...) a cavalo pela estrada de Damasco, digo de Lisboa, subitamente varado por um raio de luz. E uma voz longínqua a dizer-lhe: porque me persegues? E ele, apeando-se a ajoelhando: engenheiro, engenheiro quem és tu? E numa nuvem cor de rosa, uma multidão da distrital socialista a acenar-lhe com palmas e a a investi-lo na missão altamente apostólica de candidato à municipalidade. É bonito!

Neste comedia de enganos eis-nos de novo frente ao arcanjo Narciso Miranda. Diz o ex-autarca matosinhense que nada, sequer um lugar de deputado europeu, o demove de concorrer à Câmara de Matosinhos. A isto chama-se amor. E desprezo pelo dinheiro. Será Narciso rico? Será apenas um sonhador, mas pobre?
Conta Narciso que lhe ofereceram a candidatura socialista à Câmara de Gaia. Que o autor de tal pirueta foi o senhor Sampaio, actual manda-chuva distrital socialista. Entretanto o dito cujo senhor Sampaio está calado e não corrobora nem desmente Narciso. Mas convinha que dissesse algo sobre o assunto. Porque se é verdade o que diz Narciso, ficamos sem perceber bem o que é que o P.S. quer. Ora vejamos.
Oferece Gaia para ganhar? E nesse caso porque não aceitar o pedido de Narciso para Matosinhos?
Ou pensarão que Gaia está perdida e que nem Narciso apesar de todos os encantos com que os deuses o dotaram a ganha? E nesse caso, Sampaio, o melífluo, terá tentado armadilhar Narciso.
Sampaio conhece mal (se sequer conhece) a mitologia grega: para abater Narciso bastará um espelho, nem que seja o das eleições. Némesis não costuma perdoar.
Alguém desse distinto grupo de leitoras dirá que estou a atirar com pérolas (a mitologia) a filisteus (para não dizer outra coisa mais adequada à verdadeira fábula). É possível mas convém tratar estas minudências pestilenciais com um pouco de dignidade para não soçobramos na mesma feia e triste realidade.
Dirão que daqui até às eleições muita tinta ainda há-de correr. Acredito. Espero, até, começar a perceber o que Elisa Ferreira tem para dizer sobre o Porto. Convenhamos que já o deveria ter dito. Até à data, murmurou qualquer coisa que se resume a ser diferente de Rui Rio. Claro que é. Ela é mulher e ele não. Fora isso, que é de somenos, nada mais sabemos. Não parece extraordinário?

6 comentários:

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Caro MCR, foi em Paços de Ferreira que o PS escolheu um candidato até aqui ligado ao PSD. Paços de Ferreira que lhe diz muito...

M.C.R. disse...

É verdade! e o candidato chama-se Brito e é dr ou passa por tal. Não tem hipóteses contra o presidente da Câmara actual que é muito dinâmico e goza de confortável apoio popular.

M.C.R. disse...
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M.C.R. disse...
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M.C.R. disse...
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Mocho Atento disse...

S.Paulo,a caminho de Damasco, terá ido a pé.

O cavalo é uma ilustre criação de pintores.Veja-se Caravaggio! Fenomenal!!!