É óbvio que os partidos não se mudam por dentro. Estou inteiramente de acordo com o sempre avisado compadre esteves, no seu comentário a um post que ontem aqui coloquei.
E não mudam por dentro por uma razão simples: para mudar, é necessário ganhar eleições internas num qualquer órgão partidário. Mas para ganhar essas eleições, é preciso agir como aqueles que combatemos: pagar as quotas atrasadas dos outros, arregimentar votos, bater às portas, fazer promessas de empregos para quando se for poder, traficar influências... Quem não faz isto, não ganha eleições internas. E, não as ganhando, nunca se terá poder para mudar as coisas por dentro.
E conseguir-se-á mudar os partidos por fora? Tenho dúvidas, também. É evidente que quem tem acesso aos meios de comunicação social pode fazer algum esforço. Denunciando. Assumindo posições sérias, mesmo quando em desacordo com a linha oficial do partido, mesmo quando se sujeita a sanções disciplinares ou a perder a confiança política. Mas, quam assim age, depressa se torna numa espécie de besta negra, que se sacode logo que seja possível.
Em suma: os partidos estão como estão e não querem ser mudados. Até ao dia em que perceberem que ninguém os quer mudar, porque já não servem para coisa nenhuma.
23 junho 2004
Mudar os partidos?
Marcadores: carteiro (Coutinho Ribeiro), política
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4 comentários:
E isso é terrível para quem acredita na democracia e se bateu por ela.
Eis porque anda o país deprimido dependente do Euro 2004...
Imagino que tudo isto seja mais um dilema a acrescer aos relatados no post seguinte...
Caro Carteiro, se não quer "andar para trás", ou seja, se não quer reduzir o seu income, tem de continuar a palmilhar esses caminhos que, pelos vistos, lhe são pouco apelativos, ou passar a registar andares recuados em nome de familiares. Claro que também há a tal hipótese de seguir a utopia... pelo menos sempre podia fazer mais umas rotundazinhas prá malta, sei lá!
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