Reler O’Neill é um bom escape para este sentimento de enjoo. Enjoo dos políticos que temos, da forma como tratam os partidos onde se integram e o país a que pertencem.
Pediram que colocássemos bandeiras nas janelas e nas varandas. Como disse Pessoa, uma bandeira não é um pano, é uma Nação. A Nação não pode respeitar políticos que se tornaram, como, de uma forma luminosa, foi referido num post, em “candongueiros da democracia”.
Para os candongueiros, pertencer a um partido não é “tomar parte”, por uma determinada concepção do homem, da vida e do mundo, e procurar organizar o Estado de harmonia com essa concepção. Um candongueiro utiliza o partido como instrumento de sucesso pessoal; um candongueiro não governa em função de um contrato que estabeleceu com os seus eleitores, mas em conformidade com as oportunidades de contrabandear interesses partidulares; um candongueiro não sabe o que é uma ética do serviço público, porque só se preocupa com o “olhar pela vidinha”.
Os candongueiros conhecem-se pela forma como "sabem viver" na política.
Qual será a diferença entre o facto de Durão Barroso deixar de ser primeiro-ministro para ocupar o cargo de Presidente do Parlamento Europeu (dentro do contexto em que isso acontece) e os “boys” utilizarem os seus partidos para procurarem um “job” na mesa do orçamento de todos nós?!...
Quer num caso quer no outro há o mesmo sentido de "saber viver".
Pedem-nos que coloquemos bandeiras nas janelas e nas varandas, mas fazem da bandeira o pano que cobre a mesa de um orçamento e não o signo que desenvolve as energias de uma Nação. O que para eles está em questão não são as energias que desenvolve o significado de uma bandeira, mas o olhar pela vidinha, "sabendo viver".
E, como diz O’Neill,
“Saber viver é vender a alma ao diabo,
a um diabo humanal, sem qualquer transcendência,
a um diabo que não espreita a alma, mas o furo,
a um santanazim que se dá por contente
de te levar a ti, de escarnecer de mim…”
29 junho 2004
Sentimento de enjoo
Marcadores: política, Primo de Amarante (compadre Esteves-JBM), sociedade
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2 comentários:
Ó compadre, quem escreve assim não é gago! Venham mais cinco!
É certamente a este "pobre país" a que o outro se refere...
Bravo pela lucidez. A ideia de serviço público é uma ideia morta e só não está enterrada porque ainda há alguns teimosos que a julgam apenas adormecida.
Santana, servidor da res publica?!!
Sampaio?!! POrtas?!!!!!
Deixa-me parar que daqui a pouco não tenho espaço para os pontos de exclamação.
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