O objectivo de uma armadilha para coelhos é caçar coelhos. Quando estes são agarrados, esquece-se a armadilha. O objectivo das palavras e dos nomes é transmitir o sentido do ser, a melodia da existência. Quando esta é apreendida, as palavras são esquecidas.
Chuang Tzu
16 julho 2004
A função das palavras
Marcadores: filosofando, Primo de Amarante (compadre Esteves-JBM)
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15 comentários:
Eu diria que para além disto tudo, os sentidos são articulados pelas palavras ( ou seria pela linguagem? ). Mesmo quando elas não são ditas.
Gostei do texto e do comentário ao texto .
Ao "nosso" Carteiro
Ao Compadre Esteves, à laia de "resposta" a um certo desafio...
À marinquieto, quiçá uma nova descoberta em poesia
À Eugénia, leitora assídua e poeta
A L.C., sempre
A todos que o queiram saborearEntre nós e as palavras há metal fundente
entre nós e as palavras há hélices que andam
e podem dar-nos morte violar-nos tirar
do mais fundo de nós o mais útil segredo
entre nós e as palavras há perfis ardentes
espaços cheios de gente de costas
altas florestas venenosas portas por abrir
e escadas e ponteiros e crianças sentadas
à espera do seu tempo e do seu precipício
Ao longo da muralha que habitamos
há palavras de vida há palavras de morte
há palavras imensas, que esperam por nós
e outras, frágeis, que deixaram de esperar
há palavras acesas como barcos
e há palavras homens, palavras que guardam
o seu segredo e a sua possição
Entre nós e as palavras, surdamente,
As mãos e as paredes de Elsenor
E há palavras e nocturnas palavras gemidos
palavras que nos sobem ilegíveis á boca
palavras diamantes palavras nunca escritas
palavras impossíveis de escrever
por não termos connosco cordas de violinos
nem todo o sangue do mundo nem todo o amplexo do ar
e os braços dos amantes escrevem muito alto
muito além do azul onde oxidados morrem
palavras maternais só sombra só soluço
só espasmos só amor só solidão desfeita
Entre nós e as palavras, o nosso dever falar
Desculpem, já é a treceira tentativa e não consigo que apareça o espaço que deixo, ao escrever, entre as dedicatórias e o poema.
Agora saiu-me treceira em vez de terceira...
E finalmente dou conta que me esqueci de referir o nome do autor do poema (é o que dá estar a blogar e a ouvir as notícias ao mesmo tempo...). Grave falta, a que deve ser aplicada a PENA CAPITAL - Mário Cesariny .
Deita-se cedo.
Kamikaze, obrigada. O poema é belíssimo.
Ainda não acordei do jantar cinegético e do poema colocado por kamikaze.
É preciso dar tempo ao tempo, para que o tempo não dissolva o sentido das palavras.
"é preciso dar tempo ao tempo para que o tempo não dissolva o sentido das palavras."
Tem razão, compadre. E às vezes precisamos relembrar.
fico a aguardar o seu tempo de dar troco à nóvel comentadora marinquieto que parece ter chegado ao Incursões cheia de garra. Aceitou um desafio seu que "contornei" e assume-se como cidaDÃ, o que me agrada, já que este blog me parece bastante dominado pelo género masculino (sem desprimor, entenda-se...).
Isto ainda acaba mudando. Agora pensando cá com os meus botões, será que mudando serão criadas "cotas"?
( perdoem, mas não resisti :)
Aceitar cotas não será subscrever uma indignidade?!...Cotas no que deve ser igual não será fazer do "igual" menos igual!?...
Rindo aqui...Agora parecemos concordar, compadre. Começava a pensar que nunca concordaríamos : )
É um absurdo a criação de cotas, por isso ironizei.
Nós as temos aqui por uma razão, vocês as têm aí ( ou estão apenas ameaçados, penso) por outra.
Penso que o nosso destino é concordar: é o destino que as musas traçam, quando sopram ao ouvidinho!
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