Depois do jurássico (Barreto e Bagão), chegaram finalmente as novas (?) gerações do «santanismo», que pretendem pastorear o País. Ficou tudo espantado. O que era aquilo? Qual era o nexo? O propósito? A ideia? Ninguém sabe explicar. Muda a «orgânica» do Governo, o que significa meses sem fim de querelas de competência, de orçamento, de personalidades. Não se vai encontrar um papel, um plano, um responsável. A intriga vai ferver. E, ainda por cima, cinco ou seis ministros entram em estado de inocência na trapalhada endémica a que se convencionou chamar, por eufemismo, administração pública. E porquê esta ginástica essencialmente frívola? Por causa de negociações que o primeiro-ministro garante que não houve? Apareceram amigos com «direitos»? Ou, simplesmente, o favor, como o amor, com o favor se paga? O recrutamento também não se percebe: dois chefes de polícia (Fernando Negrão, Daniel Sanches), com certeza um caso único na Europa; duas senhoras sem espécie de experiência política conhecida (Carmo Seabra e Maria João Bustorff); e a direcção do CDS em peso (Portas, Nobre Guedes, Telmo Correia), talvez para fingir que o partido existe. Pior que o recrutamento, só o grande mistério da distribuição: Nobre Guedes no Ambiente? Telmo Correia no Turismo? Negrão na Segurança Social? Vale a pena continuar? O último Governo que deu este sentimento de uma caranguejola fabricada à pressa e ao acaso foi o V Governo de Vasco Gonçalves. A coisa, que podia ser cómica, não tem graça. Metade dos ministros nem sequer imagina no que se está a meter. Não representa uma política e não inspira respeito. Com um dia de vida, o Governo já precisa de uma remodelação e o primeiro-ministro já perdeu o benefício da dúvida. Mas quem paga, é bom lembrar, somos sempre nós.
Vasco Pulido Valente, no DN
18 julho 2004
"O que é isto?"
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5 comentários:
Lúcida análise. Também já tinha dito que este Governo, na forma como estava a ser formado, parecia o V de Vasco Gonçalves. A previsão confirmou-se.Só tenho pena de algumas pessoas que acederam a pressões e ainda são muito novas para estas embrulhadas!
Marinquieto amigo (a): já lhe respondi no "anjinho". Vou precisar de algum intervalo, pois tenho compromissos profissionais a resolver. O meu silêncio só significa saudade e, por isso, desejo de regressar ao debate. Estou convicto da importância da nota que deixei no texto sobre "jogos de linguagem" (Wittgenstein).
Saudações revolucionárias e até ao meu regresso.
Mas, logo à noite, depois de cumprir as tarefas profissionais, vou ver se volto ao blog. Isto já se tornou um vicio!
Só não percebo, por que é que o compadre Lemos ainda conserva este friso de marretas!
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