A globalização já não é um processo de liberalização e rápidas trocas comerciais. A globalização já não é, sobretudo, um inovador processo de intercâmbio de mercadorias e de capitais.
É, também, uma nova forma de permuta e oportunidade de materializar projectos de pessoas. Se o fenómeno de imigração ilegal do Sul (pobre e excluído) para o Norte (rico e integrado) embaraça os poderes constituídos, é bem certo que um acontecimento como o da conquista do 2.º lugar na prova de 100 metros dos Jogos Olímpicos por Francis Obikwelu é um bálsamo para consciências comprometidas.
Qual seria o destino previsível, em Portugal, de um jovem negro nigeriano, só, isolado e que quase não falava português (mesmo que esse jovem tivesse já um excepcional currículo como atleta)?
O destino que esse mesmo jovem experimentou: trabalhar na construção civil.
Quis o destino que uma boa alma (professora inglesa do Algarve) tivesse atentado nas aparentes capacidades do jovem e o tivesse encaminhado para um clube secundário (Belenenses), onde o aceitaram para praticar atletismo.
Uma vez aí, perante o infortúnio da solidão, mais uma vez, o destino levou esse jovem a «adoptar» uma família portuguesa que o apoiou, até entrar para um clube mais promissor com outros pergaminhos (Sporting).
Há cerca de dois anos, perante o ar incrédulo (mesmo escandalizado) da jornalista que lhe fez a pergunta, o jovem afirmou que tinha um objectivo: ganhar uma medalha nos Jogos Olímpicos de 2004.
No domingo passado (22/08/04) o jovem concretizou esse objectivo: ganhou a medalha de prata numa das provas rainhas das Olimpíadas (pelo caminho, acumulou os records nacional e europeu): o segundo lugar nos 100 metros, ombreando com as super-estrelas do firmamento das potências desportivas.
Esta história revela o poder da determinação de alguém que teve de abandonar o seu país para procurar cumprir o seu desígnio no Norte. Acidentalmente, em Portugal.
Para culminar, a candura da dedicatória dos louros (num português encontrado a custo, para outro sector de excluídos): os deficientes.
Obikwelu é bem o exemplo do que pode fazer uma determinação exigente e bem orientada.
Conjugando a identificação do talento por uma inglesa, a afectividade da família portuguesa e a orientação técnica de uma treinadora espanhola, Obikwelu triunfou.
Deixou-nos mais contentes. Deixou-nos mais felizes, por ele, e pelo que ele representa, afinal. O (merecido) Olimpo dos excluídos.
Para ele, o nosso reconhecimento, lembrando uns versos de Manu Chao
Solo voy com mi pena
Mangadalpaca©
É, também, uma nova forma de permuta e oportunidade de materializar projectos de pessoas. Se o fenómeno de imigração ilegal do Sul (pobre e excluído) para o Norte (rico e integrado) embaraça os poderes constituídos, é bem certo que um acontecimento como o da conquista do 2.º lugar na prova de 100 metros dos Jogos Olímpicos por Francis Obikwelu é um bálsamo para consciências comprometidas.
Qual seria o destino previsível, em Portugal, de um jovem negro nigeriano, só, isolado e que quase não falava português (mesmo que esse jovem tivesse já um excepcional currículo como atleta)?
O destino que esse mesmo jovem experimentou: trabalhar na construção civil.
Quis o destino que uma boa alma (professora inglesa do Algarve) tivesse atentado nas aparentes capacidades do jovem e o tivesse encaminhado para um clube secundário (Belenenses), onde o aceitaram para praticar atletismo.
Uma vez aí, perante o infortúnio da solidão, mais uma vez, o destino levou esse jovem a «adoptar» uma família portuguesa que o apoiou, até entrar para um clube mais promissor com outros pergaminhos (Sporting).
Há cerca de dois anos, perante o ar incrédulo (mesmo escandalizado) da jornalista que lhe fez a pergunta, o jovem afirmou que tinha um objectivo: ganhar uma medalha nos Jogos Olímpicos de 2004.
No domingo passado (22/08/04) o jovem concretizou esse objectivo: ganhou a medalha de prata numa das provas rainhas das Olimpíadas (pelo caminho, acumulou os records nacional e europeu): o segundo lugar nos 100 metros, ombreando com as super-estrelas do firmamento das potências desportivas.
Esta história revela o poder da determinação de alguém que teve de abandonar o seu país para procurar cumprir o seu desígnio no Norte. Acidentalmente, em Portugal.
Para culminar, a candura da dedicatória dos louros (num português encontrado a custo, para outro sector de excluídos): os deficientes.
Obikwelu é bem o exemplo do que pode fazer uma determinação exigente e bem orientada.
Conjugando a identificação do talento por uma inglesa, a afectividade da família portuguesa e a orientação técnica de uma treinadora espanhola, Obikwelu triunfou.
Deixou-nos mais contentes. Deixou-nos mais felizes, por ele, e pelo que ele representa, afinal. O (merecido) Olimpo dos excluídos.
Para ele, o nosso reconhecimento, lembrando uns versos de Manu Chao
Solo voy com mi pena
Mangadalpaca©
3 comentários:
Mais um regresso em forma, democraticamente repartido...
MANUEL Alegre afirmou, esta semana, em tom definitivo e com voz resoluta, ao entregar a sua moção ao Congresso do PS: «Esta candidatura já cumpriu o seu papel». Foi, involuntariamente, o melhor auto-retrato de um candidato partidariamente generoso mas politicamente inverosímil. E de uma candidatura que se destina mais a marcar uma posição e assegurar um espaço de sobrevivência e intervenção no partido do que a disputar verdadeiramente a liderança do PS. »
Este comentário não era para sair aqui,mas sim no post do compadre Esteves. Vou colocá-lo lá.
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