8.15 de Segunda-feira, 27. Saio de casa. A VCI está entupida. O acesso à A4 complica-se. Raio, saí tarde! Um café e um "croissant" à pressa na área de serviço da Águas Santas. Prego a fundo até ao ao fim da auto-estrada. Saída para a Régua, depois de Amarante. Padronelo. Um trânsito imenso e muitas curvas, com ultrapassagens no limite até ao Cavalinho. Agora é a descer até Mesão Frio. Azar. Camiões a granel. Calma! Tenho que estar em Lamego às 10 horas. Cigarros atrás de cigarros.Ultrapasso um carro. E outro. E camiões. Quase à entrada de Mesão Frio, na famosa curva de não sei quantos graus, um camião, que sobe, não vira. O tempo corre. Por fim, avanço. Mesão Frio. Já aqui não passo há para aí há 8 anos. Olho o relógio. Irra! Olho à direita. Um olhar rápido para uma das mais belas paisagens do mundo, o rio, o Douro vinhateiro, os socalcos. Rápido, porque até à Régua as curvas são mais do que muitas. Segunda, terceira, rotações elevadas, outra vez ultrapassagens arriscadas, no limite. Trânsito entupido junto à estação da Régua. Por onde se entra no IP3, que liga a Lamego? Um desvio transitório que me leva quase até Armamar. Finalmente a Scut! 180 km/hora naquela subida permanente até às imediações de Lamego, com uma saída demasido longe da cidade. Entrada da cidade. Fila à entrada de Lamego! Repito: fila à entrada de Lamego! Imagine-se...! O Tribunal. Aparato policial para o julgamento. Um polícia simpático que facilita o estacionamento. Entrada no Tribunal às 10 horas em ponto. No átrio, um "arraial". Algum tempo depois, a chamada. A espera. Perto das 11 horas, o funcionário leva-nos ao Juiz. Cerca de uma dezena de advogados. 16 arguidos e quase 120 testemunhas no átrio. Simpático, o Juiz explica-nos que o julgamento não pode começar porque tem de acabar outro julgamento de um arguido também preso. Ok, Sr. Juiz, depois de olharmos uns para os outros, todos idos do Porto, de Fafe, de... Amanhã é que é a sério. E explica o Sr. Juiz: às 9.45 é a chamada para começar o julgamento às 10. Está quem está, quem não está, não está. Sessões só de manhã, ainda que possam entrar pela hora do almoço. Porque, à tarde, o Sr. Juiz tem outras coisas para fazer. Ok, Sr. Juiz. E assim será também na Quarta e na Quinta. E nas demais 7 sessões já marcadas. Ok, Sr. Juiz. Até amanhã Sr. Juiz. Até amanhã, colegas.
Uma água para a viagem. Mais lenta no regresso, um itenerário diferente, agora já não por Amarante, mas por Baião. Passo por Soalhães, vejo a correr os meus pais e o meu irmão. Como dois biscoitos tirados directamente da linha de fabrico. Passo à margem do Marco. Porto. Almoço à pressa. Retomo a leitura do processo no escritório. Atendo telefonemas. Saio tarde. Janto à pressa. Olho a televisão de lado e decido escrever este post. Olho para o relógio. Começa a ser tarde. E tenho que tentar dormir. Amanhã tenho que estar em Lamego. No máximo, às 10 horas.
Bom dia para todos.
27 setembro 2004
Histórias de um viajante
Marcadores: carteiro (Coutinho Ribeiro)
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7 comentários:
Bom dia amigo Carteiro. Se safar de acidentes rodoviários e multas acho que já tem o dia ganho. Corações ao alto!
"Forre-se" de estoica paciência caro Carteiro. E veja lá se hoje não se atrasa, porque os atrasos da Justiça são sempre por culpa dos advogados, já sabe... ;-)
Fiquei cansada só de ler. Um conselho: sai mais cedo de casa. Poupas tempo e saúde. Bom julgamento (sem ironia).
Advogado sofre. Eu sei, se sei....
O que se passa com o agendamento dos actos judiciais é vergonhoso e goza do estatuto da impunidade absoluta. Tanto para advogados como para qualquer outro cidadão. A estória é comum ao pobre diabo que, julgando cumprir um dever cívico, não oculta a sua situação de testemunha. Não terá o Estado o dever de indemnizar?
Poucas queixinhas e agradeça o facto do Sr. Juiz ter explicado pessoalmente o adiamento e não ter mandado recados pelo oficial de Justiça.
E queixa-se de quê? Não viu o "Douro Vinhateiro"? Não conheceu um "polícia simpático"? Não comeu dois biscoitos de infância? Já viu as vantagens?
O Optimista
Ainda assim acho que devia ponderar a sugestão de Gastão. Sempre ia fazendo o tirocínio para o seu futuro de camionista Tir.
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