02 setembro 2004

O impecável juiz de círculo Gouveia

Eu não conheço o juiz Gouveia, mas gosto do juiz Gouveia. Num momento em que todos os juristas, os jornalistas, a opinião públicada e os cidadãos comuns convergiam para discutir ao pormenor os desenvolvimentos do processo Casa Pia, com todas as suas nuances - que seriam hilariantes se não fossem dramáticas -, o juíz Gouveia (que não conheço, mas de quem gosto), conseguiu, com um simples e mal amanhado artigo no Público, fazer divergir a conversa para um tema muito importante: o acesso ao Supremo Tribunal de Justiça, coisa que, conforme se tem visto, preocupa sobremaneira juízes e procuradores e muito pouco os portugueses.
De uma penada só, as alegadas incorrecções dos escritos da Tânia Laranjo e do AA Mesquita, a ignorância dos advogados (de alguns) passaram para lugar secundário. O importante, é mesmo o juíz Gouveia, juiz de círculos, que veio, desastradamente, dizer que os procuradores não devem chegar ao STJ.
Eu imagino que estas e outras questões que o juíz Gouveia não deixará de trazer à liça serão muito importantes para juízes e procuradores. Mas não são, seguramente, para os outros. Pela minha parte, não estou nada preocupado com o facto de os venerandos conselheiros serem da casta da magistratura judicial ou da do ministério público. O que eu quero, é que os venerenandos sejam sérios, imparciais e competentes. Não têm de ser deuses nem sequer semi-deuses. O que eu quero, é que os utentes da justiça, quando olham para os venerandos, vejam neles essas qualidades. O que me preocupa, é que os utentes da justiça sejam confrontados com as hilariantes (apesar de dramáticas) nuances a que vamos assistindo na novela da Casa Pia, que, infelizmente, parece ser percussora de outras novelas com as mesmas características.
Tudo isto é querer muito? Talvez. Mas ainda não perdi a esperança de ver os magistrados menos preocupados com a carreira e mais preocupados com a justiça.
E, agora, façam o favor de vergastarem!

2 comentários:

josé disse...

O senhor Gouveia volta, hoje no DN ( sem link disponível), a reincidir nas suas cruzadas. Já deve ser para aí a sexta, em meia dúzia de anos...

A dado passo escreve:
" Os problemas da nossa Justiça não se resolvem com mais magistrados. Resolvem-se sim com maiores ( sic)auxílio humano e material aos magistrados existentes, principalmente aos juízes ( sic), e com menos e melhores leis, sem receio das reacções naturais (!!!), mais ou menos corporativas, de advogados, agentes do MP, funcionários de justiça, polícias ou juízes."

A seguir, entra na discussão, citando o PR e sem mais argumentos, no problema do controlo jurisdicional dos despachos de arquivamento.

Tal e qual!

Anónimo disse...

Não divulga porque é só "letra", ou invejazinha, ou outra coisa menos digna, ou cortanço.....