O facto do Governo ter decretado um dia de luto nacional pela morte da irmã Lúcia, não o tendo feito com outras personalidades que faleceram recentemente como a ex-primeira-ministra Maria de Lourdes Pintasilgo, veio evidenciar a necessidade de haver regras mais claras para o efeito.
Como se pode ver aqui, os governos vão decretando o luto nacional com um critério demasiado lato e ao sabor da emoção ou das afinidades políticas e ideológicas, sem um padrão de referência consensual.
Entendo, por isso, que os governos e o Protocolo de Estado deveriam seguir regras claras e precisas no momento de decretar o luto nacional, impedindo a banalização deste instituto ao sabor de quaisquer favoritismos ou das emoções próprias da sociedade mediática em que vivemos.
15 fevereiro 2005
Luto nacional sem regras
Postado por jcp (José Carlos Pereira)
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2 comentários:
Pois é! Acho a sua comparação oportuníssima. Santana Lopes justificou, em termos comparativos, com o luto decretado pela morte de Amália Rodrigues...
Associaçãao República e LaicidadeComunicado de imprensa de 14/2/2005
Porquê luto nacional?A Associação República e Laicidade manifesta a sua estranheza e repúdio pela iniciativa do Primeiro Ministro, ratificada pelo Presidente da República, de decretar um dia de luto nacional pelo falecimento de Lúcia de Jesus.
O falecimento de personalidades que tenham servido a República em cargos elevados, ou que tenham prestado serviços públicos de grande mérito, pode e deve ser assinalado com um dia de luto nacional. Nesse sentido, estranhamos que não tenha sido decretada tal solenidade aquando dos falecimentos - ocorridos durante o mandato do actual Governo - da antiga Primeira Ministra Maria de Lurdes Pintasilgo ou do lutador antifascista Fernando Vale.
Lúcia de Jesus teve como único acto relevante da sua vida o papel que desempenhou nos acontecimentos de Fátima em 1917, que a tornaram mais tarde uma actora comprometida das encenações político-religiosas conducentes a legitimar o Estado Novo (deve-se-lhe a frase «Salazar é a pessoa por Ele escolhida para continuar a governar a nossa Pátria»), e foi portanto parte de uma operação político-religiosa que fracturou e ainda divide o país e a própria comunidade católica portuguesa.
Parece-nos portanto evidente que o luto nacional é, nesta ocasião, desapropriado e mesmo prejudicial à separação da política e da religião e à própria unidade nacional em torno dos valores democráticos.
Luis Mateus
(Presidente da Direcção)
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