22 março 2005

As autárquicas no Porto

As recentes sondagens vindas a lume, designadamente no “Expresso” e n’“O Comércio do Porto”, colocaram na ordem do dia a discussão sobre os melhores candidatos à autarquia portuense por parte dos principais partidos.
Da parte do PSD, parece incontornável o nome de Rui Rio, apesar de Luís Filipe Menezes surgir bem cotado na sondagem do “Expresso”. Rio reúne muitos apoios entre os sociais-democratas e só uma vitória de Menezes no congresso do PSD o poderia fazer desistir da recandidatura. Apesar das suas insuficiências e das “guerras” descabidas que foi abrindo com vários sectores, se Rio conseguir formar uma equipa forte será certamente um sério candidato à vitória. A teoria de que acabou com um certo regabofe nas contas municipais colhe apoios não despiciendos junto de muitos portuenses.
O PS depara-se com um cenário muito difícil para conquistar a Câmara do Porto. Nuno Cardoso apostava cegamente na sua indigitação e agora não vai facilitar a tarefa de quem for nomeado, como parece ser o caso de Francisco Assis. A cidade também não se entusiasma com Assis, nem o vê como um líder capaz de marcar o futuro da cidade. E não se vislumbram outros nomes da área do PS que se imponham como alternativas mais fortes e galvanizadoras. Uma coligação à esquerda, por sua vez, será difícil de aceitar e de explicar depois do PCP ter sustentado a actual maioria PSD/CDS, por troca com uns quantos pelouros e lugares. Perante isto, o que esperar?
Talvez devêssemos começar por discutir o que se espera de um presidente da Câmara do Porto. Queremos um líder capaz de projectar a cidade e a área metropolitana no contexto nacional e europeu ou contentamo-nos com um burocrata que trate das minudências do dia-a-dia? Os partidos já se fizeram essa pergunta? E os cidadãos que vivem e trabalham neste espaço geográfico não acham que deveriam influenciar essas escolhas partidárias? Debatamos então estas questões e não as deixemos exclusivamente nas mãos dos aparelhos.

4 comentários:

Primo de Amarante disse...

Defendo um método mais espedito para escolha do presidente da câmara. Chamar-lheía joker-a-presidente.
Consiste em duas etapas:
1º marcava-se a data para fazer rodar a roleta que atira o número do joker.
2ºo candidato que tivesse o número de contribuinte mais próximo do jokar seria o nono pres. da câmara.
É um método simples, económico e que poderia trazer mais vantagens à bolsa dos contribuintes do que confiar na escolha pelos munícipes. Isto se tivermos em conta que pelas sondagens o ganhador nas urnas seria Filipe Meneses.

M.C.R. disse...

O saldo de Rui Rio na CMPorto é xoxo, muito xoxo (será assim que se escreve?). Não votei Rui Rio mas também não votei Gomes: Aliás, abstive-me. Pensava, na altura, que Rio não seria má opção para o Porto. Foi-o. Foi-o, sem dúvidas, sem apelo e sem agravo. Andou metido numas guerras inúteis e bizantinas contra a futebolice e, mesmo aí, não teve a coragem de ir até ao fim. É dum assustador autismo bem visível nos descabelados ataques ao IPPAAR, feitos por ele e pelos seus homens de mão. Andou de mão dada com o comércio mais retrógrado e (meço as minhas palavras) mais rasca do Porto. Não o salva, nem salva a baixa da cidade. O imbroglio do metro é outra das suas tolices: um autarca tem de defender a qualidade de vida dos seus cidadãos e não andar a ver se tapa buracões orçamentais no Parque da Cidade vendendo a Avenida da Boavista. A história dos ralies e das corridinhas de automóvel antigo, novo ou assim assim é de um ridículo atroz. É mesmo uma "possidoneira".
Rio pode ser - não o duvido - "sério" (como diz Nicodemo a 300 km de distância) mas isso não chega para ser sequer sofrível como autarca. Claro que é melhor que o de Lisboa mas, que diabo, isso até um sapato velho e com buracos na sola o seria.
Rio não tem uma ideia para a cidade. A tal ponto que muitos dos seus mais íntimos colaboradores já andam à procura de um lugarzinho onde cairem depois das autárquicas.
Eu não sei se Assis é bom. Parece que cumpriu em Amarante, o que obviamente não chega dada a diferença de dimensão. É tão inteligente quanto Rio, o que não abona em seu favor. É seguramente mais culto, capítulo onde Rio não atinge sequer o medíocre menos dos velhos liceus.
Finalmente, neste baço, triste fim de mandato Rio parece tentar um golpe de rins: isto chamava-se, no tempo em que as pessoas não tinham medo das palavras, OPORTUNISMO.
O Porto não merece nem deixa de merecer seja o que for: nós cidadãos, residentes e votantes é que teremos de provar se merecemos isto ou um pouco de "mais azul um pouco de mais além" (Sá
Carneiro, o poeta morto em Paris e asmigo de Pessoa, ouviu dr Rio?)
mcr (adepto e sócio da velha, e viva, Associação Naval 1º de Maio, da Figueira da Foz: para que conste!)
Ai eu adoro blogues e discussões.

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Quem foi lendo o que aqui escrevi, já percebeu que a minha opinião sobre Rui Rio enquanto presidente da Câmara anda próxima da de MCR. Digo que é um sério candidato a ganhar as eleições porque não confundo a realidade com os (meus)desejos.
jcp (adepto e sócio do pouco vivo FCP!)

Primo de Amarante disse...

Faço minhas as palavras do RUI. Não me enganei, quando disse a Rui Rio que ía ganhar as eleições contra a opinião dos seus próprios correligionários. E penso que vai ganhá-las outra vez, se o PS apostar no que se diz que aposta. Quem faz opinião é uma classe média cansada de políticos cheios de lábia, mas ocos por dentro. O Rui Rio, mesmo com algumas asneiras que ultimamente cometeu, continua a ser o político contra a corrente e, por isso, ao gosto da maioria dos eleitores do Porto.