Debruçaria meu corpo na janela
a olhar o rio, o porto, o mar.
A foz que já não há.
E tudo seria um filme,
a cinematografia da angústia,
crescendo inexoravelmente
enquanto eu me despisse.
Todos os céus
e céu algum.
Silvia Chueire
09 março 2005
Da angústia
Marcadores: Poesia, Sílvia Chueire
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1 comentário:
"rio, porto e mar", diferentes inquietudes, soluços e amarguras de uma mesma angústia. Por que será que o mar nos puxa, quando estamos tristes?!...É sempre virado para o mar que o suicída se atira da ponte.
Será o mar guardador das mensagens que se esperam desesperadamente?!...Ao mar pertence o leviatã, esse monstro terrível! Mas também no mar se esperam ausentes e, por isso, o porto de mar testemunha ternuras e arrasta saudades. E o rio levou sempre as mágoas para o mar - assim diz o fado. talvez, por isso o porto seja o abrigo de angustias, o ombro para repousar as nossas tristezas. E o mar também é um lençol de linho que cobre a liberdade sem preconceitos. Gostava de ser poeta, mas só tenho insónias. Falta-me a imaginação tranquila de uma sensibilidade estética.
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