Ao 25 de Abril aconteceu-lhe um pouco o que aconteceu a Camões: a falar de Camões muitos tornaram-se ricos e poderosos, enquanto o poeta morreu abandonado e na miséria.
É certo que Portugal não é hoje o mesmo que foi antes do 25 de Abril e que a maior indignidade de todas já acabou: não vivemos amordaçados por uma ditadura. Mas isso não significa que, podendo falar e vivendo em democracia, os cidadãos possam fazer ouvir a sua voz e participar nas questões públicas. Hoje, só influencia politicamente quem tem poder económico e os que vivem do seu trabalho estão tão abandonados como está o espírito de Abril.
O sentimento de que em relação ao espírito de Abril temos uma distância incomensurável é bem patente no facto de a política actualmente se parecer cada vez mais com a rua mal afamada, onde as pessoas de bem já não ousam aventurar-se. Bem longe vai o tempo em que a política era feita de sacrifícios, de horas esquecidas em colar cartazes, propor ideias, travar debates, em que um deputado de Braga vivia numa roulotte no parque de Monsanto.
A "falar" de Abril muitos se vão tornando poderosos, enquanto que o espírito de Abril cada vez está mais pobre e longínquo.
23 abril 2005
25 de Abril, bem longe do 25 de Abril
Marcadores: Primo de Amarante (compadre Esteves-JBM)
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
...e muitos foram suave e nalguns casos estrategicamente virando à direita...dos comnhecidos que deslizaram do para maos à direita para o para mais à mais à esquerda, que eu saiba, o Freitas do Amaral...
E dos 3600 nomes de pides e bufos que a Maçonaria guardou,(quem sabe para fazer chantagens ?)ao longo de 31 anos - quantos não poderão ocupar agora lugares cimeiros?
Enviar um comentário