27 abril 2005

Farmácia de serviço nº10

Cura de emagrecimento

A viajeira Kamikase recomendou-me antes de zarpar para as Eslavónias, menos texto: “faça render o peixe”, dizia-me, tratando-me como um perdulário. Eu não sei fazer render o peixe, K, sento-me diante do iBook G4 e aí vai disto. Mas percebo a intenção e aqui estou a tentar um estilo mais telegráfico. E para já, para já, vamos até à Gulbenkian.
Então não é que a livraria perdeu a cabeça e faz uma feira do livro? Olhem manos, aproveitem que a veneranda instituição tem muito para oferecer. Por exemplo: a revista colóquio letras. Ora aqui vão uns quantos títulos IMPERDIVEIS: 117/8: Mário Sá Carneiro a 100 anos do seu nascimento; 119: Camilo a cem anos da sua morte; 123/4: Antero; 127/8: memoria de António Nobre; 142: literatura medieval; 149/150: Almada; 153/4: Garrett; 157/8: João Cabral de Melo Neto; 161/2 Fernando Assis Pacheco. Há mais, claro, por exemplo o belíssimo nº 159/160 ou os volumes dedicados a Aquilino (115/6), Machado de Assis (121/2) ou Irene Lisboa (131).
Corram, amigos que estas revista (cuja morte é cada vez mais anunciada) é de uma qualidade invejável.
Sempre nesta onda, passemos a fronteira e mergulhemos no inacreditável: A Espanha é o reino das grandes esplendorosas revistas. Telegraficamente citam-se, “Poesia”, "Espacio-Espaço Escrito", "Litoral", "La Rosa Cubica", "La Alegria de los Naufragios". Poderia citar mais vinte mas o respeitinho pela nossa K. é mais que muito. Só há um adjectivo para estas publicações: sumptuosas! Pelo grafismo, pela colaboração, pelos extra-textos!!!
Portanto: para os incursionistas de Lisboa e arredores, está feito. O resto do pessoal, chucha no dedo porque a Gulbenkian ainda não tem um catálogo on line. Todavia, para os que quiserem seguir o meu conselho há a possibilidade de encomendar via internet: vendas@gulbenkian.pt Quem é amigo, quem é?

Postscriptum
falar da Gulbenkian é, para mim, falar de um grande senhor: o Professor Doutor Férrer Correia, um fidalgo doublé dun clerc. A honra da universidade nos anos de chumbo.
Falar de revistas, é para mim, falar de um intelectual rebelde a tudo até ao partido em que militava: Joaquim Namorado. Com ele percebi quanta verdade havia no verso de Paul Éluard:
"A terra é azul como uma laranja!"
A receita é em memoria deles.

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