12 maio 2005

O NOSSO VERDADEIRO DÉFICE!

1. O caso que o Público de hoje refere como “… tráfico de influência num empreendorismo turístico de Benavente” trouxe, de novo, à ribalta o escândalo da apropriação de terrenos da Companhia das Lezírias, que era pertença do Estado. Como é do conhecimento público a IGF considerou o negócio ruinoso para o Estado, mas como, provavelmente, o negócio terá sido efectuado por desconhecidos, a IGF não terá responsabilizado ninguém. Na mesma linha de rumo, também ninguém do Estado pediu responsabilidades a quem quer que fosse. O resultado foi que o Estado terá ficado mais pobre, por contrapartida de alguém que terá ficado mais rico.

2. A propósito de “empreendorismo”, ainda o Público de hoje a mostrar como é que Portugal se afunda no ranking da competitividade. Ocupa a 45ª posição entre 60 países. Em 2001 estava na 32ª posição. Em cinco anos desceu 13 lugares. De tudo isto conclui que “Portugal tem um problema de liderança, tanto a nível político, como empresarial”. Completamente de acordo com esta afirmação! Faltam-nos bons gestores, em todos os sectores de actividade. Acresce a este défice, o respeitante à seriedade e à confiança nas instituições.

3. Ainda segundo o mesmo estudo, Portugal ocupa a penúltima (59.ª) posição “em termos de formação oferecida pelas empresas aos seus funcionários” e a 60ª no que respeita à cooperação tecnológica entre as empresas. Estes itens estão directamente correlacionados com o nosso empreendorismo, que, como a nossa tradição mostra, está mais vocacionado para as pseudo-cooperações com o Estado e para negócios do tipo da Companhia das Lezírias, do que para investir na qualificação dos seus trabalhadores e no desenvolvimento das empresas.

4 comentários:

Primo de Amarante disse...

Quando algum "notável" for condenado e, sobretudo, ficar na cadeia, digam-me! Abro uma garrafa de champanhe e dou um viva á República.
Não dignifica um estado de direito serem uns mais iguais do que outros. Os problemas fundamentais, os que prestigiam ou não as instituições, estão aqui!

Kamikaze (L.P.) disse...

Excelente e oportuníssima reflexão.
E já agora, por falar de empreendorismo, um apontamento pessoal:
Há uns 3 meses soube da abertura, numa Univ. privada, de um curso de especialização em (para simplificar)...empreendorismo. A coisa vinha-me mesmo a calhar, tanto mais que os destinatários eram, preferencialmente, pessoas não ligadas à área de econoia/gestão, que é o meu caso (aliás, bem, não era sequer necessário, para ser admitido ao curso, ser licenciado).
Confesso que, interessadíssima no curso, parti para a inscrição, contudo, com pouca fé: era a 3ª tentativa que fazia para me inscrever em cursos de especialização/pós graduação e os ditos tinham sempre acabado por não se realizar, por falta de quorum... Na mouche, que é como quem diz, não há duas sem três - nada de curso e a justificação foi precisamente aquela.
Constatei esta semana, pelo Expresso, que estão agora abertas inscrições para outro curso, exactamente do mesmo tipo, desta feita no ISCTE. Vou inscrever-me, agora na esperança de que não seja eu que "dou azar", nem que não haja neste país mais que dois ou três "maduros" (incluindo-me a mim) interessados no assunto, mas que os meus anteriores desaires se tenham antes ficado a dever a excesso de empreendorismo, de certas universidades privadas... é que já ouvi dizer que a "oferta" de diversificados cursos de especialização, pós graduação etc. também tem as suas vantagens para as ditas, mesmo que nunca se realizem, pelo que não são devidamente divulgados! Será??? Alguém me pode explicar?

Desculpem trazer o assunto, se não vem a propósito. A mim pareceu-me que sim, mas...

M.C.R. disse...

Essa da companhia das lezírias ultrapassa-me. O meu curso de direito já vai longe, e a prática do direito idem, aspas, aspas. Todavia suponho -mas isto é só um supor - que há-de ter havido um contrato de compra e venda, logo um comprador e um vendedor. Estas criaturas, pelo menos o vendedor que devia ser alguém dependente da companhia, logo também, indirectamente que fosse, do Estado, não existe(m)?
e se existem, não terão nome? Quanto mais não seja para vir nos jornais... então há sempre nomes nos mais secretíssimos processos e não há um miserável nome nisto tudo?
2 Kamikaze V. é duma ingenuidade confrangedora. Se continua assim fica ainda pior do que eu. E olhe que não é coisa fácil: até a minha mais que tudo me chama "ET".
então não sabe que a jogada nas privadas e, ao que parece, nas públicas idem, aspas outra vez, o truque é anunciar cursos, pos-graduções e tudo o resto? Eu não sei como é que a coisa funciona mas a verdade é que deve dar resultado. Depois mesmo que se bata com o nariz na porta, alguém já se governou, já conseguiu mais créditos para a universidade, já lavou mais uns morabitinos, já... ,paro aqui para não ser processado.
3 compadre Esteves, beba o seu "briol" enquanto é tempo e não fique á espera do milagre das rosas. Isto vai de tal maneira que qualquer dia nem os pobres são condenados.

Kamikaze (L.P.) disse...

Que eu saiba,na àrea que pretendo, só para lics. em economia/gestão, meu caro. Não é o caso.