17 maio 2005

Obrigado pelo convite

O Incursões está a fazer um ano. Um ano é muito tempo no mundo das palavras. Há os que se foram embora, como eu. Há os que ficaram, e aqui abstenho-me de exemplificar. E há os outros, os que foram chegando, e hoje são o sustento do Incursões. Deu-me para reler o que por aqui foi escrito. Fiquei surpreendido com a qualidade e com as premonições. Os desentendimentos, os equívocos e as inconveniências aparecem-me, agora, como irrelevâncias nessa obra comum. O Incursões foi tudo menos um espaço de consensos. Até na poesia. Sou dos que pensam que nestas coisas das palavras os consensos empobrecem. Hoje, sou apenas um leitor desatento. Talvez com o vício mas sem o ócio. Houve quem sonhasse o Incursões como um espaço de amizades. Foi e não foi. As amizades pertencem a outros espaços. A outros acasos e a outras idades. Não saí por desilusão nem por cansaço. E como não sou idiota, a verdade é que também não saí por estratégia. Na vida, há intimidades que não se dizem. Ficam em nós, numa esperança sem rosto. O Incursões tem as virtudes e os defeitos do bloco central. Divergem no discurso mas convergem no défice. Eu, que não leio romances nem escrevo cartas de amor, não poderia deixar de felicitar o Incursões. Espero que continuem, pelo menos até ao próximo aniversário.

17/5/05

til

5 comentários:

Primo de Amarante disse...

Suponho que foi Pascal que escreveu que o homem que sabe pensar, pensa a partir de dentro, do que lhe vai na alma. O Til um dia escreveu um pequenino texto, sobre o til que achei poético. Este seu "obrigado pelo convite" tem a mesma frescura, a fescura que transparece na poesia e é própria da excelência. Foi bom encontrarmo-nos (sem encontrões)nas coisas simples do incursões, como escrever DISPLICENTEMENTE, aplaudindo, discordando, propondo um poemma ou uma reflexão, citando, comentando, sempre ao correr do que brotava na memória, nos sentimentos, na razão que se abria a outras razões. Eu também não posso ir, mas desde já brindo à dialéctica do nosso "jornal de parede" e faço votos para que o seu aniversário seja a melhor retemperação para mais um ano de vida. Parabéns ao Compadre L.C. (que já não ouço hà seculos!) e um abraço de compadre para todos. Parece que já nos conhecemos de uma outra incarnação. Obrigados e VIVA O INCURSÕES!

Amélia disse...

Eu cheguei há pouco,pela mão de uma amiga.Ainda nãoe stou bem dentro do clima.Mas gosto de estar aqui.E espero permanecer - vamos a ver se até ao próximo aniversá-
rio.
Entretanto, saúdo todos nesta festa de um ano de vida.Parabéns!

Kamikaze (L.P.) disse...

Quinta-feira, Maio 20, 2004

O Til

O Til não é um acento mas uma sonoridade. Ninguém no mundo o usa com tanto rigor e contenção. É um orgulho pátrio. O Til adivinha-se no voo subTil de uma gaivota ou surpreende-nos numa onda difusa. Só quem vive junto a este Atlântico o pode compreender. Sem o Til, as palavras nunca seriam uma canção de embalar. Com o Til, a serenidade é uma discreta emoção. Chego a pensar que, de Til em Til, a eternidade é possível. Há sonhos assim: com tanto de sério e com tanto de infanTil.

posto por til | 20.5.04

1 Comentários:
compadre esteves diz...

Já dizia Aristóteles "as letras escritas são uma revelação dos sons da voz e estes uma amostragem das afeições da alma e das coisas".
O Til é mesmo isso. Parabéns.

20/5/04

Primo de Amarante disse...

Sempre atenta, Kamikaze. Obrigado por trazer o conteúdo da referência que fiz no comentário. E parabéns também para si, alma generosa do blog.

Silvia Chueire disse...

Agradeça por mim ao til, Kamikaze. Gostei muito de relê-lo.

Abraços,

Silvia