18 junho 2005

Acreditar ou não

Ando preocupado. Muito. Nas próximas semanas, vou decidir, de uma vez por todas, se acredito na justiça ou não. Houve um tempo em que eu dizia que no dia em que deixasse de acreditar, deixava de ser advogado e ponderava uma carreira nos camiões de longo curso. Atitude ingénua! O melhor mesmo, se deixar de acreditar na justiça é continuar a ser advogado e, definitivamente, esquecer que a justiça é um fim, continuar a ser advogado e começar a ganhar dinheiro.

Eu não sou um justiceiro. Se fosse, teria escolhido outra vida... talvez a de magistrado. Mas tenho um enorme sentido de justiça e um enorme respeito por todos aqueles que, cidadãos, lutam pela justiça. Por todos aqueles que, sendo apenas cidadãos, acreditam que é possível combater os corruptos e que gastam grande parte da sua vida a lutar por aquilo em que acreditam.

Diria o compadre esteves, se aqui estivesse, que esta é também uma das linhas que distingue a esquerda da direita. Diria mal. Em quesões de justiça, não há esquerda nem direita, sob pena de, não sendo assim, eu ser um perigoso esquerdista, porque tenho da justiça a ideia de que há os bons e os maus e também os mesclados, mescla que não tem a ver com a posição social nem com patamares de poder, mas, apenas, com passados, presentes e futuros, circunstâncias que vão para além daquilo que controlamos.

Estou no limiar da resistência. Eu. Eu que não quero mal a ninguém. Só peço a Deus que não me deixe caminhar por exercícios ainda mais românticos do que este, num retorno a finais da década de 80.

(Cifrado, eu sei, ou talvez não - há por aqui quem saiba do que falo. Mas não tem nada a ver com o postal anterior. Ou, então, talvez tudo tenha a ver com tudo)

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