Fernando Gomes foi indicado pelo accionista Estado para ocupar um lugar de administrador executivo da Galp. Gomes, recorde-se, é economista, foi gestor de empresas e ocupou a vice-presidência do Conselho Nacional do Plano, sendo actualmente deputado e professor convidado da Universidade Lusíada.
Fernando Gomes foi um excelente presidente da Câmara em Vila do Conde e no Porto – Rogério Gomes ainda ontem dizia n’”O Comércio do Porto” que ele tinha sido o melhor presidente no Porto de que era possível lembrar-se – foi deputado europeu, membro do Conselho de Estado, ministro e secretário de estado. Enquanto autarca, foi também vice-presidente do Comité das Regiões da UE e presidente da Junta Metropolitana e da Empresa Metro do Porto. Percebeu, como poucos, o alcance político de ser o presidente da segunda cidade do país.
Podemos sempre discutir a forma como o Estado faz as nomeações para as empresas suas participadas e o montante das respectivas remunerações, mas confesso que me incomodam as razões do coro de protestos perante a indicação de Gomes para a Galp. Não é um especialista em petróleos?! Como sabemos, Ferreira do Amaral, anterior presidente da empresa, era um expert no sector energético. E Cardoso e Cunha, ex-presidente da TAP, fez toda a carreira na aviação. João de Deus Pinheiro, então, era um especialista em media e telecomunicações antes de ir para administrador da PT e da Lusomundo Media! Não me recordo de ouvir grandes reparos a estas nomeações ou às respectivas remunerações.
Desconfio bem que os protestos de agora têm quase só a ver com o facto de Gomes ser do Porto e bairrista “carago!”. Ainda por cima é vice-presidente do FCP. É verdade que Gomes se pôs a jeito das críticas durante a sua última passagem pelo governo e que nunca soube tratar da sua imagem para poder ter uma “boa imprensa” em Lisboa, mas críticas destas, quando soarem e forem merecidas, devem ser iguais para todos, tanto no tom como no volume.
01 junho 2005
A nomeação de Fernando Gomes
Postado por jcp (José Carlos Pereira)
Marcadores: JCP (José Carlos Pereira)
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5 comentários:
Caro JCP, desta vez propendo mais para o Nicodemos... :)
Fernando Gomes era gestor de empresas, antes de se dedicar à política a tempo inteiro,
Gomes foi um exclente secretário de estado da habitação (ou algo semelhante.) Foi um razoavel presidente de Camara. Cometeu o erro crasso de ir para ministro de uma coisa esquisita que nem ele sabia bem o que era. Ou melhor: como aquilo era um molho de bróculos, Gomes em pouco tempo percebeu a alhada em que se tinha metido e voltou à base.
Todavia não compreendeu (2ºerro) como a cidade tinha mudado, foi um candidato á presidência da câmara displicente e arrogante. Pior: nessa corrida esmagou, mal, o seu sucessor, e o resultado viu-se: perdeu.
Eu próprio recusei votar nele. É verdade que não votei em ninguém mas aqueles malabarismos de pacotilha provocaram-me nauseas.
Consta que foi bom deputado europeu e não é mau gestor de empresas. Daí até ir para a GALP vai um passo muito grande e politicamente de enorme risco como se vê.
Nicodemos tem razão etica e politicamente. Engana-se porem quando parece acreditar que em Portugal as nomeações não trazem sempre o cunho "clientelar". Veja-se Horta e Costa ou o cavalheiro da PT.
Não sei a que F do Amaral Nicodemos se refere. O mais conhecido, o que foi ministro pode não ser medíocre mas não passa do sofrível. E mesmo como ministro não me impressionou. Não é um Cadilhe ou Alvaro Barreto para falar de dois que me não são afins mas que me parecem ter alguma qualidade técnica. O irmão é bem melhor.
Eu acho que o Gomes fez mal em aceitar e o governo fez pior em convidá-lo.
Neste nosso desgraçado país toda a gente se acha competente para todos os lugares. Estou á vontade para o dizer porque já recusei três não tanto, confesso, por me sentir impreparado (!!!) mas (honra me seja feita) porque achei que havia melhores candidatos a esses mesmos lugares. Indiquei-os, um foi nomeado. Os meus amigos mais chegados acharam que eu era um ET, que é uma maneira carinhosa de me chamarem parvo até dizer chega e, ainda por cima, doido. Adorei ser ET e prometo continuar (se ainda houver alguém tão tonto que me convide...)
De todo o modo, JCP, o seu argumentário não é nada mau, se é que V me permite esta condescendência que na realidade o não é. Eu é que a esta hora da noite não sei dizer a coisa de outra maneira.
Peço imensa desculpa. Não sou do PS - como é sabido -, tive problemas graves com F. Gomes quando era jornalista - desmentiu-me e eu não gostei, até porque estava gravado -, mas não posso concordar com quem o desvaloriza. Quem era Ferreira do Amaral antes de ser político? Eu, que nunca fui um fundamentalista dos que "só querem ver Lisboa a arder", nem achei piada às aproximações de Gomes ao Pinto da Costa, eu que tive oportunidade de dizer a Gomes - lembra-se Dr. Gomes? - num jantar de amigos em Santo Tirso que ele não devia ser recandidato à Câmara do Porto (depois da experiência falhada no Governo), não posso aceitar que se considere o homem incapaz de de ser administrador do que quer que seja. Não faltava mais nada! Gomes nem é de deitar fora...
Fernando Gomes, como esporádico gestor foi péssimo, como político na Câmara do Porto foi hábil, como ministro, um desastre. A sua nomeação é um murro na inteligência dos cidadãos.Faz doer o estômago, pronto.
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