05 junho 2005

Ordinarice à moda do Porto

Sexta feira, bem cedo, um par de criaturas não identificadas, com a prestimosa ajuda dum carro de bombeiros, colocou à entrada dos jardins do Palácio de Cristal uma faixa de pano que, em letras garrafais, reza o seguinte: Srª Ministra acabe com a sua birra! Deixe condluir o túnel de Ceuta.
No sábado, a cidadã portuense, e professora catedrática da Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Isabel Pires de Lima deslocou-se à "feira do livro" para homenagear Óscar Lopes. Leu esta pobre e descerebrada má criação, passou adiante e teve a elegância de não a comentar.
Os responsáveis da feira do livro tinham pedido, sem êxito, a retirada do pano miserável.
Os "serviços competentes" recusaram porque a infâmia em causa estava lá com autorização da Câmara Municipal do Porto.
Quem mandou, permitiu, sequer autorizou? Mistério!
Quem é que, a coberto deste torpe anonimato, envergonha a cidade, envergonha a cultura, causa embaraços à direcção da feira? Mistério!
O cidadão que esta nota subscreve, de seu nome Marcelo Correia Ribeiro, tapa o nariz com uma mão e acusa o Senhor Rui Rio, presidente da Câmara Municipal do Porto.
O combate político atingiu, com o túnel de Ceuta, profundidades inesperadas: é já uma fossa nauseabunda onde o desespero camarário se afunda. Não lhe basta perder nos tribunais, na opinião pública, no mais elementar bom senso. Agora recorre ao anonimato e à chalaça mais torpe para atingir uma mulher do Porto, de incontestável notoriedade como professora e cidadã que, num gesto de cortezia e lhaneza vem homenagear um dos mais importantes intelectuais portugueses, professor de gerações de estudantes de literatura e exemplo de civismo. Vem na qualidade de cidadã. Mas poderia vir na de Ministra da Cultura que muito bem lhe ficava.
Eu, já não espero nada da triste criatura que uma vez escreveu ao Sr. Preisente da República a fazer queixinha do "Público". Tinha-o, desde há muito, por absolutamente inculto, teimoso e arrogante. Pensava que, com a célebre passagem por um dos colégios privados mais "in" da cidade lhe tivessem inculcado algumas regras de educação. Baldada suposição! Não se peçam peras ao olmo, diz um ditado espanhol. Nem elegância e boas maneiras a quem, em pequenino não deram chá.
Sabem porque é que o Porto, dia a dia, se abastarda, empequenece e perde importância? Por ter gente desta à sua frente!
E disse. Já estou agoniado com tanta porcaria.

5 comentários:

Primo de Amarante disse...

Se há coisas que me desgostam (e muito!) é pensar que possam ser imitáveis os métodos do Avelino Ferreira Torres.

O meu olhar disse...

Não havia necessidade… é lamentável!

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Caro MCR, subscrevo por inteiro. Esse senhor acha-se o dono da cidade e trata-a como se fosse o seu quintal.

M.C.R. disse...

Meu caro Anto:
o que me incomoda é:
a) o anonimato da tarjeta
b) a grosseria evidente.

Quanto ao túnel: basta acabá-lo onde a lei permite e o contrato obriga. Aí o IPPAR não tem poderes para se opor. Nem se opõe...
Para haver duelo seia preciso haver igualdade. Ao caceteiro Rio falta-lhe chá e boas maneiras para já não falar de cultura.

jcp (José Carlos Pereira) disse...

Rui Rio, segundo "O Comércio do Porto" de hoje, procura o apoio de "figuras principais do Porto" para a sua causa no Túnel de Ceuta. Escreveu-lhes uma carta e pede-lhes que se manifestem. Já nem sei se hei-de rir ou chorar.
Caro MCR, prepare-se que ainda vai encontrar uma dessas cartas na sua caixa de correio!